Sempre que vou conferir um romance adolescente baseado em livros já fico esperando a mesma base, alguém que morra ou morreu, uma briga por motivo idiota, uma melação sem limite, e algo que o diretor/roteirista surpreenda (seja com um final inesperado ou algo que o filme não pareça ir para um rumo e vá), e com essa receita de bolo basicamente todos acabam dando certo. Ou seja, se você gosta desse estilo já vai certeiro conferir na Amazon Prime Video o lançamento da semana "A Química Que Há Entre Nós", que trabalhou bem o modus operandi do romance adolescente, de tentar entender um pouco a cabeça deles, e claro a perda em si, pois o filme não chega a forçar nem flui muito para além de um envolvimento bem trabalhado, ao ponto que acabamos entrando bem no clima do casal protagonista, temos vários elementos em aberto, e claro que o final acaba sendo bem trabalhado, pois envolve, funciona e só não é melhor por um único motivo: faltou emocionar um pouco mais, pois não sentimos aquela vontade nem de chorar, nem de ficar envolvido com o romance completo, ao ponto de que uma pitadinha a mais de açúcar, ou de dramaticidade daria o tom perfeito para tudo.
O longa nos conta que Henry Page, de 17 anos, nunca se apaixonou. Ele se considera um romântico, mas o tipo de amor que só uma vez na vida ele esperava ainda não aconteceu. Então, no primeiro dia do último ano, ele conhece a estudante transferida Grace Town e parece que tudo está prestes a mudar. Quando Grace e Henry são escolhidos para coeditar o jornal da escola, ele é imediatamente atraído pela misteriosa recém-chegada. Enquanto ele descobre o segredo de partir o coração que mudou a vida dela, ele se apaixona por ela - ou pelo menos pela pessoa que ele pensa que ela é.
Diria que o trabalho do diretor Richard Tanne foi impecável no sentido de representar bem uma obra literária de sucesso, pois a cadência das cenas nos faz sentir lendo quase algo com capítulos, mesmo que não exista as separações na trama, então vemos os acontecimentos marcantes quebrando tudo, cada ato sendo bem trabalhado solto dos demais, e que no macro acabam se completando, e isso não é algo ruim, mas sim uma coisa que os diretores/roteiristas estão aprendendo em adaptar os livros sendo fieis ao que os fãs dos livros querem, pois antes quando acabavam inventando muito, trabalhando a história de forma muito diferente só tomavam pancada, e agora seguindo a linha literária mesmo de grandes obras, o resultado acaba soando convincente e gostoso de ver. Claro que o que Tanne fez aqui com a obra de Kristal Sutherland não é algo brilhante, pois talvez um pouco mais de açúcar para dar o ar romântico, ou algum soco mais forte para dar uma dramaticidade maior, funcionaria bem mais, pois foi o que acabou faltando para o filme ficar perfeito, afinal o estilo pede que o público vá às lágrimas, e isso não acontece nem de felicidade, nem de tristeza aqui, ao ponto que vemos tudo acontecer, ficamos felizes pela essência, mas no fim queríamos um algo a mais, e ele não ocorre. Ou seja, ficou raspando a trave de envolver mais, mas não errou ao menos.
Já que o filme envolve química, então temos de falar claro da química entre os protagonistas, e posso dizer com certeza que teve uma boa sintonia de envolvimento entre Lili Reinhart e Austin Abrams, e que mesmo ambos já tendo seus 24 anos, passaram bem como adolescentes de 17, com ares simples, porém bem românticos como todo bom escritor deve ser. Austin trabalhou seu Henry com ares cultos de escritores experientes, com um estilo mais aberto, e soube dosar suas cenas para não parecer aqueles apaixonados bobos, mas sim tendo seu primeiro amor bem envolvido e com nuances bacanas de ver. Lili deu para sua Grace uma pegada intensa, já desesperada pela morte do namorado, com muitos traumas, fechada de fluxo e sabendo encontrar olhares além do plano para que sua personagem tivesse um algo a mais, e mandando bem, entregando muito gestual corporal acaba chamando muito para si e agrada demais. Quanto aos demais personagens, todos deram algum tom envolvente, tiveram suas participações, mas o filme basicamente é dos dois atores, tendo um ou outro ato mais chamativo para os amigos do garoto nas cenas de festa ou na escola, outros com os pais, mas sem dúvida vale ter um leve destaque para a transmissão dos pensamentos amorosos com um ar mais profissional médico-químico pela irmã do garoto, vivida por Sarah Jones, que teve dois atos mais dialogados bem trabalhados, e nada mais.
A base visual do filme se passa nas ruas da cidade por onde o casal caminha da escola até a casa da garota e de carro até a casa do garoto, numa carona meio que estranha de acontecer, mas que rola bastante, além de um cemitério, um local de homenagens, uma sala de jornal escolar, uma festa, e principalmente uma fábrica abandonada bem iluminada e bonita (até estranha de ser tão iluminada assim, se é algo abandonado!!), mas que funciona bem para o envolvimento da trama, e claro os quartos dos jovens que é onde os detalhes acabaram chamando atenção pela técnica de conserto de vasos do garoto, e pelas roupas que a jovem tem no quarto, ou seja, as duas cenas mais marcantes, que a equipe de arte acabou dando um bom show de elementos cênicos.
Como todo bom filme de romance tem uma boa trilha sonora, aqui não foi diferente, e para quem quiser curtir as canções depois de ver o longa, ou até mesmo num momento descontraído, recomendo e deixo aqui o link que acabou dando ritmo para todos os momentos, e chama bastante atenção por não ser cantores tão comuns de longas.
Enfim, é um filme bem gostoso de acompanhar, que não é daqueles que cansam de melações, que não faz você lavar a sala de casa chorando, e muito menos daqueles que irá te deprimir, ao ponto que acaba funcionando bastante e até poderiam ter colocado um pouco mais de tudo para ser perfeito, mas aí não seria o mesmo filme. E sendo assim, recomendo ele para todos, pois não é exageradamente adolescente, mesmo tratando de um tema adolescente, de forma que acaba valendo a conferida. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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