Geralmente filmes com crianças que não são infantilizados tendem a passar muitas mensagens para o público, e em vários exemplares conseguem ir além de simples histórias banais para ter algum brilhantismo técnico ou alguma sagacidade fora do comum, e com o longa da Amazon, "Tropa Zero", vemos um filme bem simples, com uma pegada levemente triste por todos os defeitos dos integrantes, mas que acabamos esquecendo de suas falhas para concentrar na garra e na atitude deles se mudarem para tentar um objetivo de uma garotinha que sonha em mandar sua voz para o espaço. Ou seja, a trama trabalha garra, trabalha amizade, trabalha defeitos versus virtudes, e ainda simboliza bem toda a ideia do escoteirismo, ao ponto de mostrar muito envolvimento, mesmo com um filme digamos diferente e casual, que com certeza muitos irão pular a indicação, mas que vale a conferida.
Na zona rural da Geórgia de 1977, uma garota desajustada sonha com a vida no espaço sideral. Quando uma competição nacional oferece a ela uma chance de realizar seu sonho, de ser registrado no Golden Record da NASA, ela recruta uma tropa improvisada de Escoteiras Birdie, forjando amizades que duram para toda a vida e além.
Diria que as diretoras Bert e Bertie em seu longa de estreia foram coerentes, simples e diretas, mostrando uma trama sem grandes atrativos, mas que consegue passar a mensagem do agrupamento de diferentes, dos deixados de lado, e que felizmente souberam mostrar sua diferença toda na competição, agradando não por ser algo brilhante, mas sim uma trama dinâmica de ideias, que acaba passando a mensagem de diferentes posturas, usando algo bem interessante e gostoso de ver. Claro que é notável toda a inexperiência das diretoras em fazer algo mais amplo, de forma que o filme acaba sendo daqueles bem alternativos e colocados como projetos independentes, ou seja, que muitos acharão estranhos pela essência, mas que acaba funcionando bastante, não sendo algo impressionante, mas que ao menos não erraram tanto na mão. Porém confesso que nas mãos de um diretor experiente e indie também, o filme seria daqueles de desabarmos de chorar.
Sobre as atuações, é fato que muitos irão assistir o longa por conta de Viola Davis, e a atriz até chama bem a atenção com sua Miss Rayleen, trabalhando a emoção e a intensidade de seus atos com serenidade, passando experiência de vida para as jovens, e se mostrando forte nos atos necessários, ao ponto que acaba agradando bastante. A jovem Mckenna Grace já é daquelas pequenas estrelas de Hollywood, ao ponto que já a vimos em tantos filmes que até simpatizamos com o que faz sem nem precisar de tanto esforço, e aqui sua Christmas passa doçura, passa emoção, mas principalmente consegue demonstrar esperança em algo que não imagina como, mas acredita que conseguirá, e mesmo com olhares tristes, ela passa alegria nos seus momentos. Jim Gaffigan entrega com personalidade seu Ramsey, sendo aquele tradicional pai apoiador, empolgador, e que mesmo nos momentos de maior dureza se doa para conseguir fazer o papel de pai, embora tenha sempre que deixar a garotinha para defender seus casos, mas o ator fez bem, e dominou a cena nos momentos que precisou. Alisson Janney entregou sua Miss Massey com muita desenvoltura, dando todas as nuances de vilã, mas com perspectivas diretas de emoção, fazendo com que sua personagem chamasse atenção mesmo tentando atrapalhar as garotinhas de conseguirem seus objetivos, mas ao final ainda teve charme e agradou também. Já tinha gostado da personalidade do garotinho Charlie Shotweel em "Eli", e aqui ele se doou tanto para a personalidade de seu Joseph, fazendo algo que até muitos atores se recusam, e ele foi muito bem, chamando toda a atenção para si, orquestrando atos fortes, e sendo um acerto perfeito para o papel, de forma a querermos ver mais ainda dele. Quanto das demais garotas, todas foram bem nos seus atos, mas foram mais simples, afinal a dinâmica toda se concentrava nos demais, mas sem perder estilo cada uma chamou atenção como pode e agradou bastante sem destaque para nenhuma.
Visualmente o longa é bem poético, misturando todo o ar caipira/rural, trabalhando bem toda a situação pobre da comunidade mostrada, usando elementos bem simples, casas rústicas e pobres, mas com tudo servindo para a imaginação das crianças, além claro do momento de sair da cidadezinha com o deslumbre das crianças por ver casas maiores, bonitas e tudo mais, ou seja, a equipe de arte valorizou cada elemento da trama para funcionar, até chegar no concurso de talentos com uma performance incrível de Major Tom de David Bowie, incluindo o garotinho com a maquiagem característica do cantor, ou seja, foram bem demais.
Enfim, é um filme simples e bonito de ver, que tem muitos pequenos defeitos, mas que em momento algum eles sobressaem e acabam apagando a síntese da trama, ou seja, vale a conferida com certeza, e que muitos certamente irão se emocionar com alguns atos, e que como uma crítica, talvez se essa emoção fosse ainda mais forte, o resultado seria outro. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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