sábado, 8 de agosto de 2020

Netflix - O Digno (The Worthy)

Olha, sei que já disse isso, mas sempre vale frisar, que a Netflix tem servido muito para que eu conhecesse produções de mais países, e hoje ver um longa pós-apocalíptico dos Emirados Árabes Unidos foi algo que nunca imaginei, e ainda mais que fosse bem bom tanto pela tensão quanto pela história em si, ou seja, "O Digno" (ou como irão achar na Netflix, "The Worthy") é daqueles filmes que tudo é bem valorizado, desde o ambiente repleto de coisas destruídas, da imponência de cada um dos personagens, que procuram representar algo, funcionando bastante do começo ao fim, e mesmo com efeitos meio que falsos demais o resultado não acaba falhando em momento algum. Ou melhor, há uma grandiosa falha em largarem aberto para uma possível continuação, mas de certa maneira tudo foi bem revelado ali, temos um fechamento bem explicado para a ideia completa, e o filme empolga e cria envolvimento, ou seja, funciona bastante, e vale ser conferido.

A sinopse nos conta que depois que a grande maioria do abastecimento de água do mundo é letalmente contaminada, um pequeno grupo de sobreviventes que se refugiou perto de uma fonte rara de água limpa é lançado em um jogo mortal de gato e rato, e deve defender suas vidas de infiltradores que não são o que eles parecem.

Chega a ser bem interessante o estilo que o diretor Ali F. Mostafa escolheu para desenvolver a história de Vikram Weet, pois com um grupo de produtores internacionais, o que não faltou foi dinheiro para montar um ambiente cênico bem imponente no meio de uma fábrica despedaçada, aonde tudo poderia acontecer, e ele soube orquestrar bem os ângulos para que os momentos acontecessem de repente, pegando muitas vezes o público no susto, mas principalmente dando vida para cada ato, ao ponto que vamos vendo cada detalhe, cada preparação, cada sofrimento, e até mesmo o grande jogo da sobrevivência acontecendo, de modo que o longa em alguns atos parte para o terror gore no estilo de "Jogos Mortais", mas a priori o que acaba chamando mais atenção é todo o suspense em cima de não saber o que o vilão realmente quer, qual sacada vai ser trabalhada, o motivo de tudo, apenas sabendo o básico. Ou seja, o diretor soube usar bem cada detalhe para valorizar bem o seu trabalho, não precisando apelar para nada, e deixando que tudo fluísse, mas claro que poderia ter melhorado um pouco o exagero dos efeitos de fogo, mas isso é um mero detalhe.

Sobre as atuações, o protagonista Mahmoud Al Atrash em seu primeiro filme até faz boas caras para seu Eissa, tem atitude e tudo mais, mas pareceu um pouco perdido no começo da trama, ao ponto que não se soltou muito, mas no contexto completo acerta bastante. Samer Ismail colocou seu Mussa de uma maneira imponente, que de cara pegamos suas intenções, e fez facetas fortes, trabalhou bem seus atos, e acabou acertando bastante em tudo com muito cinismo em alguns atos. Maisa Abd Elhadi entregou uma Gulbin meio estranha, falando bem pouco e fazendo olhares meio que jogados, mas resultou bem nas partes importantes da trama. Samer al Masri entregou um carismático e compreensivo Shuaib ao ponto de chamar bem a atitude para si, mas que não seguiu o que o vidente acabou lhe dizendo e sofreu as consequências, mas o ator foi bem demais no que fez. Quanto aos demais, todos tiveram as devidas importâncias, cada um meio que representando algum pilar na trama, outros mais, outros menos, mas todos muito bem, desde a garota Rakeen Saad com sua Maryam, passando pelos dois bravos soldados Daoud e Qais vividos por Mohammed Mostafa e Salah Hanoun até chegarmos em Jamal que Ali Suliman (o mais conhecido e experiente dos atores do filme) acabou fazendo de forma estranha e simbólica.

Visualmente o tom da trama foi incrível, pois arrumaram um galpão abandonado cheio de elementos bem didáticos de fim do mundo, a pouca água, tudo jogado e destruído, com armas rústicas, tudo muito sujo e travado ao ponto de funcionar bem cada elemento, e mostrar uma produção de primeira linha, que junto de uma fotografia seca e distópica resulta em algo bonito de ver mesmo sendo algo intenso de tons mortos e opacos.

Enfim, é um filme que vale muito a pena conferir, e torcer para quem sabe soltarem uma continuação logo, afinal filmado em 2016, já deveriam estar pensando no que aconteceu com o protagonista em sua jornada, mas como acho que não fez muito lucro mundo afora, talvez ficaremos apenas com o fechamento abstrato deixado aqui. Bem é isso pessoal, recomendo bastante a trama, pois surpreende bem, e funciona, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.

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