Mais uma vez resolvi dar chance ao cinema africano depois de falar que não veria mais nenhum, afinal os últimos filmes de Nollywood (Nigéria) e do Zimbábue que vi, tinham sido quase filmes de início da minha faculdade, então era melhor optar por outros países, mas eis que hoje vi que esse novo da Netflix, "Resgate" estava bem cotado, com o público dando boas notas, então dei play no longa de Moçambique, que ao menos é falado em um português meio diferente do nosso, mas que não precisamos de legenda em quase momento algum (só quando resolvem misturar com expressões em inglês - aí vem as legendas!), e até tem uma história mais trabalhada, uma produção mais criativa, e até movimentos de câmera bem interessantes de ver, com atores fazendo seus papeis de maneira profissional e tudo mais, porém é quase uma novela cheia de reviravoltas, aonde ficamos esperando algo a mais e não nos entregam, indo somente no fluxo. Ou seja, não chega a ser uma bomba como os demais, tem tudo bem feitinho, mas não convence, além de um final bem fora do esperado, o que é uma pena, pois a trama até tinha uma intenção boa, mas mostrou que o crime nunca compensa, e assim sendo quem quiser saber a história inteira sem precisar assistir, coloque nos créditos e ouça a música, que ela resume o filme inteirinho de forma cantada.
A sinopse é bem simples e nos conta que quando um jovem ex-presidiário em busca de redenção é surpreendido por uma execução bancária, ele é obrigado a conspirar contra um chefe criminoso implacável.
Em seu primeiro longa, Mickey Fonseca até entregou uma trama recheada de planos intensos e envolventes, afinal longas envolvendo sequestros costumam sempre ter bons ritmos e pegadas fortes, porém faltou pra ele ir direto ao ponto e criar algo mais de impacto, pois o filme acabou ficando em cima do muro de mostrar se o protagonista queria sair dessa vida e ficar com a família ou tentar ganhar um dinheiro para mudar de vida completamente, de forma que tudo vai se enrolando demais, com situações um pouco forçadas, e assim a trama não flui. Porém podemos dizer facilmente que ele tem técnica, conseguiu fazer um projeto com uma produção bem trabalhada, e principalmente soube dirigir os atores (na maioria iniciantes) com boas sacadas, com um trabalho bem profissional, e com isso seus personagens tiveram uma boa dinâmica para dar o clima do longa, ou seja, o problema foi mais do diretor em enrolar para desenvolver a trama e ficar mais alongada (talvez uns 20 minutos a menos funcionaria melhor!) do que de seu trabalho de direção de atores (que é o que mais andava me incomodando em longas africanos), mas quem sabe num próximo ele saia melhor.
Sobre as atuações, posso dizer que Gil Alexandre caiu muito bem no papel de Bruno, trabalhando as cenas com envolvimento, encarando as responsabilidades dos momentos, e fazendo bons olhares, ao ponto que só não conseguiu criar carisma para a bebê, que chorava demais com ele, mas de resto o ator dominou tudo, e fez muito bem suas cenas. Arlete Guillermina Bombe também entregou uma Mia imponente, com cenas fortes e trabalhando uma boa postura para o papel, agradando no que fez, mas sem ousar muito. Quanto aos demais, Laquino Fonseca se empolgou um pouco demais com seu Tony, se mexendo sem parar, cheio de trejeitos e por pouco não soou exagerado, mas como características do estilo são dessa forma, não ficou errado, já Tomas Bie ficou meio que estranho com seu Americo ao ponto de não encaixar muito bem, e quanto ao chefe vivido por Rachide Abul, fez o tradicional mandante, e chamou atenção ao menos.
Visualmente por ser uma obra independente e barata, a equipe fez um bom trabalho com locações simples para representar os diversos momentos da trama, exagerou um pouco nos tiros, e criou bons ambientes ao menos, mas nada que impressionasse no conteúdo completo da trama, pois poderiam ter caprichado um pouco mais nos cativeiros, e ambientado algumas cenas melhor, mas foi funcional ao menos.
Enfim, é um filme que talvez poderia ser mais empolgante, criado mais tensões, e talvez ter saído um pouco de cima do muro para ir mais além, mas não chega a ser uma gigantesca bomba, só não digo também que recomendo ele, pois faltou muito para chamar atenção. Sendo assim fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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