Se pararmos para analisar friamente o longa da Netflix, "Shimmer Lake" iremos ver uma trama bem simples, com uma história sem muito o que falar, básica demais, porém o diretor foi muito esperto de contar ela de trás para frente, aí todo o mistério que parecia meio que sem pé nem cabeça e bobinho demais acaba tendo todo um acerto interessantíssimo que acabamos adorando tudo. Ou seja, as vezes os fins justificam os meios, e as vezes só sabendo o final da história nem imaginamos como ela começou se não estávamos no mesmo local que ocorreu, ou seja, o filme acaba sendo genial por brincar com isso sem precisar de grandiosas cenas, sem gastar com um elenco imenso, apenas acertando na condução, e é o que ocorre, e quem gosta do estilo acabará bem feliz com tudo no final (ou seria no começo?).
A sinopse é bem direta e nos diz que desdobrado no tempo reverso, este thriller policial cômico sombrio segue um xerife local caçando três suspeitos de assalto a banco, um dos quais é seu irmão.
Nem dá para falar muito do que o roteirista Oren Uziel fez em sua primeira direção, pois qualquer deslize no texto acaba sendo um spoiler monstruoso e acaba com toda a graça da trama, mas acostumado com muitos textos com pegadas cômicas e misteriosas, ele apenas teve a sacada de ir voltando com sua história dia a dia da semana para que descobríssemos como tudo começou, e nessa simplicidade cênica, vemos que os atos de cada dia são bem malucos e intensos, ao ponto de funcionarem para aguçar nossa curiosidade do crime em si, e assim sendo o acerto é funcional e agrada bastante, e só por isso, pois se o filme fosse linearmente casual, seria daqueles que reclamaríamos da falta de uma história melhor, ou seja, a sacada é única, e o resultado também.
Sobre as interpretações, não vemos praticamente nenhum destaque entre os protagonistas, de forma que Stephanie Sigman faz uma Steph bem misteriosa, aparecendo todos os dias em algum tipo de nuance, fazendo a cena mais bizarra de tentativa de soco possível, mas vai bem no que faz. Benjamin Walker trouxe para seu Zeke cenas bem calmas, com uma personalidade intensa como xerife, fazendo todos os momentos serem bem explicados, com clara desenvoltura para tentar solucionar o caso. Seu parceiro Reed vivido por um Adam Pally bem cômico e cheio de sacadas, foi quase um enfeite cênico, apenas servindo para dar dinâmica no texto e nada mais, mas o ator faz bem seus momentos. Rainn Wilson trouxe algo meio que desesperado para seu Andy, ao ponto que não conseguimos captar muito sua essência, mas o ator foi bem em todas as cenas, e caiu bem no estilo que o filme precisava. Rob Corddry e Ron Livingston são usados apenas também como enfeite como policiais do FBI que apenas seguem os andamentos do caso, mas inúteis como algo além, fazendo piadinhas bobas e jogados demais. Mark Rendall entregou um Chris bobo demais, mas encaixado bem na personalidade que a trama pedia, ao ponto de até ficarmos com dó do personagem. Wyatt Russell acabou trabalhando seu Ed com impacto e fazendo ares bem de criminosos, ao ponto que vemos ele arquitetando tudo, vemos acontecendo e o ator se joga bastante, mas poderia ter tido um pouco mais de envolvimento, só que aí o filme precisaria ser maior. E finalizando o elenco principal ainda tivemos John Michael Higgins como o dono do banco que até tem cenas impactantes, mas o ator não se entregou como deveria, então poderia ter ido além.
Visualmente o longa também não tem nenhum chamariz, e certamente foi bem barato, com cenas mais fechadas, em ambientes pequenos, como as casas dos protagonistas (mas mostrando bem poucos ambientes), muitas cenas em carros, uma cena no motel, e a cena no banco, tendo pouco detalhamento, alguns atos com tiros, maquiagem de sangue e nada mais, ou seja, economia total, simplicidade, e funcionalidade, ao ponto que nada entrega a trama, e assim acerta muito.
Enfim, falei bem pouco, afinal como disse no começo, qualquer coisa que falar estraga a sagacidade da trama, e mesmo já sendo um filme mais antigo da Netflix, acabou sendo uma grata indicação da plataforma, então vale a conferida. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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