Alguns filmes conseguem entregar tanto mistério dentro do conteúdo que no final já nem sabemos se descobrimos o que queriam nos mostrar, ou se acabou ficando algo perdido que nunca saberemos, e isso não é algo que funcione como um elogio para dizer que o longa foi qualitativo, mas sim uma reclamação mesmo, pois mesmo as tramas mais abertas de alguns diretores acabam deixando mensagens, e aqui no segundo filme que conferi da 8 1/2 Festa do Cinema Italiano, "O Segredo de Nápoles", o resultado final acabou sendo daqueles que pareciam ter uma explicação boa, um envolvimento de arte misterioso, uma mulher envolvida em mortes e crimes, mas que ao final acaba ocorrendo algo tão bizarro e estranho, que confesso que não sei o que o diretor quis mostrar ali. Ou seja, vou analisar ele acreditando que o diretor não quisesse expressar sua real ideia, e que o fechamento foi aberto para diversas possibilidades, pois só assim para termos algum resultado satisfatório de algo estranho.
A sinopse nos conta que durante uma cerimônia oculta em uma casa velha, um jovem bonito seduz Adriana. Eles passam a noite juntos e marcam um encontro, mas o jovem não vem. No dia seguinte, Adriana descobre que seu amante foi morto. Os inspetores de polícia também relatam à chocada Adriana que o falecido a fotografou nua durante o sono. Querendo saber o que está acontecendo, Adriana decide conduzir sua investigação.
Diria que o diretor Ferzan Ozpetek quis deixar o público tão confuso quanto a protagonista com o que acabou mostrando em seu longa, pois não a sua trama ia indo bem pela dinâmica, estava fluindo o mistério, porém o fechamento acabou tão aberto, tão diferente do rumo que acabamos sem entender muito a proposta dele, e isso é algo que alguns até acharão bacana, enquanto outros acabarão perdidos, mas ao menos podemos dizer que a condução do diretor em fazer um longa com uma pegada barroca, colocando a cidade como algo misterioso também, abrindo elementos artísticos, e tudo mais funciona, pois acabamos conectados com os ambientes, vamos fluindo nas ideias da protagonista, de sua família e amigos estranhos, e assim sendo o resultado acaba sendo algo interessante de imergir, porém a abertura demais no final acabou fora de eixo, e assim sendo, ao menos na minha opinião, o resultado pode nos levar a pensar em algo mais próximo do significado de velada, e aí a loucura vai muito além, ou então a proposta é outra completamente diferente que precisarei pensar mais no caso.
Sobre as atuações, o tom que Giovanna Mezzogiorno adota para dua Adriana é daqueles bem apáticos, com uma desenvoltura bem melhor na cama do que nas interpretações dos textos, e assim sendo não nos conectamos tanto nela, mesmo que o mistério todo esteja sempre a rondando, ou seja, ela poderia ter tido um pouco mais de atitudes, marcando uma presença cênica maior, e aí o resultado talvez até agradasse mais. Alessandro Borghi fez um estilo bem misterioso com seus Andrea e Luca, trabalhando bem tanto nas cenas mais quentes, quanto nas cenas mais intensas envolvendo força expressiva, e assim sendo agrada bastante com o que faz. Biago Forestieri trabalhou com ares de dúvida com o seu Antônio, sempre colocando uma pitada de olhares apaixonados com ares mais sérios, e acaba chamando atenção pela dinâmica que faz com a protagonista, ao ponto que no final acabamos mudando todo o nosso pensamento para tentar entender sua conexão, mas isso é algo positivo ao menos pelo que acabou fazendo. Quanto aos demais, diria que todos foram bem abertos no conceito de mistério, cada um se destacando de uma forma, mas nenhum indo tão a fundo, valendo reparar claro em Anna Bonaiuto com sua Adele, e Peppe Barra com seu Pasquale.
Visualmente a proposta da trama é bem ousada, pois traz uma cidade misteriosa, com rituais artísticos diferentes, com locações cheias de pessoas diferentes, objetos cênicos incomuns, e claro todo o mistério na casa da protagonista, como um dos personagens diz (não com essas palavras): na sua casa dá para se esconder algo em qualquer lugar. E assim a trama flui bem com o que a equipe de arte quis mostrar, criando o estranhamento a todo momento, e claro cada um enxergará de uma forma, mas o trabalho foi intenso, ao ponto de colocar a cidade toda como um ambiente diferente, com um necrotério diferente, e tudo mais.
Enfim, é um filme que esperava mais pela sinopse e pela ideia toda, que começou muito bem, mas terminou mal demais, ao ponto que já disse algumas vezes aqui no site, que prefiro que um diretor peque dando a opinião dele do que quis mostrar do que deixe aberto para o público decidir, pois a minha opinião de como o filme terminou pode ser fraca demais dentro da ideia original dele, e assim sendo é um filme que não recomendo pelo fechamento em si. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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