Hoje após muita briga com as legendas do Looke, resolvi dar mais uma chance para outro filme da 8 1/2 Festa do Cinema Italiano, e quando começou o longa "Testemunha Invisível" vi que conhecia essa trama, daí pausei e fui ver algo mais sobre ele no IMDB antes de dar play novamente e não correr o risco de já ser algum que vi anteriormente, então eis a minha surpresa que era mais um longa baseado na história do filme espanhol, "Um Contratempo", e claro que voltei a conferir, afinal a história é muito boa, e o ator protagonista dessa versão também é dos que sabem fazer bem cinema. Porém se na versão indiana da mesma história, "Badla", inverteram os personagens principais, deram um tom mais intenso e apenas usaram como base a trama, aqui não, e vemos praticamente quase tudo igual ao original espanhol, ou seja, não tivemos nada de novo para nos surpreender ao ponto que parece até que estamos vendo o mesmo filme, só que com atores diferentes, então mesmo sendo uma boa história, quem já viu o espanhol é capaz de ficar meio irritado de saber tudo como vai rolar.
A sinopse nos conta que Adriano acorda em um quarto de hotel ao lado do cadáver de sua amante, Laura. Apesar de se declarar inocente, o homem é acusado de assassinato e escolhe Virginia Ferrara, uma das melhores advogadas criminais, para preparar a estratégia de defesa. Eles só têm duas horas para preparar o caso, desacreditar as principais testemunhas e encontrar as provas chave para confirmar a sua inocência. Entre a cruz e a espada, Adriano é forçado a contar toda a verdade à advogada. Nada é como parece e a mesma história pode ser contada através de perspectivas diferentes, dando forma e imagem a várias versões da verdade.
Sempre digo que a mesma história pode ser contada de diversas maneiras e ainda surpreender quando bem trabalhada, porém sou completamente contra repetirem a história exatamente da mesma forma, e aqui o diretor e roteirista Stefano Mordini apenas pegou o roteiro do longa espanhol e colocou novas cidades e novos atores, mantendo todo o restante da história e até mesmo dos diálogos, ao ponto que nada soa novo, e acabamos já sabendo exatamente o que vai acontecer em cada momento. Ou seja, é claro que o diretor espanhol Oriol Paulo é citado como detentor do roteiro, mas certamente poderiam ter ido bem além para que o filme ficasse com uma roupagem nova, ou colocassem algum novo elemento para surpreender, o que acabou não acontecendo, e assim sendo desanimando um pouco no final, mesmo sendo algo bem sacado que vale ser revisto.
Sobre as atuações, sabemos bem que Riccardo Scamarcio sempre entrega um bom estilo, e aqui seu Adriano é estiloso, temperamental, e passa bem como um protagonista misterioso e mentiroso, afinal esse é o estilo que o papel pedia, e ele conseguiu segurar muito bem seus momentos, e funcionar do começo ao fim, prendendo nas cenas mais intensas e abrangendo tudo o que o filme necessitava. Maria Paiato também conseguiu dominar sua Virginia, porém teve um erro fatídico em seu personagem, principalmente para quem já conhecia a trama, pois a maquiagem não foi tão bem trabalhada para disfarçar, e assim ficou algo quase igual ao Superman que só colocando os óculos que muda, e assim a atriz até dominou muito suas cenas com indagações imponentes, mas poderia ter ido muito além. Fabrizio Bentivoglio foi direto e certeiro com seu Tommaso, trabalhando sem abrir as situações, mas sempre bem colocado para que cada momento tivesse duas ideias como o longa pedia, e ele não oscilou, isso que é bacana de ver. Miriam Leone até teve bons momentos com sua Laura, principalmente na explicação final aonde precisou fazer melhores trejeitos, mas se manteve bem na maioria das cenas e assim agradou bastante. Quanto aos demais, foram simples e diretos, sem chamar muita atenção, mas funcionando bem.
Visualmente a trama não teve nada muito chamativo que mudasse algo que já vimos tanto na versão espanhola quanto na indiana, e com locações simples sem muito chamariz o resultado até agrada e funciona, mas certamente poderiam ter ido além em qualquer um dos pontos ou locações, ficando boa parte da trama dentro do apartamento do protagonista enquanto a história é contada, e claro nos diversos pontos da estrada aonde ocorre o acidente, um lago, um hotel chique bem isolado, alguns restaurantes, uma festa de gala, ou seja, tudo que já vimos nos outros 2 longas, só que ao invés de se passar na Espanha ou na Índia, agora se passa na Itália.
Enfim, volto a frisar que não é um filme ruim, pois quem não viu nenhum dos outros dois longas vai se surpreender com o ponto de virada e ficará bem chocado, porém quem já viu irá apenas assistir uma reprise falada em outra língua e curtirá também, ou seja, mesmo a Itália não sendo um EUA que não gosta de filmes legendados e replicam tudo em sua língua, aqui o que vimos foi exatamente isso, então se você ainda não viu "Um Contratempo" veja o original, pois a dinâmica é bem mais intensa, e se quiser uma versão inversa de personagens vá com o indiano "Badla", mas se quiser algo gratuito, ao menos até o dia 10/9, vá com esse que está no Looke, fazendo parte da Festa do Cinema Italiano. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
PS: A nota seria 8 por tudo que o filme vale, mas como é um plágio bem feito, vou descer para 6.
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