O longa relata a história verdadeira de Tim Jenkin e Stephen Lee, jovens sul-africanos que carregavam a marca de “terroristas” e foram presos em 1978 por trabalharem em operações secretas para o partido proibido de Nelson Mandela, o ANC. Estando encarcerados na Prisão de Segurança Máxima de Pretória, eles decidem enviar uma mensagem ao regime do Apartheid. Com planejamento detalhado e a produção de chaves de madeira projetadas para abrir 10 portas de aço, eles foram em busca de sua liberdade.
O diretor Francis Annan até teve uma boa propriedade cênica para adaptar e se envolver bem com o livro do verdadeiro Tim Jenkin, certamente captando bem a essência, a técnica do jovem para fazer suas chaves, e claro o terror noturno de poder ser capturado a cada momento, e dessa forma vemos uma história envolvente nesse quesito, porém faltou para ele captar também um pouco mais da essência da história em cima do Apartheid, pois foi um dos períodos mais horríveis da história do país, e merecia ter trabalhado um pouco mais de tudo que envolveu, tanto que nem vemos quase a mensagem passada pelos personagens, e isso foi algo ruim nesse quesito, mas como já disse e volto a frisar, em momento algum podemos dizer que é um filme de fuga ruim, pois o diretor soube criar cenas bem tensas ao ponto de ficarmos grudados torcendo com medo do carcereiro aparecer a qualquer segundo, nos desesperamos quando uma das chaves cai para fora da cela, e tudo mais. Ou seja, se tirasse do filme falando ser uma história baseada em algo real, que contivesse o tema do Apartheid e tudo mais, veríamos o filme vibrando, e o resultado seria perfeito, mas não era esse o objetivo, então, falharam bem.
Sobre as atuações, Daniel Radcliffe até caiu bem no papel de Tim, fazendo trejeitos fortes, tendo algumas síndromes fortes de intensidade noturna, e só faltou um pouco mais de liderança para ele, pois tecnicamente é o protagonista do filme, mas mesmo fazendo as chaves não se impôs suficientemente para chamar atenção para si, de modo que quase que o outro passa a se mostrar mais do que ele. E falando em chamar atenção, Daniel Webber é quase que um enfeite na produção, que se não fosse algumas cenas que o jovem ator sofreu um pouco mais, seu personagem seria daqueles que nem lembraríamos de ver na tela, pois seu Stephen é fraco demais. Mark Leonard Winter entregou um Leonard imponente cheio de força, e completamente desesperado pela fuga, entrando em qualquer plano que fosse bem condizente, e o ator foi muito bem de estilo, quase superando o protagonismo de Radcliffe, ou seja, foi esperto para chamar atenção suficiente. Ian Hart trouxe um personagem mais centrado com seu Denis Goldberg, ao ponto que ele sim tinha mais história sobre o Apartheid para ser contada, e dominou algumas cenas bem, usando do mesmo estilo de Mandela, que foi manter a calma na prisão, ou seja, suave, simples e inteligente, agradando bem em suas cenas. Quanto aos demais, a maioria apenas deu conexões, e mesmo os policiais não chamaram tanta atenção, tendo um ou outro destaque por conta das atitudes mais fortes como Nathan Page, mas certamente quem apareceu mais foi Maris J. Caune como um carcereiro bem gordo que fazia o turno da noite lentamente ao ponto que dava para os protagonistas testar todas as suas chaves.
Visualmente a trama até entregou uma cenografia bem encaixada, mas que tendo cenas mais fechadas nem precisou entregar uma prisão realmente, então temos várias celas fechadas por duas portas, vários portões, detalhes cênicos nas celas dos protagonistas para representar a família como fotos, livros da época, e claro muito material para madeira, aonde o protagonista fez suas chaves, e desde a oficina aonde foram pegando os materiais, até nas cenas no refeitório tudo foi bem simbólico e chamando bastante atenção, até chegar no andar debaixo com o armário de audiovisual com muitas quinquilharias aonde os protagonistas se escondiam para o segundo turno de corridas. Ou seja, tudo bem simples, mas feito na medida para representar tanto o ambiente, quanto as cenas de fuga, e claro, no começo a boa representação de época com carros, figurinos, além das bombas dos protagonistas.
Enfim, volto a frisar que como filme de fuga é tenso na medida certa e muito bom, porém como uma história real sobre a época do Apartheid ficou devendo muita coisa, e não chega a empolgar em nada do estilo, ou seja, se você quiser conferir um bom longa de fuga de prisão, vai curtir demais, agora se for procurando um drama histórico, a decepção vai ser imensa, sendo assim recomendo ele apenas como a primeira opção, mas que na média vai ficar pouca coisa acima de ser mediano. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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