Netflix - O Fascínio (Il Legame) (The Binding)

10/03/2020 12:32:00 AM |

Chega a ser até engraçado quando conferimos longas envolvendo maldições e ficamos pensando se já não tínhamos visto o longa em algum outro lugar, pois todos possuem praticamente a mesma essência e estilo que soam iguais em quase tudo, ou seja, está na hora do pessoal do gênero começar a dar uma inovada nos atos para pelo menos não precisar de espelhos, de maquiagens fortes e de velhinhas curandeiras para realizar rituais. Digo isso, pois o longa italiano da Netflix, "O Fascínio", até tem uma pegada interessante de vermos, algo meio que diferenciado (ao menos em questão de locações), mas que tudo acaba fluindo para os mesmos rumos tradicionais do estilo, que ficamos esperando acontecer algo que já até sabíamos, e acaba não decolando em momento algum. Ou seja, não chega a ser uma bomba imensa, de forma que quem gosta do estilo de terror com maldições até pode gostar do que vai ver, mas é algo que não empolga, não cria tensão, e mesmo nas cenas de sustos já sabemos quando é que vão tentar nos assustar, de modo que num cinema, com uma tela maior, e com tudo escuro, até pode ser que de um pouco de medo, mas na TV o resultado é fraco demais para ser lembrado mais para frente.

A sinopse é bem simples e nos conta que ao visitar a mãe de seu noivo no sul da Itália, uma mulher deve lutar contra uma maldição misteriosa e malévola com a intenção de reivindicar sua filha.

Aí você vai puxar as informações do filme, e pronto, você descobre rapidamente o problema do longa, que é um diretor estreante, e como já disse isso inúmeras vezes, terror não é um gênero que se acerta na primeira tentativa, tendo somente raras exceções, e aqui Domenico de Feudis não foi dessas exceções, pois em sua estreia ele usou artifícios casuais demais, que mesmo sendo bem feitos acabam não causando como poderia, de forma que seu filme fica preso demais, não entrega atitudes, e mesmo com boas desenvolturas por parte dos atores, acabamos não nos conectando com a história mostrada. Claro que ele soube escolher alguns elementos bem intensos, como picadas de aranhas, rituais imponentes, e até alguns atos com florestas e grutas, mas não explorou tudo como poderia, e o resultado acabou levemente frouxo.

Sobre as atuações, o filme vai se vender mais por Riccardo Scamarcio ser bem conhecido, mas seu Francesco aqui é quase um enfeite cênico, de modo que o ator não entrega nem trejeitos, nem nada, sendo daqueles personagens que estão na história apenas para interligar as coisas, e o resultado é que acabamos torcendo pra que o espírito/maldição o mate logo para pelo menos nos alegrar. Mia Maestro teve alguns atos exagerados com sua proteção materna forçada, de modo que vemos sua Emma fazendo caras e bocas para mostrar afeição e desespero com tudo o que está rolando com a filha, de modo que a atriz até se sai bem em alguns atos, mas acaba soando um pouco forçada nas atitudes. A jovem Giulia Patrignani fez boas expressões de possessão, se movimentou bem, e fez bons atos com sua Sofia, ao ponto que acabamos torcendo por seus momentos, e a jovem não desaponta. Mariella Lo Sardo trouxe para sua Teresa a tradição de velhinhas curandeiras, que fazem rituais e tudo mais, de modo que a atriz trabalhou trejeitos fortes e imponentes, chamando muito a responsabilidade em diversos atos, e que junto de Raffaella D'Avella, com sua Sabrina, entregaram cenas misteriosas bem intrigantes que merecia até um pouco mais de desenvolvimento, pois ambas chamaram muita atenção.

Visualmente a equipe escolheu bem uma locação diferenciada no meio de um campo de árvores milenares tombadas, com uma casa antiga cheia de barulhos estranhos, mofos e tudo mais que um bom longa de terror deve ter, e claro muita maquiagem estranha para tentar assustar e causar, de forma que vemos algo meio antigo, mas também dentro de uma proposta atual, apesar que não falam, mas por um convite de casamento que é mostrado, o longa se passa lá pelos finais dos anos 90, e souberam dar coerência para tudo, sem precisar engrandecer muito as coisas. Porém o diretor poderia ter usado mais alguns elementos cênicos que agradaria mais.

Enfim, é um filme que vai assustar quem costuma assustar com filmes de terror, que vai causar pela estética e pelo tema de maldições, que vai deixar desesperado pais pelo que ocorre com a menininha, mas que não atinge nenhum ponto alto, pois usa de todos os clichês possíveis, e falha em quase todos eles, ficando mediano demais, e que volto a frisar, talvez numa sala grande escura funcionasse mais, mas em casa a chance de alguns nem irem até o final é alto, aliás, mesmo com a definição inicial do que é a expressão fascínio, não consegui ver acontecer no longa, então isso também acaba sendo um problema. Sendo assim, não digo que recomendo ele, mas também não falo que é algo ruim demais de ver. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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