O estilo de dramas cômicos no México costuma fluir para rumos que geralmente nos surpreendem no final, indo por estilos diferentes que acabam causando e até envolvendo bastante, e sendo assim acabamos assistindo sempre esperando que o diretor inverta toda a situação que o longa está seguindo e o resultado acaba agradando bastante. Porém, o novo longa da Netflix, "Teste de Paternidade", acabou seguindo o vértice comum e entregando uma história casual até que bonitinha, com uma pegada boa em cima da ideia de que anda acontecendo com muitos jovens que têm preferido a vida profissional à vida familiar usual (casamento, filhos, netos, etc...), mas que na brincadeira do jovem desejar arrumar um bebê, o fluxo acaba ocasionando brigas e tudo mais. Ou seja, a sacada em si foi bem boa para desenvolver esse mote que os mais antigos têm tanto brigado que os casais atuais não andam querendo ter filhos, mas certamente a trama poderia ter ido além, criado mais vértices dos desafios de famílias e tudo mais, o que acaba não ocorrendo. Claro que temos vários pontos para se discutir com o que é mostrado, mas o filme finaliza de maneira tão simples e casual, que acabou parecendo mais um, o que não é comum nos longas mexicanos.
O longa nos conta que Alex, é um criativo publicitário com um casamento perfeito, que quer ser pai a todo custo, mas sua esposa, Ceci, é uma advogada está no auge de sua carreira e ser mãe não faz parte de seus planos. Certo dia, Ceci tem uma grande surpresa quando seu marido aparece em casa com um convidado especial: um bebê, criando grandes desafios para seu relacionamento.
Diria que o diretor Salvador Espinosa acabou usando a base do roteiro ao pé da letra, não querendo brincar muito com as possibilidades que tinha ao seu alcance, ao ponto que o filme é todo certinho, com as divisões de enquadramento, com as cenas acontecendo fluídas, e que mesmo sendo bastante clichê toda a formatação, acabamos atraídos pela essência que é passada, afinal somos o público alvo da trama: adultos de trinta anos que não pensam em ter filhos e que focam muito mais na carreira do que na criação de um lar. Ou seja, a sacada em cima do público é nítida, e talvez se o diretor se prendesse somente a isso, seu filme teria um encontro surpreendente e chamaria muita atenção por isso, porém ele se verteu facilmente ao romance casual para que seu filme terminasse bonitinho, e sabemos bem que não é assim que o mundo funciona (principalmente com as cenas finais na convenção da empresa!), de modo que tudo é bem dinâmico, as cenas foram diretas e divertidas (claro que sem fazer rir como poderia também), e assim sendo a trama flui e passa seu recado, mostrando que o diretor tem potencial, porém não quis usar para algo mais surpreendente.
Sobre as atuações, é fácil dizer que o carisma de Mauricio Ochmann é daqueles que qualquer um pediria qualquer coisa para seu Alex, ao ponto que o ator convence com simplicidade, passa confiança nos atos, se entrega como um bom colo para bebês, e principalmente tem química suficiente para se envolver com todos os demais personagens, ou seja, escolheram na medida certa o ator para que o filme ficasse carismático e bem dosado, ao ponto que talvez qualquer outro ator não chamasse tanta atenção. Esmeralda Pimentel trouxe para sua Ceci uma mulher moderna, cheia de virtudes e dinâmicas, ao ponto de se jogar bem em tudo o que faz, porém comete muitos exageros expressivos em quase todas suas cenas, o que é estranho de ver, além de não condizer para o cargo que almeja tanto, mas não chega a ser ruim de ver, afinal a trama também é cômica, então acaba funcionando. Juan Martín Jauregui trabalhou bem seu Rafa, fazendo as cenas mais cômicas junto com o protagonista, e dessa forma a conexão/dinâmica entre os dois foi bem trabalhada, e o ator soube ser coerente nos momentos mais toscos. Quanto os demais, a maioria serviu de base de conexão para a trama, tendo claro destaque para o bebê bem expressivo vivido por Matteo Giannini e Regina Reynoso com sua Alicia meio falsa de problemas, ao ponto que não ficamos bem convencido com o que é falado na sua volta, parecendo soar mais fake do que real.
Visualmente o longa tem estilo, afinal tanto o apartamento do casal, como a agência e o escritório que os protagonistas trabalham são modernos, cheios de elementos cênicos mais tecnológicos, com cores vibrantes e muita dinâmica para mostrar que são sim dessa nova geração mais atual de jovens, ao ponto que tudo soa amplo e bem novo. E mesmo na casa da jovem mãe, quanto na casa da mãe do protagonista, que tem um ar mais antiquado, tudo é simples e sem muitas amplitudes, o que acaba mostrando que a equipe de arte quis o filme mais limpo possível, e agradou com elementos clássicos mais formatados para o mundo atual.
Enfim, é um filme gostoso até de ver, simples de atitudes, e que brinca com uma ideia formatada, que muitos vão se ver no casal, outros vão achar apelativo, mas de modo geral o resultado soa empolgante e agrada com o que é mostrado. Claro que esperava algo mais inovador, e talvez até algo mais realista ao ponto de uma quebra final, mas aí a proposta seria outra. Sendo assim, até recomendo o filme, principalmente para aqueles que gostem de algo até quase novelesco, bobinho, com um misto de comédia dramática bem leve. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...