Diria que o diretor e roteirista Stéphane Demoustier trabalhou sua trama com uma desenvoltura bem direta e funcional, de forma que se baseando no filme argentino "Acusada", conseguiu manter a intensidade cênica do começo ao fim, e trouxe muitos elos interessantes para que o público pudesse tirar suas conclusões a cada momento da trama. Claro que o estilo de filmes de julgamentos é daqueles que não temos muitas aberturas para surpresas, e aqui o filme também foi bem seco nas situações, sem ter grandes pulos dos advogados de defesa e acusação, e até tendo uma promotoria fraca de estilo, mas a formatação escolhida funciona bem, e o resultado até chega a ser surpreendente no final. Porém uma coisa que o longa me fez foi ficar mais curioso para ver o original argentino do que o resultado realmente aqui, pois o cinismo da garota certamente lá será muito mais irreverente.
Quanto das atuações, diria que Melissa Guers até trabalhou bem sua Lise, fazendo olhares tensos, sabendo se portar perfeitamente fronte ao júri, e com ares até cínicos demais enfrentou bem a promotora com toda sua história, ao ponto que a jovem trouxe um ar bem forte, mas não evoluiu tanto no decorrer do julgamento, tendo claro sua cena mais marcante ao final, mas sem grandes atos. Chiara Mastroianni trouxe uma Céline pensativa demais, com dúvidas do que viu a filha fazer e falar, mas claro como toda mãe apoiando sua inocência, e os trejeitos da atriz são bem marcados chamando muita atenção, e merecia bem mais cenas do que acabou aparecendo. Já Roschdy Zem foi quase tão protagonista com seu Bruno quanto a jovem acusada, de modo que seus trejeitos imponentes, seus atos de desespero e destempero também mostram o que qualquer pai sente ao ver e ouvir tudo o que viu, e dessa forma o ator foi muito bem. Anaïs Demoustier soou levemente fraca como promotora geral do caso, ao ponto que seus ataques contra a ré foram quebrados muito facilmente, além da atriz não soar imponente como costuma ser alguém no papel, ou seja, não foi muito além, e isso pesou um pouco para a trama. Já Annie Mercier como advogada de Lise fez sua voz rouca chamar até mais atenção que as defesas que entregou, trabalhando tudo com boas atitudes, mas sem trazer algo a mais para a trama. E para fechar, Pascal Gabarine fez o tradicional juiz, que não impacta em nenhum caso, sendo arbitrário de atitudes, e se impondo tão pouco que nem vai muito além também.
Visualmente a trama também não foi muito além, e embora seja um filme cheio de situações tensas, basicamente o filme todo se prende no tribunal e nas casas da família, seja na praia ou na cidade, mostrando claro elementos do crime, um vídeo erótico da garota, um vídeo de uma festa, a foto da garota morta, mas tudo sem criar realmente a cena do crime para chamar atenção, ao ponto que o filme poderia ter ido muito além tanto na história, quanto no visual, e claro o fechamento com o nome do filme, que acaba sendo uma grata situação da arte também se impondo.
Enfim, é um bom filme, que segura bem as pontas do começo ao fim, mas sabemos que o gênero pede sempre um pouco a mais, e isso facilmente poderia ter deixado o público com maiores dúvidas, com insinuações mais fortes, e principalmente com uma tensão ainda maior, mas o resultado final ainda assim de uma maneira mais simples acaba sendo agradável e vale a indicação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos do Varilux, então abraços e até logo mais.
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