Diria que a ideia do filme "Apagar o Histórico" até é bem válida, por mostrar o mundo maluco dependente que temos por celulares, nuvens, inteligências artificiais e tudo mais que a tecnologia nós oferece, e também nos atrapalha, porém acaba soando tão forçado com tudo, exagerando em situações bobas e abstratas que acabamos mais desanimando do que ficando felizes com o resultado final, além de ser alongado demais. Ou seja, é daqueles que possuem uma proposta razoável, mas que não atinge o propósito, e precisa forçar o riso para não ser esquecido, e assim sendo, mais desanda que funciona.
A sinopse nos conta que em uma cidade do interior da França, três vizinhos são vítimas das novas tecnologias e das redes sociais. Há Marie, que sofre de chantagem com uma sextape, Bertrand, cuja filha é assediada no colégio, e Christine, uma motorista particular, irritada porque não consegue boas notas dos seus clientes. Juntos, eles decidem entrar em guerra contra os gigantes da Internet!
Os diretores e roteiristas Benoît Delépine e Gustave Kervern até tentaram ir além mostrando três situações bem fortes que andam ocorrendo, como assédio, bullying e gastos abusivos, além claro da necessidade de uma boa classificação para vender seus serviços, porém eles quiseram fazer algo exagerado demais, que não chegam a empolgar, nem chega a atingir algo, de forma que a todo momento ficamos esperando um algo a mais, mas como não chega lá, o resultado acaba não fluindo. Ou seja, até temos um bom roteiro, mas talvez uns 20 minutos a menos, e uma dinâmica mais divertida sem precisar forçar agradasse bem mais, além talvez de personagens e atores mais carismáticos para envolver melhor o público.
E já que comecei a falar das atuações, temos uma Blanche Gardin exagerada demais com sua Marie, de modo que acaba parecendo que não encontrou direito a personalidade de mulher que quando bebe se perde no que faz, e precisará de meios para apagar as encrencas que se meteu, ou seja, a personagem até tem algo a mais para mostrar, mas a atriz não foi além e resultou em algo bobo demais de ver. Denis Podalydès trabalhou seu Bertand de uma forma tão bagunçada que acabamos não entendendo o que ele quis mostrar, se é daqueles que caem em todos os golpes telefônicos possíveis ou se é bobo mesmo, ao ponto que soa estranho seus atos, além de ter cenas ruins e desnecessárias demais, como por exemplo a do burrinho, ou seja, falhou também. Corinne Masiero até tentou chamar atenção com a problematização de sua Christine, que depende de qualificações melhores para ganhar mais corridas no seu carro estilo Uber, e seus atos ajudando os amigos acaba encaixando bem, e sua dramaticidade funciona, mas como seu papel é semi secundário, o resultado não vai muito além. Quanto aos demais, são apenas encaixes, e nem vale destacar praticamente nenhum, pois todos apenas acabam entrando nos demais personagens e o resultado é uma bagunça completa.
No conceito visual a trama tem boas cenas, porém todas bem exageradas, com os protagonistas tentando hackers para apagar seus vídeos comprometedores, tendo algumas locações bem interessantes no meio do campo, na sede do Google, em empregos alternativos, bares e tudo mais, de modo que o melhor momento fica a cargo de um "Deus" da informática que minera bitcoins no meio de uma torre de energia eólica. Ou seja, a equipe de arte foi bem em tentar mostrar tudo que os diretores desejavam passar, mas não tinham como melhorar muita coisa no texto.
Enfim temos um filme forçado demais que até passa bem a mensagem, porém que não vai ser todos que irão curtir tudo, e mesmo tendo alguns momentos divertidos, o exagero acaba saindo dos limites, além de que poderia ter pelo menos uns 20 minutos a menos para agradar mais, mas como não rolou, nem sei se consigo recomendar ele para alguém, mas fazer o que, quem gostar de longas mais abstratos pode até tentar a sorte. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos.
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