A sinopse nos conta que Alice e Niklas são um jovem casal cujo maior desejo é ter um filho. Depois de várias tentativas frustradas, eles decidem ir de férias na Sardenha para clarear suas mentes. Lá eles conhecem uma família austríaca que parece ter tudo o que sempre desejaram. Mas as aparências podem enganar...
Diria que a diretora Ulrike Kofler trabalhou bem o lado sentimental da trama, e incrivelmente sem pesar nem o lado masculino ou feminino, deu abertura para todas discussões possíveis, e ainda envolveu pela história em si, ou seja, ela soube desenvolver cada momento, cada situação, cada problematização fazendo com que seu filme tivesse um conteúdo forte, e não ficasse enrolando com algo pronto. Claro que cada um verá o filme de uma forma, pois terão aqueles que já possuem filhos e vão pensar de uma maneira, terão aqueles que não querem ter filhos mesmo e verão de outra maneira, e claro aqueles que estão tentando sem conseguir como é o caso dos protagonistas, e que talvez até se identificarão com o que irão ver, ou seja, é um longa com muita amplitude, e que a diretora não quis se posicionar tanto, e que felizmente isso funcionou, pois poderia ser algo mais imponente, mas dessa maneira mais leve, pesando apenas nas discussões do casal e claro no momento mais forte e rápido próximo do fechamento que vai causar um pouco mais, o resultado agrada bastante.
Sobre as atuações, basicamente todos se doaram bastante para que seus papeis tivessem expressões fortes e marcantes, e cada um da sua maneira, com a personalidade direta que necessitava deram seus bons atos, começando claro por Lavinia Wilson com sua Alice determinada a ter um filho seu, sonhando com isso, e vivenciando um pouco ali com a garotinha vizinha, ao ponto que até sentimos bem seu drama pessoal, e torcemos por ela, mas também tem a dinâmica de pensar no outro, e aí é que entra todo o fio da meada da trama, e ela soube dominar muito bem também, emocionando e acertando a mão. Elyas M'Barek trouxe para seu Niklas vários sentimentos e emoções, de forma que em alguns atos até pensamos que ele não tem compreensão pelo sentimento de sua parceira, e que faz algumas atitudes de forma errada, mas se pararmos para pensar nele também um pouco, o resultado mostra que o ator foi muito bem no que fez. Quanto dos vizinhos, diria que os personagens foram intrometidos demais, de modo que de férias do jeito que acabaram se adentrando ao recinto deles foi algo exagerado demais, e os atores se entregaram bem com trejeitos de intromissão mesmo, ao ponto que Anna Unterberger fez bem sua Christl e Lukas Spisser seu Romed, mas sem dúvida alguma o foco ficou para as crianças Iva Höpperger com a graciosa e intrometida Denise e Fedor Teyml com o introspectivo e incompreendido adolescente David, que merecia um pouco mais de tempo discutindo sobre os pequenos, mas não vamos entrar em detalhes.
Visualmente as locações foram bem encontradas, trabalhando os apartamentos/casas na belíssima praia de Sardenha na Itália, com separações quase que nenhuma entre as casas para que tudo que ocorresse/falassem de um lado ouvisse no outro, ou seja, sem individualidade nenhuma, ao ponto que serviu um pouco para a influência da trama, mas basicamente a ideia toda ficou em cima do psicológico da protagonista, e claro todos os diálogos em cima disso, de modo que o filme poderia se passar em qualquer outro lugar, mas ao menos tudo foi bonito de ver.
Enfim, é um filme que tem um ritmo meio que lento, mas que funciona para a reflexão que quiseram passar, e pela essência total entregue, ao ponto que até a canção "Stay" numa versão mais lenta cantada por Cat Power fez todo sentido, e entrega bem o que o filme desejava. Ou seja, é um filme artístico, totalmente com cara de festival, que muitos acabarão nem gostando muito, mas que vale muito a conferida para discutir bem os temas colocados em pauta, e assim sendo recomendo ele com certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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