Netflix - Uma Invenção de Natal (Jingle Jangle: A Christmas Journey)

11/14/2020 01:34:00 AM |

A Netflix gosta muito de longas natalinos, isso já virou tanto uma tradição da plataforma de streaming quanto algo que os fãs do gênero já ficam esperando a época para se deleitar, porém agora com "Uma Invenção de Natal", eles entraram também para o famoso mundo dos musicais estilo Broadway com um filme original deles, e ainda nesse ano teremos mais outra obra do estilo já anunciada, ou seja, se preparem para ver muitos atores famosos cantando e dançando na sua TV, pois se der certo já sabemos que pode virar algo bem cotidiano. E ao menos por esse que vi hoje confesso que sabendo escolher bem os atores/cantores, o resultado tem tudo para funcionar, pois nos foi entregue além da magia natalina, um filme cheio de brilho, com uma produção com bons figurinos, muita tecnologia visual com contas sendo feitas no ar, animações computacionais e em stop-motion, além de músicas bem ritmadas cantadas e dançadas com muita vontade por todos do elenco, ou seja, uma obra completa. Claro que o trailer prometeu muito mais do que o que foi mostrado, mas ainda assim é algo bem bonito de ver e que vale a pena o tempo na frente da tela, ao menos para quem gosta de musicais.

O longa nos entrega uma aventura musical e um espetáculo visual, uma verdadeira celebração familiar natalina. Ambientado na cidade de Cobbleton, o filme acompanha o lendário fabricante de brinquedos Jeronicus Jangle, cujas engenhosas invenções deixam todos maravilhados. Mas quando um aprendiz rouba sua mais incrível criação, sua neta igualmente brilhante e criativa une forças com um brinquedo há muito esquecido para curar velhas feridas e despertar a magia.

Não conhecia o trabalho do diretor e roteirista David E. Talbert, mas pela sua filmografia dá para ver que é um amante do Natal, e aqui ele entregou incrivelmente uma história musical completa do zero, ou seja, vindo da sua mente, sem ser uma criação da Broadway adaptada, e que certamente irá para os palcos depois, pois tem uma grandiosa essência, tem bons momentos, muita dança e claro ótimas canções compostas por Philip Lawrence, Davy Nathan e John Legend, que cantadas com muita imponência por todos os atores/cantores durante o filme, e nos créditos por Usher e Kiana Léde, resultaram em algo bem bonito de ver, cheio de grandiosas mensagens, e principalmente com uma desenvoltura que acaba empolgando e emocionando visualmente. Porém diria que a emoção passada no trailer criou uma expectativa levemente maior, ao menos para mim, e fiquei esperando um algo a mais para me encantar, não que não seja algo bonito e encantador, mas parecia ser mais explosiva, e a introspecção do protagonista acabou pesando um pouco demais, ou seja, poderiam ter ido mais além com algo menos dramático.

Sobre as atuações, embora seja algo bem rápido, o primeiro ato contou com atores com uma desenvoltura mais viva e bacana de acompanhar, de modo que Justin Cornwell, Sharon Rose, Miles Barrow e Diana Babnicova entregaram algo dinâmico e bem colocado que junto com uma música mais viva acabou abrindo bem a trama para logo na sequência virem os reais principais da trama, ou seja, talvez um pouco mais deles daria um gás extra para o longa, mas fizeram bem, e serão lembrados por isso. Logo em seguida claro chega Forest Whitaker que todos sabemos de suas qualidades expressivas, e aqui como um Jeronicus bem desanimado com a vida, sem aquela força de querer fazer seus brinquedos, acaba entregando algo sem muita magia, mas como faz parte da história esse envolvimento negativo, o ator acabou se doando bem e agradando bastante com a proposta, cantando bem, dançando, brincando e chamando atenção no que faz. Agora sem dúvida o destaque do segundo ato ficou a cargo da estreante Madalen Mills, que deu para sua Journey uma personalidade gostosa, um tom de voz incrível, e trabalhando bem suas dinâmicas acaba fazendo com que torçamos para ela, acertando o ritmo adequado, e fazendo principalmente que os demais a seguissem, envolvendo bem e chamando a responsabilidade para si em diversos momentos, tanto que merecia até mais cenas. Da mesma forma, acabaram usando Anika Noni Rose somente nas últimas cenas com sua Jessica, e a atriz com um vozeirão tremendo ficando quase sem importância na trama, ou seja, merecia muito mais, e certamente a história juntamente com a cantoria iria muito além, mas são opções, então não podemos fazer nada. Keegan-Michael Key trouxe para seu Gustafson um bom ritmo musical e corporal nas danças, trabalhou alguns olhares de maldade, e com figurinos exageradamente coloridos acabou chamando a atenção visual, mas certamente poderia ter ido mais além no nível expressivo para agradar mais ainda. Agora não vemos o cantor Ricky Martin aparecendo em sua personalidade tradicional, mas deu um tom de voz e imponência tão perfeito para o boneco Don Juan Diego que acaba nos divertindo demais, mesmo que ele seja praticamente o verdadeiro vilão da trama, ou seja, caiu muito bem em tudo o que fez. Quanto aos demais, tiveram participações bem menores, ao ponto que quase esquecemos deles, mas Lisa Davina Phillip deu uma boa personalidade para sua Ms. Johnston, Hugh Bonneville fez bons trejeitos com seu Mr. Delacroix, e claro Phylicia Rashad trouxe para sua vó a tradição de pessoas lendo livros que contém a história toda, que de cara já matamos quem é a protagonista.

Visualmente a trama tem muitas cores, figurinos imponentes, uma pequena cidadezinha bem charmosa, e claro muitos elementos cênicos que acabam funcionando tanto para as danças coreografadas, quanto para contar a história toda, de modo que o filme acaba não cansando, e agrada bastante com tudo, além claro de bons efeitos especiais para as cenas de voo (embora fique bem claro que os atores estavam morrendo de medo de ficar pendurados por cabos!), e mais do que tudo, o acerto para os atos de contar a história usando a técnica de stop-motion com bonecos não tão bem acabados, parecendo esculpidos em madeira foi algo brilhante e lindo de ver, ou seja, a equipe de arte deu show.

Como todo bom filme musical, as canções encaixaram muito bem em todos os atos, e claro são usadas para contar a história, entrando até no lugar das falas, então até deixo aqui o link com todas, mas tirando a versão do Usher da canção principal, as demais ficam meio destoadas de ouvir sem ver o filme, então fica a dica.

Enfim, é um filme com um conceito e uma história mágica, mas que acabou não usando tanto a magia natalina que poderia melhorar ainda mais a trama, ou seja, é daqueles bem gostosos de ver, mas que somente quem gosta muito de musicais acabará entrando completamente no clima, ao ponto que certamente acabaremos ouvindo muitas reclamações em alguns sites de críticas (afinal a maioria odeia musicais!), e que poderiam ter ido mais além em tudo, afinal o trailer é uma delícia, e o longa acabou um pouco cabisbaixo demais na maior parte, que mesmo não sendo algo ruim, muitos irão reclamar do tempo, das canções, e por aí vai. Ou seja, recomendo ele para todos que gostam de bons musicais, mas não vá esperando ver algo brilhante na tela, que infelizmente não é. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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