Se tem uma coisa que costumo reclamar e quem me acompanha sabe bem é a pessoa querer fazer todas as funções possíveis e imaginárias, pois em 90% dos casos dá errado, e aqui a diretora, roteirista e protagonista Valérie Donzelli até foi bem com sua personagem, porém bagunçou demais no roteiro e na direção, ao ponto que qualquer outro diretor teria eliminado uns 30-40% da trama, e reescrito pelo menos uns 20% das situações para que o filme ficasse preso dentro da história da reforma, do julgamento do processo de construção e até talvez trabalharia alguma coisa inusitada do romance com o jornalista, mas só, tirando todo o restante desnecessário e bagunçado demais, ao ponto que ficaria um filme direto, divertido e bem trabalhado. Ou seja, vemos um resultado tão absurdo que ela fez, que até esquecemos quase da bagunça do projeto de reforma, e isso é triste demais, pois daria muito mais conversa, o julgamento poderia ser uma bagunça maior e funcionaria, mas o restante colocado não coube de forma alguma na trama, mostrando algo que ela tentou forçar para fazer rir, e acabou soando mais bizarro do que engraçado, e assim sendo desandou e desanimou demais.
Sobre as atuações, diria que ao menos aqui a diretora Valérie Donzelli acertou a mão, fazendo com que sua Maud tivesse uma boa dinâmica, olhares confusos e desesperados com tudo, e principalmente uma boa sintonia com todos os personagens, ao ponto que dosou todas as loucuras, e os acertos caíram bem na sua interpretação. Pierre Deladonchamps até teve alguns bons momentos com seu Bacchus, trabalhando bem as emoções mostrando uma paixão aguda pela protagonista, e claro um bom destaque na cena do julgamento, mas foi mal aproveitado, pois poderia ter ido além em muitas cenas como jornalista, mas ficou apenas atrás das câmeras quase sendo um enfeite ali. Thomas Scimeca acabou sendo abusivo e exagerado demais com seu Martial, ao ponto que chega até incomodar suas cenas bobas, mas foi uma opção do filme, eu teria eliminado ele logo na primeira cena, e pronto partiu para a próxima. Quanto aos demais, ainda tivemos boas cenas com Bouli Lanners com seu Didier cheio de vontade de ajudar, mas que acabou sendo usado num subromance desnecessário para a trama, e Virginie Ledoyen acabou caindo de paraquedas com sua Coco, sendo a tia que acaba cuidando das crianças e também acabou sendo jogada no romance desnecessário com Didier, ou seja, personagens extras usados para enfeitar a trama.
Visualmente a trama teve bons momentos na prefeitura de Paris e na frente da catedral de Notre Dame, alguns atos bobos no apartamento da protagonista (aliás o momento do aluguel de quartos e venda de gnochi foi algo para apagar da mente de tão bizarro, embora bem produzido pela equipe de arte), várias cenas de desenvolvimento dentro de uma agência, que também não vai muito além, mesmo com quase todo o projeto rolando ali dentro, e claro várias cenas dentro de um tribunal e na sala bem bagunçada de uma advogada, que até aparentava fluir para algum rumo, mas não chegou muito longe, ou seja, deram uma trabalheira imensa para a equipe de arte, mas tirando o lance da maquete voando, o restante das cenografias foi algo bem inútil.
Enfim, é daqueles filmes que de tão bagunçados até acabam fazendo rir, e como digo, o resultado forçado até tenta algo a mais com o espectador que gosta de filmes non-sense, mas com toda sinceridade não tenho como recomendar o longa para ninguém por todas as falhas possíveis e imaginárias colocadas no segundo e terceiro atos da trama, pois se seguisse mesmo com muitas bobagens a ideia do primeiro, o resultado seria ainda estranho, mas bom de conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos do Festival Varilux, então abraços e até logo mais.
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