terça-feira, 17 de novembro de 2020

O 3° Andar - Terror na Rua Malasaña (Malasaña 32) (32 Malasana Street)

Gosto do terror que assusta, mas quer me irritar coloque um terror de gritos e barulhos altos, aí é desandar do começo ao fim, e só tendo uma história impressionante para deixar esse Coelho satisfeito com o que é mostrado. E infelizmente "O 3º Andar - Terror na Rua Malasaña" tentou colocar uma ideia de fechamento tão absurda e boba que desandou ainda mais com tudo, ao ponto de que o filme até assusta em alguns momentos, tem umas cenas intensas que dão uns arrepios bacanas, mas resolveram fechar com uma ideia tão absurda de uma família que isolou um filho, que nem que o espírito ali fosse revoltadíssimo ficaria na casa querendo algo, pois não tem lógica nem sintonia. Ou seja, é um filme de terror tradicional, que assusta na base do grito, que quem gosta da pegada até vai curtir, mas ignore a história, pois é revoltante a ideia toda.

A sinopse nos conta que Manolo e Candela se estabelecem no bairro Malasaña, em Madri, com seus três filhos e o avô Fermín. Eles deixam sua cidade natal para trás em busca da prosperidade que parece ser oferecida na capital de um país em plena transição. Mas há algo que a família Olmedo não sabe: no apartamento do 3º andar em que os integrantes vão morar, eles não estão sozinhos...

O diretor Albert Pintó até trabalhou bem o gênero de terror barulhento, aonde tudo faz barulhos para assustar, rangidos, aparecimentos repentinos, coisas quebrando e tudo mais, porém ele esqueceu que para um bom filme do estilo funcionar precisa que uma boa história convença o espectador, e a síntese contada no final sobre um jovem trans (na época nem se falava nisso) que desejava ter um filho, e o pai lhe trancava na casa e no relógio e que acabou morrendo sozinho ali é algo bizarro de se pensar e mais ainda de imaginar que alguém ficaria ali sozinho num casarão sem fugir, ou seja, sem nexo algum, e mais ainda que virou espírito da casa em busca de crianças das famílias, ou seja, praticamente não tinham o que inventar, e fizeram toda essa bizarrice para justificar. Porém tirando esse detalhe, quem gosta do estilo vai dar bons pulos, arrepios e sustos com o que é mostrado, pois o diretor abusou disso o tempo todo, então se imaginarmos que o longa não tem história nenhuma, e é apenas um espírito do mal que está ali atrás de crianças, o resultado ao menos funciona, pois ele fez bem os atos escuros, toda as loucuras cênicas do gênero, e por aí vai, sendo acertado de funcionalidades aterrorizadoras.

Sobre as atuações é fácil dizer que o elenco é fraquíssimo, ao ponto que todos até tentaram entregar alguns olhares apavorados no momento mais tenso da trama, mas na maioria dos momentos pareciam estar executando tudo como se nada tivesse acontecendo, de modo que Begoña Vargas até tentou trabalhar sua Amparo de uma maneira coerente, mas não pareceu acreditar em nada ali, e mesmo nos seus atos de desespero ela parecia estar gritando e rindo ao mesmo tempo, ou seja, fraca demais. O jovem Iván Renedo até trouxe um certo olhar temeroso para seu Rafael, de modo que logo depois que é reencontrado vemos seu medo estampado em muitas cenas, mas depois meio que desliga novamente, falhando no estilo. Sergio Castellanos merecia um pouco mais de desenvolvimento com seu Pepe, de modo que sua cena no porão parecia resultar em frutos, mas depois quase que esquecemos dela, e o personagem nem vai muito além, ou seja, esqueceram dele também. O avô vivido por José Luis de Madariaga teve cenas tensas interessantes de olhares vagos, mas fluiu pouco para tudo o que ocorre na trama, de modo que acabou quase mais sendo um objeto cênico da trama, do que realmente um bom personagem. Os pais vividos por Iván Marcos e Bea Segura pareciam ter uma história intensa para ser desenvolvida quando descobrimos seu caso de briga familiar, mas no restante apenas serviram de conexões para a trama toda, não fluindo em quase nada, mas assustando bem no momento forte do longa. Agora diria que Javier Botet como o tradicional monstro que faz em todos os filmes de terror, e Maria Ballesteros como Lola se entregaram bem nos movimentos corporais, mas foram pouco usados, ao ponto que Botet já virou praxe se contorcer todo, mas poderiam ter trabalhado um pouco mais ela.

Visualmente o apartamento é daqueles que vemos nos filmes de terror e ficamos seriamente pensando em que loucos morariam realmente num lugar desses pagando, ao ponto que o corretor tem de ser muito bom para vender um treco abandonado e com cara de ser assombrado logo que passa pela porta, e sendo assim, a equipe de arte mostrou muita poeira, objetos cênicos macabros e até uma história bem tensa na TV, de modo que ambientaram bem tudo, e o resultado ao menos chama a atenção por muita bagunça, locais escuros, um conceito de época interessante, e um funcionamento preciso ao menos nesse quesito.

Enfim, é um filme que quem gosta do estilo sustos gratuitos junto com cenas escuras e uma concepção cênica bem trabalhada até vai gostar do que verá, desde que releve uma história fraca e com um fechamento bem absurdo, mas quem for esperando uma boa história de terror certamente irá se decepcionar bastante com tudo, pois mesmo sendo baseado em algo que aconteceu realmente, acabaram abusando demais da inteligência do espectador, e assim sendo, como sou do segundo tipo que prefere pelo menos uma historinha boba funcional ao menos, não recomendo o longa, e fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais com mais textos.


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