O diretor e roteirista Eugene Ashe conseguiu brincar bastante combinando romance e música em sua história, além de desenvolver bem as mudanças de tempo que rolaram nesses anos da História, e assim soube trabalhar de forma que seu filme ficasse além de interessante bem coerente e gostoso, pois tinha tudo para ser uma trama extremamente cansativa e arrastada, mas ao colocar toda a dramaticidade em cima das mudanças musicais, e das combinações preconceituosas que existiam na época, seu filme teve algo a mais além do simples romance, e não que isso tenha ficado em segundo plano, mas o amor aqui transcreveu formatos e acabou sendo envolvente em cima do verdadeiro preço do amor, e contando com boas dinâmicas em cima dos protagonistas cada ato soou bonito sem precisar ficar meloso, ou seja, um grande acerto nas mãos do jovem diretor que escolheu não focar tanto em paradigmas, não seguiu tanto a linha clichê que o estilo pede, e assim trabalhou bem demais com tudo.
Sobre as atuações, mais uma vez Tessa Thompson mostrou estilo e carisma para uma personagem, e o melhor, sem precisar sensualizar como anda acontecendo com muitas artistas, ao ponto que sua Sylvie é a clássica jovem da época que acabava se comprometendo com algum homem endinheirado, e que depois acabava se apaixonando por alguém que suas ideias amorosas batiam, e com muita doçura no olhar, mas muita vontade de tudo a atriz deu o tom para belas cenas, se mostrou direta ao se portar como uma boa assistente de produção na TV da época e agradou bastante com tudo o que fez. Nnamdi Asomugha não é muito conhecido como ator, porém já produziu diversos dramas de época envolvendo a cultura negra, e aqui ele foi sutil com olhares bem envolventes para seu Robert, e sem oscilar na personalidade deu um bom tom para seus atos, sendo simples e bem coerente para agradar sem forçar. O mais engraçado é que tivemos boas atuações nos papeis secundários da trama, ao ponto que raspou a trave do filme virar uma novela se acabassem desenvolvendo mais eles, pois foram tipos clássicos bem interessantes de ver, ou seja, se quiserem dá para brincar com uma série fácil da época usando a base do filme, e assim veríamos um pouco mais de Wendy McLendon-Covey mostrando as mulheres apresentadoras de programas culinários que eram completamente engessadas pela censura, mas que tinham muitas facetas para que os programas agradassem, veríamos mais das bandas e seus empresários malucos que mudaram o rumo de muitas carreiras como foi o caso da ricaça condessa vivida por Jemima Kirke, além claro da convivência dos membros das bandas com líderes que nem eram tão talentosos como acabou sendo vivido aqui por Tone Bell com seu Dickie, sem esquecer dos negros que ignoravam tudo o que sofriam por bons contratos com brancos para enganar as empresas anti-racismo como vemos aqui com Alano Miller e seu Lacy, mas tirando esses detalhes, os destaques do filme ficaram para as poucas cenas de Lance Reddick com seu Jay, e claro, Aja Naomi King com sua carismática Mona.
Visualmente o diretor e a equipe foram espertos demais, pois usaram muito material de arquivo nas cenas externas para não precisar ficar recriando cidades, tendo ambientes prontos para cada momento chave ser bem simples com alguns carros da época nas ruas, e assim ganhando estilo e economizando, mas foram ainda muito bem coerentes com figurinos clássicos, objetos cênicos para todos os lados, e muita classe nos shows e bailes para tudo ter um envolvimento e ainda assim agradar bastante, ou seja, é um filme de época cheio de pompa que agrada e funciona demais.
Como disse no começo um grande ponto positivo do filme ficou a cargo da escolha de trilha sonora, que envolve demais, dá ritmo para a trama, e ainda contextualiza bem a época, ou seja, vale demais ouvir ela seja durante o filme, ou depois apenas para curtir, e claro que deixo aqui o link.
Enfim, não é uma obra de arte brilhante, como disse teve muitas possibilidades de acabar saindo pela tangente e virar uma série/novela, porém funcionou com muita classe e o resultado é um bom romance agradável e leve que envolve bastante e não força tanto para os lados cômicos ou dramáticos que tanto anda acontecendo com a maioria dos filmes, ou seja, vale a recomendação para conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com uma rápida retrospectiva desse ano maluco, então abraços e até logo mais.
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