O diretor Darius Marder pecou um pouco em sua estreia na função, pois ele acabou não indo a fundo em nenhum dos temas trabalhados, seja da surdez ou da vida de um roqueiro viciado, ao ponto que tudo fica sem muito sentimento, e fazendo com que o público até entre bem na experiência de Ruben para recriar vividamente sua jornada em um mundo raramente examinado através de um design de som interessante, mas se isso fosse melhor desenvolvido junto da história, certamente encontraríamos algo a mais no longa, e o resultado encantaria por completo. Ou seja, é a famosa velha história de que diretores estreantes raramente acertam em filmes que necessitam um algo a mais, e sendo assim o longa até tem um potencial para chamar a atenção dos votantes das diversas premiações pela sensação passada, mas dificilmente conseguirá fazer alguém se emocionar realmente como poderia.
Sobre as atuações, diria que Riz Ahmed trabalhou bem a sintonia de seu personagem Ruben, não forçou trejeitos, e principalmente soube passar o ato de estar surdo, pois facilmente os olhares acabariam entregando que ele estava ouvindo e apenas "fingindo" não ouvir para que sua atuação fosse mais realista, e dessa forma seu resultado agrada bastante, mas nada que seja impressionante demais. Olivia Cooke trouxe para sua Lou semblantes desesperados demais, ao ponto que não conseguimos entender o que está se passando na cabeça dela apenas pela interpretação entregue, ou seja, vemos uma dinâmica sua até que coerente por não saber realmente o que fazer com o namorado baterista, mas acabou faltando um pouco mais de sentimento pelo tempo juntos, e isso não deu o tom no segundo ato. Paul Raci deu um bom tom para seu Joe, usando bastante da linguagem dos sinais, trabalhando olhares diretos com envolvimento, mas seu personagem não foi tão usado como poderia, pois como o diretor não focou tanto na surdez, os atos na casa pareceram quase rápidos flashbacks, e isso é algo que pecou um pouco o resultado, mas Raci fez bem seus atos ao menos. Quanto aos demais, praticamente todos são usados em cenas rápidas, trabalhando bastante as conversas em libras com o protagonista, mas sem nenhum grande destaque, ao ponto que mais próximo do final temos uma cena com Mathieu Amalric numa participação também rápida como o pai da protagonista, mas que apenas revela poucas coisas sem ir muito além também.
No conceito visual a trama entrega inicialmente bons shows de rock explosivos em pequenos bares, como algo mais íntimo e forte, algumas boas cenas dentro do trailer dos protagonistas, algumas dinâmicas bem colocadas na casa de recuperação e numa escola de crianças surdas, com atos bem bonitos e bem trabalhados, uma cena de cirurgia, e finalizando na casa do pai da protagonista, tendo poucos elementos cênicos importantes, claro tirando o implante, mas tudo com uma boa simbologia de momento, funcionando para o resultado que o filme pedia.
Um dos pontos mais cruciais da trama, e que vale toda atenção é a forma que o diretor trabalhou o som do filme, com cenas abafadas, outras com elementos robóticos e cheios de sujeira sonora, muitos momentos em silêncio, além de um começo explosivo de bateria, de forma que tudo nesse sentido faz mais parte da trama que o próprio conteúdo do longa.
Enfim, é um bom filme, e o tema é melhor ainda do que a história mostrada, ao ponto que vale bem pela discussão passada que você precisa aprender a ouvir com o silêncio, criar o seu clima e tudo mais, ou seja, talvez faltou um pouco mais de experiência para o diretor encontrar algo a mais na trama, mas não é algo ruim de ver ao menos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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