Netflix - A Festa de Formatura (The Prom)

12/12/2020 01:39:00 AM |

Acho tão engraçado que muitos só de ver que é musical já saem correndo quilômetros, então se falar que a temática é homossexual então, capaz de queimarem as TVs e cancelarem a assinatura do streaming, mas é justamente isso que acaba acontecendo com a protagonista que por morar numa cidade interiorana demais acabam cancelando o baile de formatura por ela querer levar sua namorada, ou seja, a Netflix resolveu mostrar um longa sobre a aceitação familiar e da comunidade para as pessoas que não são iguais, para que se abrisse a mente, e principalmente junto de algo muito colorido e musical empolgasse com cada momento, pois certamente "A Festa de Formatura" poderia ser um tradicional musical da Disney com canções que pegam na mente com vozes suaves (pois tem isso aos montes), poderia ser um filme indiano com muita dança coletiva (afinal também tem muito disso), mas que por tratar de um tema não tão comum, caiu na Netflix e com um luxuoso elenco muito bem conectado que acaba sendo bonito de ver até. Ou seja, não é daqueles filmes que você vai se emocionar ou vibrar muito com o que verá, nem será daqueles que você irá lembrar eternamente quando pedirem uma indicação, pois além de não ser muito imponente, a trama é levemente presa ao tema, porém quem gostar da Broadway certamente irá curtir bastante todas as boas canções e interpretações, pois é um bom filme.

O longa nos conta que Dee Dee Allen e Barry Glickman são estrelas do teatro em meio a uma crise: seu novo e caríssimo espetáculo da Broadway é um completo desastre, arruinando suas carreiras. Enquanto isso, em uma cidadezinha de Indiana, a jovem Emma Nolan também tem seus problemas: apesar do apoio do diretor de sua escola, a presidente da associação de pais a proibiu de participar da festa de formatura com sua namorada, Alyssa. A situação de Emma é a oportunidade perfeita para reconstruir sua imagem pública. Dee Dee e Barry decidem abraçar a causa ao lado de Angie e Trent, outros dois atores em busca de promoção. Mas o falso ativismo acaba tomando um rumo inesperado e a vida dos quatro vira de cabeça para baixo enquanto tentam oferecer a Emma uma noite em que ela poderá celebrar quem realmente é.

O pessoal conhece o diretor Ryan Murphy das diversas séries que fez, aí que fui caçar qual seu último filme que vi e foi "Comer, Rezar, Amar", ou seja, quase 15 anos longe de um longa-metragem, e assim posso dizer que faltou um pouco de mão para o diretor conseguir levar um musical da Broadway para a formatação de filme (aliás em menos de 365 dias tivemos dois musicais da Broadway não funcionando perfeitamente como filme, ou seja, vamos ser originais nos musicais que a chance de dar mais certo é maior!), e assim sendo até temos uma história interessante sendo passada, temos um tema desenvolvido sem muitos exageros, porém não pareceu algo moldado para o cinema, mas sim várias cenas ocorrendo e suas devidas paradas para que os personagens cantassem nas conexões, ou seja, algo extremamente teatralizado que como bem sabemos funcionou na Broadway, mas aqui apenas trouxe algo bonitinho com boas canções (ou melhor com duas grandes canções e outras que até agradam, mas poderiam ser facilmente dialogadas). Ou seja, não sei se fui conferir a trama com expectativas demais por ter gostado bastante do trailer, ou se realmente o filme não empolga tanto, mas também não chega a ser uma tremenda bomba, valendo ao menos como um passatempo bacana de conferir.

Sobre as atuações, como é de praxe Meryl Streep consegue roubar a cena com seus papeis, de forma que a trama é muito mais sobre a vida da garota, mas sua Dee Dee consegue soar tão imponente e com estilo que em diversos momentos até esquecemos da garota, e claro que com a quantidade de musicais que já fez, aqui cantar não foi nenhum problema, e a atriz conseguiu ainda se impor e estar cada dia mais bela, ou seja, agradou bastante. James Corden aqui foi bem melhor que em "Cats", o que é bem fácil, ao ponto que aqui seu personagem Barry tem mais o estilo do ator, e sua desenvoltura caiu fácil para trejeitos mais forçados, e sendo assim acaba agradando mesmo exagerando. Agora sem dúvida alguma a desenvoltura da estreante Jo Ellen Pellman com sua Emma foi algo impressionante principalmente nos momentos de canto, aonde se soltou bem mais, e com uma voz doce e belíssima acaba chamando muita atenção, claro que seus trejeitos nos atos sem música ficaram meio contidos demais, mas o acerto foi bem colocado, e certamente a jovem deva ser chamada para mais musicais. Agora uma coisa é certa, Nicole Kidman dorme no formol, pois a cada filme está mais bonita, e aqui embora sua Angie não tenha muito desenvolvimento, contando apenas com uma cena principal, ela ainda foi bem no que fez. Andrew Rannells até tentou ser meio que galanteador com seu Trent, mas não conquistou muitos frutos em cena, de modo que apenas sua canção com lição moral para cima dos cristãos comedores de bíblia funciona bem. Keegan-Michael Key trouxe um diretor meio exagerado, e que facilmente jogaria no time dos homossexuais pelo estilão entregue, mas como falaram que o personagem não era desse lado, e caiu como par romântico de Meryl, o resultado acabou ficando meio bagunçado embora o ator tenha tido bons momentos. Agora quanto aos demais, praticamente todos foram usados apenas para conexões, danças e coro das canções, tendo um leve destaque para Ariana DeBose como a namorada da protagonista sem muita expressividade, e sua mãe como uma fervorosa líder da associação de pais vivida por Kerry Washington, mas que também não foi muito além.

Visualmente tivemos um longa bem colorido, com cenas simples de cenografia, mas parecendo estar realmente em um palco teatral devido a iluminação cênica direcionada para os protagonistas, de modo que cada ato parecia um show, ou seja, formataram a trama para o cinema, mas mantiveram a identidade teatral, de modo que vemos desde cenas na escola cheias de movimento, vemos as tradicionais limusines para as festas de formaturas, tivemos cenas com ambientes mais vazios como uma praça, alguns atos dentro do ginásio da escola, e claro as festas, mas tudo sem muitos elementos grandiosos ao ponto que o filme funciona sem ser glamoroso demais, embora tudo tenha seu devido luxo.

Enfim, é um filme que passa bem longe de ser perfeito, mas também passa bem longe de ser uma tremenda bomba, de modo que dá para curtir os atos, porém faltou aquele detalhe de envolvimento que tanto gostamos de entrar no clima realmente. Ou seja, até dá para recomendar o longa, mas vá com baixas expectativas, pois senão a chance de reclamar mais do que gostar é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


2 comentários:

Anônimo disse...

Coelho, se vc gosta de séries, te recomendo Stranger / Secret Forester (Netflix).

Fernando Coelho disse...

Olá amigo anônimo... séries eu fujo... já tenho filmes demais pra ver que não consigo, então se entrar em algo com vários capítulos então empaca a vida de vez... mas valeu a indicação!!

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