O diretor e roteirista Carlos Sorín foi simples e objetivo, e é isso o que falta para a maioria dos diretores, pois certamente um filme com a mesma temática nos EUA ou até na Europa iria ter um desenvolvimento de como a mulher foi antes de ser internada, todas as possibilidades que teve, e tudo mais, mas não, aqui o argentino pegou já ela sendo internada, o marido conseguindo um bom quarto, e ela já conversando com o médico para saber quantos dias, e como serão esses dias, aonde foi se desenvolvendo, escrevendo nos diversos lugares, uma entrevista aqui, vários presentes ali, e pronto, desenvoltura final. Ou seja, diretamente vemos o filme, choramos, pensamos na vida, pensamos como aconteceria se estivéssemos em um dos três pilares (a própria doente, o marido ou os amigos) e nem coloco a criança, pois essa mesmo com o caderno não lembrará das situações vividas ali, e pronto fim. Ou seja, algo que soa gostoso nem tanto pela essência em si, mas sim pelo desenvolvimento bem feito, pelo carisma bem encontrado no decorrer da trama, e assim ser funcional, e claro reflexivo, ao ponto que merece muito ver, e com certeza todos gostarão do que verão, pois não tem grandes falhas, nem espaço para isso, e assim o acerto do diretor em escolher esse estilo foi perfeito.
Sobre as atuações, Valeria Bertuccelli foi precisa demais com sua María, trabalhando olhares, sentimentos, e principalmente entonação para que seus diálogos fossem bem encaixados, ao ponto que o texto do roteiro não é dela, mas ela conseguiu se apropriar com um envolvimento tão bacana que acabamos acreditando na atriz, que passa a ser a personagem real, de forma que nem a vemos mais como Valeria, e isso é algo muito bonito quando ocorre, pois mostra personalidade e acerto no papel. Esteban Lamothe trouxe para seu Fede algo que chega a ser até bobo de ver, mas é a sintonia para com o personagem, mostrando um marido ao mesmo tempo triste com tudo, mas disposto a fazer as vontades da esposa mesmo sendo algo que vá tirar sua vida, e seus olhares entregam tudo, e o ator manda muito bem nas atitudes e trejeitos para cada momento seu. Mauricio Dayub trabalhou bem seu Dr. Vigna ao ponto que entrega mais do que um médico, mas alguém disposto a ouvir o paciente, pronto para passar a mensagem de uma forma correta e com postura, mesmo que use métodos que alguns não queiram ver, e assim o ator até teve bons encaixes nas suas cenas. O jovem Julian Sorín (neto do diretor) é doce e bem trabalhado, passando aquela mensagem característica da ingenuidade versus sabedoria das crianças, que no meio de um clima triste ainda acha uma forma de transmitir felicidade para a pessoa doente, ou seja, o garotinho caiu muito bem no papel e agradou bastante. Quanto aos demais, a maioria serviu apenas como conexões, de modo que entregam pouco nos seus atos, mas sempre funcionando bem nas atitudes, valendo claro o destaque para Malena Pichot com sua Maru, e Beatriz Spelzini como Dra. Molina.
Visualmente o longa se passa praticamente todo dentro do hospital, seja no quarto da protagonista ou no balcão de atendimento ou ainda na cafeteria de lá, com todos os personagens passando por esses ambientes, e claro usando algumas imagens antigas dos protagonistas para reviver alguns momentos, mas usando bem o simbolismo de presentes e tudo mais em detalhes ali, e um grande detalhe, que não vi se ocorre nas demais versões, é que traduziram os tuites, traduziram o escrito no caderno, ou seja, você vê tudo acontecendo em português brasileiro, mesmo com a protagonista falando em espanhol, e já disse isso várias vezes que as empresas que fazem isso merecem mais do que parabéns, pois colocam o longa como algo nativo, que funciona e agrada demais. Ou seja, tudo ali faz parte de um contexto sofrido e triste, mas agrada demais cada símbolo, cada festa, cada elemento.
Enfim, é uma história triste, porém bonita de ver, que muitos irão chorar demais com cada situação, mas que temos de levar a vida como a protagonista, sabendo que a morte é a única coisa que sabemos realmente que vai acontecer na nossa vida, e talvez sabendo a data podemos nos preparar, nos despedir, e até viver um pouco mais (mesmo que dentro de um hospital), e assim sendo o resultado final acaba valendo bastante a conferida, mesmo que seja algo simples e que já até vimos em outras obras. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...