Netflix - O Céu da Meia-Noite (The Midnight Sky)

12/24/2020 01:40:00 AM |

Quando vamos ver um bom drama ficcional queremos surpresas, intensidade e principalmente muita emoção durante a execução da história, ao ponto que quando ocorre o clímax da trama tudo faça muito sentido e nos envolva demais, então diria que esse é o mínimo que esperava ver do novo longa da Netflix, "O Céu da Meia-Noite", que até trabalha bem toda a ideia de buscar um novo planeta para vivermos enquanto as coisas aqui pioraram tanto que nem dá mais para sobreviver. Porém o grande problema do filme ficou em termos duas histórias tão separadas (que já imaginávamos alguma conexão final) que não se desenrolam tanto, de forma que ficamos o longa inteiro esperando um algo mais e não acontece, até chegarmos nos 20 minutos finais que resolvem colocar tudo para jogo. Ou seja, é um filme bonito, que até chega a envolver pelo tema espacial, mas que não atinge nenhum grande ápice, mesmo com cenas bem feitas e imponentes, resultando em algo enrolado e alongado demais que não chega a ser ruim, porém não empolga, e nem emociona, cansando levemente quem não estiver preparado.

A trama pós-apocalíptica acompanha a jornada de Augustine, um cientista solitário no Ártico que tenta impedir que Sully e sua equipe de astronautas retornem para a Terra após uma misteriosa catástrofe global.

Acho que já falei isso outra vez, e volto a frisar que George Clooney como diretor é daqueles que quer mostrar até mais do sua trama possui e acaba errando ao exagerar demais, de forma que usando como base o livro de Lily Brooks-Dalton, "Good Morning, Midnight", ele nos apresentou praticamente duas histórias, uma de um homem tentando sobreviver num Ártico abandonado, junto de uma garotinha para chegar até uma torre de comunicação abandonada numa Terra destruída, e a segunda de um grupo de astronautas tentando voltar para a Terra (sem saber que ela foi destruída) após chegar num possível e maravilhoso novo planeta. E claro que em ambas as histórias diversos problemas ocorrendo, muita ação e desenvoltura, cenas belíssimas e muito bem planejadas para envolver, porém ao não conectar logo de cara tudo, nem dar um sentimento a mais para que tudo estivesse ocorrendo, o filme fica enroscado demais, e não flui de forma alguma, de maneira que no miolo já não estamos mais nem interessados no homem na Terra, nem nos astronautas, e mesmo os dois ápices de cada história sendo bem fortes, nada faz com que o filme seja sutil e inteligente. Ou seja, volto a frisar que não é algo ruim de ver, mas não chega a lugar algum, e acabou sendo daqueles que até vamos esquecer que o diretor fez e atuou, mostrando uma certa falha de escolhas na montagem.

Já falando sobre as atuações, vemos que Clooney está bem velho, e aqui seu Augustine tem uma personalidade bem impactante, com olhares dispersos, uma desenvoltura mais centrada e dura, além de vermos que já está variando com a doença e com a bebida, ao ponto que funciona bem o papel, mas entrega pouco, já sua versão jovem vivida por Ethan Peck não disse a que veio, sendo quase um enfeite. Felicity Jones deu uma boa serenidade para sua Sully, mostrando um ar doce e interessante para sua astronauta, e trabalhando bem pouco os olhares, mas sabendo dosar os momentos junto com os demais da nave. E falando neles, David Oyelowo foi simples demais como um capitão de nave com seu Adewole, não se impondo muito, e até mesmo Kyle Chandler e Demián Bichir com seus Mitchell e Sanchez se mostraram mais fortes na missão, parecendo que a nave estava meio a deriva de bons personagens, e apenas navegando no espaço, ao ponto que as cenas com Tiffany Boone com sua Maya acabaram mais chamativas que a de todos juntos, e olha que foram poucas as dela. A garotinha Caoilinn Springall foi de uma graciosidade com sua Iris, que mesmo não dizendo uma palavra (ou melhor, só fala algo bem rápido em um sonho) se entregou maravilhosamente e encantou demais com tudo, de forma que poderiam ter usado até mais ela. Ou seja, temos um elenco até que bem encontrado, mas as cenas foram tão mornas que nenhum se destacou.

Visualmente a trama se recupera da falha de montagem, direção e roteiro, pois temos cenas belíssimas no espaço, com muita movimentação fora da nave, com ambientes incríveis no planeta explorado rapidamente no começo do longa, temos um Ártico monstruoso jogando neve e gelo aos montes para cima do protagonista, temos muitos elementos cênicos importantes como a máquina de hemodiálise, e claro os dois laboratórios bem explorados, cheios de equipamentos de ponta para que o protagonista pudesse usar e abusar de tudo. Ou seja, temos um filme com muito conteúdo cênico, mas que não souberam desenvolver e usar tudo ao favor da trama, de modo que o filme até chama atenção, mas não agrada bem.

Enfim, diria que recomendo a trama apenas pelo visual, e que talvez se forem conferir esperando nada do longa é capaz que goste um pouco mais do que verá na tela, pois volto a dizer que não é um filme ruim, só não foi explosivo como uma boa ficção deveria ser, nem dramático demais como um bom drama acabaria resultando, e sendo assim posso dizer que eu particularmente não gostei muito e esperava bem mais de algo do porte do Clooney, mas fica a dica que talvez alguém veja a trama com outros olhos e se empolgue mais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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