sábado, 30 de janeiro de 2021

Netflix - A Escavação (The Dig)

Filmes com conteúdos reais e históricos sempre são uma boa pedida para quem gosta de algo envolvente, que até soe calmo demais, mas que juntando toda a proposta bonita de algo acabe resultando num final emotivo e funcional para todos. Dito isso, nesse final de semana estreou um belo exemplar desse estilo na Netflix, "A Escavação", que mostra ao mesmo tempo a ideologia do viver pensando no momento, no que vai deixar para o futuro, além da paixão por encontrar com o passado, tudo isso ocorrendo nas vésperas da II Guerra Mundial, aonde ninguém sabia o que iria ocorrer. Ou seja, é uma história real envolvente sobre uma escavação arqueológica, aonde foi descoberto grandes tesouros do passado que estão expostos hoje num museu, mas que com um brilhantismo no olhar e grandiosas atuações, o filme ainda consegue ir muito além de apenas uma busca por tesouros, mas sim um encontro de vidas, de vontades, e principalmente de vocações e emoções, que consegue ser envolvente do começo ao fim, fazendo com que nos apaixonássemos pelos personagens e torcêssemos para que tudo acontecesse muito bem, o que claro nunca acontece em filmes. Diria que é um filme que muitos talvez achem até lento dentro das dinâmicas escolhidas, mas tudo é funcional, e esse envolvimento mais lento é cativante e emocionante de ver, valendo pelo resultado final bem trabalhado.

A sinopse nos conta que às vésperas da Segunda Guerra Mundial, uma rica viúva contrata um arqueólogo amador para escavar sepultamentos ancestrais em sua propriedade. Ao fazerem uma descoberta histórica, os ecos do passado ressoam em um futuro de incertezas.

O diretor Simon Stone foi bem preciso com tudo o que desejava passar em sua trama, pois sendo uma trama baseada em um livro, que já tinha criado uma ficção em cima de uma história real, nem poderia inventar muita coisa, mas ainda assim foi envolvente na medida, trabalhou cada elemento com boas propostas, e principalmente desenvolveu cada ato com personalidade, para que todos os personagens tivessem uma boa participação, que toda a história fosse bem contada, que o envolvimento na guerra fosse sentido, e que tudo fluísse em volta da escavação, passando a mensagem do viver e deixar sua mensagem para ser lembrada no futuro. Ou seja, o diretor foi preciso no estilo, foi coerente na ambientação de uma escavação bem rústica na época, e ainda conseguiu colocar a doença em pauta, os sentimentos das pessoas, e muito mais em um único filme, ao ponto que a trama tem apenas 112 minutos, mas tem tanto conteúdo que se o longa parecesse acelerado seria aceitável, mas não ocorre isso, sendo tudo muito bem preparado, mostrado e desenvolvido sem correr, nem cansar.

Sobre as atuações temos de ser muito coerentes em ver e aplaudir todo o sentimento passado pelos protagonistas, pois Ralph Fiennes se entregou de corpo e alma para seu Basil Brown, mostrando um personagem rústico de trabalho, mas culto de essência, com doçura nas palavras, um preparo incrível para cada momento, e principalmente sabendo dosar cada elemento da trama para que seu personagem fosse marcante na época e na tela, ou seja, foi muito bem em tudo. Da mesma forma Carey Mulligan trabalhou sua Edith Pretty com estilo, passando muito o sentimento de dor de sua doença, mas sempre disposta a encorajar o protagonista na busca de algo na escavação, trabalhando olhares clássicos de uma pessoa bem rica, mas sendo doce com cada envolvimento passado, e agradando muito com isso, ou seja, caiu muito bem no papel. Tivemos também bons momentos com o garotinho vivido por Archie Barnes de modo que seu Robert foi direto e doce no envolvimento com os protagonistas, agradando bastante em tudo. Johnny Flynn trabalhou bem seu Rory, simbolizando o jovem que tem vontade para tudo, que soube captar com uma câmera todo o envolvimento do processo, e principalmente passar a emoção que muitos desejavam ir para a guerra, mas também tinham muito medo de tudo o que poderia ocorrer, e ainda por cima colocaram atos românticos para ele, o que deu um chamado a mais para o personagem. Lily James consegue chamar atenção até mesmo em uma personagem bem secundária, e aqui sua Peggy foi bem trabalhada, representou bem o famoso casamento que não funciona, e claro a paixão pela profissão que pegou dos pais, dando nuances belas de envolvimento com a trama, e claro com tudo o que acaba acontecendo, sendo um belo acerto. Dentre os demais, não tivemos muitas surpresas, mas todos foram bem representativos nos seus atos, tendo um leve destaque para a arrogância do personagem do arqueólogo Charles Phillips vivido muito bem por Ken Stott.

Visualmente o longa foi bem desenvolvido também, com uma casa de campo bonita que mostrava bem a riqueza da protagonista com seus vários criados, diversos figurinos chiques, toda a equipe de escavação trabalhando em meio a muita terra e lama, lonas cobrindo alguns momentos, e claro toda a elite bem vestida numa festa campal, além de muito simbolismo da guerra, com testes de apagão com as pessoas no bar bebendo, muitas notícias via rádio, aviões sobrevoando a todo momento, ou seja, uma trama devidamente rica de detalhes que acaba chamando atenção tanto pela construção de época quanto pelo envolvimento que passa com tudo.

Enfim, um ótimo filme que funciona demais dentro da proposta, que talvez até chame a atenção de alguma premiação, e que certamente agradará quem gosta de filmes históricos, e sendo assim recomendo ele com toda certeza, mesmo não sendo perfeito, pois talvez um pouco mais de cenas fortes, como acabou ocorrendo no começo, mais para o final acabaria ainda mais intenso o longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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