É interessante vermos na trama a postura do diretor Matteo Garrone, pois sempre mantendo o ar fantasioso em pauta ele foi criativo e direto em não segurar sua trama em algo simplório e sem vida, pois deu dinâmica em todos os momentos, foi surpreendente nas atitudes clássicas do personagem, e mostrando claro que o mau comportamento traz consequências ruins, e acreditar em qualquer um também não é algo que se faça valer, porém, como disse no começo, ele quis ir muito além em diversos momentos com pouco tempo de projeção, e assim não deu para desenvolver muitos atos como poderia, ficando buracos de tempo na trama. Ou seja, o trabalho do diretor/roteirista foi algo interessante e bem maluco, que funciona dentro do que foi proposto, uma versão completamente diferente do usual, mas que mantivesse a fantasia clássica ainda por trás, em um live-action sem precisar de muita tecnologia, porém faltou para ele uma atitude de síntese de tudo que desejava mostrar, ou então melhor uma postura maior para que o filme se expandisse e se tornasse um algo a mais, que aí sim seria mais forte e funcional de ver na telona. Sendo assim, não digo em momento algum que tenha sido algo ruim de ver, pois a versão é algo novo e interessante de conferir, mas faltou aquele detalhe que resultasse em algo melhor realmente.
Sobre as atuações é notável ver como Roberto Benigni traz sempre aquele ar que lembra as obras de Chaplin, e cria um Gepetto bem velho, bem acabado e completamente dependente de sua obra, só não posso dizer sobre as entonações vocais que certamente deve ter dado show, pois como disse, trouxeram uma versão dublada em inglês que até tentaram dar um sotaque italiano, mas não funcionou, e dito isso, o personagem em si funciona, mas sua voz nem tanto. Agora não sei qual processo de maquiagem usaram para o jovem Federico Ielapi, mas seu Pinóquio ficou muito bem tanto em estilo de madeira, quanto na forma de andar, de fazer os atos, e claro como um boneco malcriado, o resultado de sua personalidade é de um garoto curioso demais, querendo ir para tudo quanto é lugar, fazendo tudo acontecer, e assim funciona bem no que faz. Marine Vacth ficou parecendo mais uma personagem do Cirque Du Soleil do que uma fada realmente, aliás acredito que a inspiração da equipe de arte para todos os personagens místicos foram da companhia canadense, pois todos lembram um pouco os artistas de lá, e a atriz usou de expressões muito tristes sem explicar realmente o seu gestual, claro que passando a ideia de decepção para com os atos do boneco de madeira, mas existe uma certa diferença entre tristeza e decepção, e ao meu ver ela fez muito mais semblantes melancólicos, ou seja, poderia ter sido algo mais forte de atitude, como acabou rolando com sua versão jovem (que também não é explicado o motivo de crescer de um dia para o outro, sem uma passagem de tempo funcional) vivida por Alida Baldari Calabria, que fez gestuais bem mais doces e interessantes de ver. Massimo Ceccherini e Rocco Papaleo soaram exageradamente repetidos com suas frases, mas isso provavelmente foi algo bem intencional da proposta de suas Raposa e Gato, além claro de um ser manco e o outro cego, que deu algo bem forte para suas personalidades, além claro da forma insana de se alimentarem, ou seja, são os vilões, e não perdoaram nada em nenhum de seus momentos fortes. Quanto aos demais, tivemos alguns bons momentos com Mangiafuoco, dono do teatro de bonecos tendo bons atos emotivos, temos uma certa bizarrice chata no grilo falante, e uma loucura total no juiz macaco, mas claro que o destaque fica para todas as crianças da escola e claro do fugitivo Espoleta que acaba levando o jovem para seu maior problema.
Visualmente o longa é um luxo completo, com fotografias lindíssimas sempre contrastando com noite e sol em locações perfeitas escolhidas com minúcias em campos dourados, grandiosos cenários para ambientar as vilas e a Terra dos Brinquedos, um peixe imenso e bem estranho para viverem lá dentro, um teatro de bonecos bem malucos e vivos também presos apenas por cordas, todos os personagens místicos com visuais que como já disse lembram muito o Cirque du Soleil, com uma senhora lesma gigantesca, vários coelhos coveiros, médicos coruja e corvo, um macaco julgando os crimes, e tudo mais bizarro possível, que chega a ser sombrio, mas também bem místico de ver. Ou seja, a equipe de arte foi bem trabalhada e conseguiu chamar atenção no que fez.
Enfim, é um filme diferente do casual, mas que certamente poderia ter ido muito além, pois falha aonde relaxou, mas acerta bem mais do que erra, e sendo assim recomendo como algo novo na proposta, que até veremos em breve uma versão ainda mais sombria só que em animação feita por Guillermo del Toro, então é ver esse e aguardar a versão americana para comparar quem vai deixar mais crianças sem dormir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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