Diria que o diretor Francisco Márquez até conseguiu capturar bem o terror de uma fobia social, o desespero que a protagonista acaba expressando em algumas atitudes, mas acabou faltando aquele algo a mais que o trailer acabou vendendo, pois no trailer vemos algo ágil, algo impactante, algo necessário para se discutir, enquanto no filme vemos algo tão parado, tão cansativo de ideias, que não nos empolga sentir o terror que nos é mostrado, e isso acaba sendo algo que vai impregnando pelas imagens que em determinado momento passamos a achar que a protagonista está maluca ou o filme mudou de estilo virando um filme de espíritos, o que não é a ideia. Ou seja, faltou aquele algo a mais que um bom diretor conseguiria transformar, e que aqui por ser a estreia dele em longas, acabou alongando algo que como média-metragem ficaria incrível, não sendo um filme ruim, mas sim algo que até dá para discutir e refletir nas nossas atitudes quando pensamos nas diferenças de classes, nos olhares que lançamos para algumas pessoas, e tudo mais que poderíamos fazer no mesmo caso da protagonista, mas o além disso acabou faltando.
Sobre as atuações, é fato que a atriz Elisa Carricajo se dedicou demais para com a sua Cecília, criando expressões fortes, tendo momentos introspectivos bem colocados e desesperadores, e claro como toda pessoa normal tendo situações desesperadoras após um certo trauma, ou seja, a atriz certamente fez um bom laboratório para captar a essência de pessoas que sofrem esse estilo de fobia, e o acerto foi iminente em tudo o que fez. Já os demais pareceram meio que jogados na trama, não chamando a atenção, nem se entregando para os atos, e até dando certas desconexões, como os amigos da faculdade, os alunos da faculdade, o próprio filho é bem esquisito, e mesmo a doméstica e o filho apareceram e tiveram situações que não deram ponto a positivar o que vai acontecer nas sequências, ou seja, faltou um pouco também de determinação na formação e desenvolvimento dos personagens, para que o filme funcionasse melhor.
Visualmente o longa não traz nada muito surpreendente, mas tem uma boa montagem para comparar a casa de classe média da protagonista e a comunidade da doméstica (que vira praticamente um labirinto nas cenas finais), temos todo um bom jogo de sombras para brincar com o público e com a protagonista, daqueles que ficamos imaginando se realmente tá aparecendo algo ou não, e temos algumas cenas numa faculdade em reformas, que até tenta trabalhar algo como transformação na mensagem geral do filme, mas não coube muito. Ou seja, o trabalho cênico até teve boas dinâmicas e alguns acertos, mas certamente poderiam ter ido bem além com algumas representações que causassem um arrepio maior.
Enfim, volto a frisar que não é um filme ruim, mas passou bem longe de tudo o que poderia atingir com a temática, ou então se seguisse para um lado mais fantasioso o resultado também chamaria atenção, o que não podia acontecer foi ficar no meio do caminho como acabou ocorrendo. Sendo assim, digo que não recomendo ele, mas também não digo que é daqueles para fugir, sendo um argentino que não tem todas as qualidades costumeiras, e assim a maioria vai mais reclamar do que gostar realmente. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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