domingo, 10 de janeiro de 2021

Um Tio Quase Perfeito 2

Estava relendo meu texto de 2017 do primeiro filme, e vi que elogiei muito a trama pelo ar familiar gostoso que acabou tornando a produção, porém infelizmente não poderei falar o mesmo de "Um Tio Quase Perfeito 2", pois se lá tínhamos uma trama que até divertia com alguns momentos engraçados, mas mantinha o segundo plano repleto de situações envolventes da família, aqui o ar familiar acabou tomando um rumo bobo e exagerado demais, e as situações cômicas caíram para o lado ridículo que não faz graça em momento algum. Ou seja, é daqueles filmes que vemos a trama inteira sem acreditar no que está acontecendo, com uma briga imensa de quem chama mais atenção das crianças que infelizmente não dá para crer no que acontece, pois até vemos rolar algo assim em brigas familiares pelo monopólio da atenção, mas aqui foram além do máximo permitido, soando não apenas fraco, mas algo que chega a cansar e não divertir.

A sinopse nos conta que longe da vida de trambiques e vivendo em harmonia com sua família, Tony reina soberano no coração de seus sobrinhos. Porém, quando sua irmã começa a namorar Beto, um homem aparentemente exemplar, ele corre o risco de perder a atenção dos pequenos. Determinado a acabar com a "concorrência", Tony vai fazer de tudo para que Beto não entre oficialmente para a família.

Diria que o diretor Pedro Antônio Paes mudou demais o estilo do filme, e isso foi o que pesou no resultado, pois ainda temos uma comédia familiar, que vai tentar o apelo emocional de que algumas pessoas vão se enxergar nos personagens, mas se antes a ideia funcionava como algo mais singelo, com uma comicidade forçada de propostas, aqui o apelo recai sobre algo que não tem força para isso, de forma que a trama não traz nem uma única cena para rirmos realmente do que acontece, e isso dentro de uma comédia é muito ruim, e não falo apenas de mim, pois poderiam alegar ser uma reclamação só fora do eixo, mas a sala inteira não esboçou um momento de risada (que fosse aquele haha forçado de alguém) sendo um silêncio absoluto nos 100 minutos de projeção, e muito pelo contrário, vendo até muitas pessoas pegando seus celulares para mexer durante o filme, mostrando o desinteresse pelo que estava acontecendo na tela (e se eu vi eles pegando, o meu desinteresse também estava indo para o mesmo rumo, mesmo que nem olhado a hora eu tenha hoje). Ou seja, infelizmente se a estreia do diretor lá em 2017 foi algo muito bem feito, que depois colheu bons louros com a comédia mais escrachada "To Ryca", agora com a continuação do primeiro o resultado não funcionou, e já vamos ver a continuação do seu segundo filme com 2 pés atrás, pois não conseguiu convencer em nada hoje, mostrando falta de tudo no longa para cativar ao menos uma risada.

Sobre as atuações, o fato mais marcante é como as crianças cresceram nesses últimos 3 anos, de forma que se forem inventar uma trilogia, no próximo é capaz de mostrarem as crianças já como adultos casando, mas isso é apenas um detalhe, pois todos se entregaram bem ao caos do roteiro, e aparentemente se divertiram com tudo o que precisaram fazer, e isso é algo que ao menos dá valor à produção, porém não é suficiente para salvar um filme, sendo assim Júlia Svacinna com sua Patricia, Joao Barreto como João e Sofia Barros com sua Valentina foram bem dirigidos e acabaram agradando com as situações que tiveram de fazer, não sendo nada muito chamativo, mas tendo ao menos para Júlia um pouco mais de dinâmica para mostrar a boa voz para cantar, que talvez lhe dê mais frutos futuramente. Todos sabem o estilo de humor que Marcus Majella faz, e se no primeiro eu havia elogiado que ele tinha mostrado menos isso e trabalhado mais o lado emotivo que agradou tanto, aqui ele voltou para o lado humor sem graça tradicional, e assim seu Tony acaba cansando com as bobeiras e paranoias que acaba criando para tentar aparecer mais, e infelizmente não funciona. Danton Mello tentou seguir o estilo de Majella, e ficou no meio do caminho entre bom moço e tio quase perfeito 2 para com seus gracejos, ao ponto que não fluiu, e nem chamou atenção, mas apareceu bastante na trama, e isso fez dele quase o protagonista, o que é bom para mostrar um estilo menos forçado que vinha usando em outros filmes. Letícia Isnard e Ana Lúcia Torre até tentaram chamar atenção com as simplicidades e excentricidades respectivamente de suas Angela e Cecília, mas não foram muito além, ao menos não soaram apelativas. Agora quanto aos demais, a maioria nem quase apareceu, tendo um ou outro ponto para chamar atenção, sobrando até para Fhelipe Gomes alguns atos jogados com seu Rodrigo, mas nada que valha a pena.

Visualmente o longa foi bem interessante, com cenas num clube, numa escola, nas casas dos protagonistas, numa loja de orgânicos e num sítio, mas o mais engraçado de ver é que praticamente não tivemos cenas importantes acontecendo em quase nenhum lugar, tudo sendo simples demais em cada locação, ou seja, a intermitência dos atos ocorreu sempre nos miolos, e isso é algo estranho de acontecer. Ou seja, é um filme que a direção de arte praticamente enfeitou tudo para nada ser usado, e que com raras exceções acaba funcionando, como no caso das minhocas na loja de produtos orgânicos.

Enfim, é daqueles filmes que até tentei gostar e curtir, fui esperançoso em ver ao menos algo parecido com o primeiro que mesmo não sendo divertido tinha algo emocional e familiar gostoso de conferir, mas não teve jeito, resultando em algo sem graça e sem estilo, que certamente irei esquecer daqui algumas horas que vi ele, e não recomendo para ninguém. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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