Bem antes de dar o play já sabia mais ou menos onde estava me metendo, afinal o estilo da diretora e roteirista Sally Potter é de filmes que dizem muito em pouco tempo, mas se aprofundam demais no tema, e acabam fluindo para rumos mais introspectivos do que diretos, e isso não é algo ruim de ver, pois aqui acaba indo bem a fundo de uma doença que muitos acabam se revoltando com as pessoas na rua, muitos não pensam em sua qualidade de vida, e assim acabam sendo jogados, apanhando e tudo mais, o que é bem mostrado na trama, porém ao mesmo tempo que a diretora pede uma reflexão sobre o carinho que é necessário para se compreender esse tipo de doença, ela também vaga pela ideia de vermos as escolhas que o protagonista tomou em sua vida, ou melhor como é dito na tradução literal do nome original "os caminhos que não foram tomados", e assim vemos praticamente tudo o que desencadeou em sua vida desde o México, passando pela Grécia e até entendermos um pouco sua vida em Nova York. Ou seja, o tema é bom, a história é interessante, os atores são incríveis, mas faltou o principal para nos convencer e se envolver com tudo, a dinâmica, pois a diretora mais nos cansou do que agradou, e isso é algo bem ruim de acontecer.
E claro que o que vai mais chamar o público para conferir a trama é o elenco de tremendos atores, o que dá um ar bem trabalhado para o filme, pois como sempre Javier Barden não decepciona com suas atuações, e aqui seus trejeitos estão claríssimos para a personalidade de seu Leo, entregando algo que faz bem a senilidade do protagonista, vemos também sua força/desespero no México e até seus sonhos indo além em busca de algo na Grécia, e com muita destreza ele segura o filme em suas mãos e olhares, fluindo bem demais em tudo, o que faz valer as nuances da trama. Da mesma forma vemos o ar desesperado de Elle Fanning tentando interpretar o que está acontecendo com seu pai, ao ponto que sua Molly é daquelas que precisam de um momento de fuga, mas não conseguem, e acaba se envolvendo muito com tudo isso, fazendo com que seus sentimentos floresçam e nos emocione também, mas ainda poderia ter ido além em alguns atos, para chamar mais atenção do que já fez. Dentro dos sonhos ainda tivemos bons momentos de Salma Hayek com seu ar sempre meio rural, meio seco, fazendo sua Dolores ter personalidade, mas não indo muito além em tudo o que poderia, de forma que acabamos cativados, sem saber muito dela, e isso poderia ter sido melhorado tanto para a atriz ter um destaque maior, quanto para o filme fluir melhor. No lado grego a jovem Milena Tscharntke até foi bem doce com sua Anni, mas também não entrega muito para o filme, ao ponto que a personagem mais soa misteriosa surgindo do nada, e indo para lugar nenhum do que sendo alguém que dê algo a mais para a trama, apensa sendo usada para representar a memória de um pai pela filha, ou seja, faltou também. E quanto a Laura Linney, ela já coloca a realidade em pauta na vida do protagonista, mostrando a sua escolha final por Rita, que foi uma paixão, mas que se separou e não cuidou dele, assim como ele aparentemente também desistiu dela, ou seja, a atriz foi bem, mas bem seca.
Visualmente o longa tem um bom tom pelas ruas da cidade, misturando luzes e movimentos com a conexão do passado, brincando em algo até alegórico demais, porém bem bonito de ver, que funciona pela narrativa e pelas escolhas dos ambientes, com poucas representações de elementos cênicos para cada ato, mas tudo com iluminações de referência bem colocadas, muita atitude por parte da edição para ir misturando os momentos, e até boas locações bem bonitas para que tudo ficasse muito amplo, mostrando desde o pequeno e estranho apartamento grudado a uma linha barulhenta de trem, passando por um México árido e triste numa tentativa de um Dia de Los Muertos mais simbólico pela família, até chegar no paraíso grego com navios e festas, ou seja, foram bem coerentes e funcionais ao menos, além de algumas cenas bem fortes nos médicos e no supermercado.
Enfim, é um filme com uma ótima proposta, porém com um péssimo desenvolvimento, que mais cansa do que agrada, mas que passa ao menos sua mensagem, e que quem gostar de um drama mais lento pode até gostar do resultado final, ou aqueles que estiverem com insônia podem tentar dar o play para pegar no sono com o filme. Sendo assim, fica minha dica para com o filme, que eu diria ser melhor escolher outro, pois mesmo tendo bons nomes no elenco, o resultado não foi dos melhores, tendo um resultado final bem mediano. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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