Diria que o diretor Alex Levy-Heller em seu primeiro longa de ficção foi bem seguro do que desejava mostrar, trabalhando bem a vivência da moça do campo antes e depois de ser influenciada pela desconhecida, criando bem seus arquétipos para moldar tudo, como a dor no peito do pai, a mudança no clima, e tudo mais ao redor, brincando bem com todos os sentidos dos personagens, e claro com a libido da garota, mas o mais bacana é que ele não chega a abusar das situações, criando tudo de uma forma bem crível e gostosa de ver na tela, pois esse estilo de adaptações costumam ser bem lentas, e aqui ele não correu com a trama, mas também não fez cenas cansativas demoradas e abstratas demais, ou seja, ele foi coerente em manter o ritmo de um poema, mas também criou muitas situações e recortes para que seu filme ficasse ao menos dinâmico para um público maior curtir, e assim acabou acertando bem a mão ao ponto de entregar um longa coerente e interessante de se conferir.
Sobre as atuações, Milla Fernandez segurou bem a responsabilidade de um protagonismo, fazendo com que sua Christabel tivesse ao mesmo tempo o ar campestre mais rústico por ser criada apenas pelo pai, com uma vivência mais crua, e também conseguisse mostrar a sensualidade e a mudança de estilo no último ato, ao ponto que vemos a atriz se desenvolver junto da personagem, e que junto de olhares e sentidos bem aguçados acabou trabalhando de uma forma intensa e convincente em casa momento seu, acertando bastante. Lorena Castanheira já de cara trabalhou bem o ar misterioso de sua Geraldine, criando cenas com olhares meio que jogados para o nada, e outros já de ataque com muita força e destreza, ao ponto que de cara não se dava para confiar nela, mas vemos que sua influência foi boa, e a atriz soube dosar bem persuasão com sensualidade, agradando também com o que fez em cena. Julio Adrião trouxe bem a personalidade do homem do campo, trabalhando seu Leonel com uma desenvoltura rústica, mostrando os hábitos tradicionais de levantar cedo, tomar seu café, ir para o campo, cuidar da lida diária, ir para pesca, e claro tomar sua cachaça no fim do dia, e com diálogos e histórias bem contadas e desenvolvidas pelo ator, o resultado também acaba chamando atenção. Quanto aos demais, a maioria foram personagens de rápida passagem, mas vale destacar toda a eloquência de Nill Marcondes como um sanfoneiro no meio da estrada com toda sua prosa ritmada.
Visualmente o longa foi simples, com praticamente só uma locação em uma casa no campo, mas abrindo as possibilidades para um rio, uma mata bem fechada e todo o campo ao redor, tendo boas nuances com os poucos elementos cênicos, mas brincando bastante com uma fotografia realista escura iluminada apenas por velas e lampiões, dando bons contrastes para toda a tensão que o filme tinha em sua essência, além de uma cena mais sensual em uma cachoeira e num boteco, ou seja, a equipe de arte foi direta e bem colocada para que o filme funcionasse e agradasse na medida certa.
Enfim, é um filme com uma proposta bem trabalhada, que facilmente poderia ser cansativo e monótono pelo embasamento, mas que sem forçar exageros e adaptando tudo de uma forma mais dinâmica e com boas nuances o resultado acaba agradando quem estiver com a cabeça mais aberta para refletir cada momento da trama, e mesmo não sendo algo incrível recomendo o filme para todos que gostem de um longa de drama/fantasia nacional bem desenvolvido, e que confiram nos cinemas que estrearem ele, pois merece. Deixo aqui um agradecimento especial também para a Pipa Pictures por fazer uma cabine de imprensa mais ampla, enviando o filme com senha por um tempo ao invés das tradicionais cabines com horários ruins durante a semana. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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