O diretor Paul Greengrass é daqueles que geralmente entrega algo bem agitado, que mesmo um filme tendo uma carga dramática forte sempre opta por dar boas dinâmicas, então ao cair em suas mãos um western, que foi inclusive roteirizado por ele em cima do livro de Paulette Jiles, foi algo meio que surpreendente de ver como acabaria resultando tudo, e ele trabalhou a formatação bem clássica, com muitos respiros, com todo o estilo intenso de momentos calmos quebrando com uma ou outra dinâmica, e com isso seu filme não explode em nenhum ato, o que por um lado possa parecer ruim, pois ficamos esperando sempre alguma correria, mas que também soa intrigante para a todo ato ficarmos esperando o que vai acontecer com o protagonista, que rumos ele vai encarar, sempre sendo um obstáculo novo para tudo o que vinha acontecendo no país. Ou seja, o diretor quis mostrar ao mesmo tempo toda a dinâmica de uma reconquista de terras, aonde cada um está fazendo o que bem entender, com o sul marcado por muita violência, e que tendo alguém para entreter toda essa insanidade que o momento está tomado, contando histórias que estão acontecendo mundo afora com uma boa entonação e dando emoção para os ouvintes, acaba sendo algo gracioso e bacana de ver, e ao mesmo tempo esse mesmo homem bom também nos mostra que pode tentar salvar uma garotinha de virar uma escrava de loucos, levando ela para sua família numa jornada cheia de imprevistos, e assim o filme acaba tendo dois vértices, o que não foi tão imponente para nenhum dos lados, mas funcionou ao menos com um bom final.
Sobre as atuações nem precisaria dizer nada de Tom Hanks, afinal é quase uma raridade achar algum filme que o ator não se entregue completamente, e aqui seu Capitão Kyle Kidd é imponente, tem personalidade marcada, faz todas as nuances tradicionais de uma época, e ainda com um semblante marcado tanto pela guerra, quanto pela depressão que vamos saber mais ao final, e ainda encontrando garra para contar as notícias dos jornais de uma maneira interessante para todos, é algo que só ele fazendo sua versão western de "Forrest Gump", ou seja, ele agrada e acerta bem em todas as cenas, e não deixa nenhum momento jogado, o que é lindo de ver. A jovem Helena Zengel já começou bem sendo indicada à vários prêmios, e é fácil de entender isso, pois sua Johanna tem ao mesmo tempo um semblante assustado, mas uma personalidade direta e forte, que faz dela alguém cheia de vontade para suas cenas, passando carisma, passando desespero, e principalmente sendo destemida para tudo o que acaba acontecendo, além de sofrer muito falando e demonstrando não estar entendendo nada que o protagonista fala, ou seja, perfeita. Quanto aos demais, cada um deu sua contribuição de forma imponente e bem colocada em cada um dos momentos, tendo destaque para Elizabeth Marvel com sua Senhora Gannett instigante e direta ao entender a garotinha e claro as necessidades do protagonista, depois um fortíssimo Michael Angelo Covino com seu Almay persuasivo e com uma vilania incrível que chega a irritar, logo depois um Thomas Francis Murphy cheio de trejeitos para o dono das terras Sr. Farley, e claro as ótimas nuances de Fred Hechinger com seu John Calley, ou seja, pegando as amarrações de cada um para com o filme, o resultado envolve e agrada demais.
Visualmente o longa traz cenas em diversas cidadelas do Texas, mostrando todo o processo de colonização pós-Guerra Civil, com muitas casas de madeira, muita lama, ambientes desérticos, casas abandonadas após donos mortos, búfalos selvagens no meio do caminho, carroças, cavalos, armas de todos os tipos, escravidão, e tudo mais que ocorria na época muito bem retratado pela equipe de arte, criando ótimas nuances e desenvolvendo tudo na medida certa para que o público visse cada momento como algo montado para aquilo sem ir de forma ampliada, ou seja, cada figurino no corpo da garotinha importa, todo o processo do protagonista também se vestir bem para contar as histórias dos jornais importa, e toda a simbologia indígena em alguns atos, escravagista em outros, e até mesmo o "progresso" chegando e acabando com tudo funciona bem da forma que foi mostrado, ou seja, um filme imponente e muito bem feito visualmente.
Enfim, é um filme bem interessante, que até lembra outras produções, mas que tem seu estilo bem desenvolvido ao ponto de nos convencer de que cada momento ali é único e transparece as cenas para nos envolver e sentir na pele os sentimentos de ambos protagonistas, com o medo deles nos atos mais imponentes, suas emoções em cada cidade que passa, e claro o ambiente funcionando para dar os tons propícios de cada momento. Ou seja, é um filme forte, mas que falta um pouco de dinâmica para nos convencer mais com tudo o que tinha para ser mostrado, e que sendo assim alguns até não vão se conectar tanto com a trama, pois precisarão gostar mais de westerns para entrar realmente no clima, e sendo assim até recomendo bem ele, mas com algumas leves ressalvas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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