Diria que o diretor e roteirista Sean Durkin conseguiu ser preciso no que desejava mostrar da vida de mentiras do protagonista, de seus exageros em todos os atos, e principalmente mostrar que isso já não é algo de hoje no momento em que fala com sua mãe que praticamente esqueceu a existência, e de uma maneira tão coerente, e concisa, ele foi expansivo para mostrar cada vez coisas maiores, cada vez dinâmicas mais insanas por parte de todos da família que acabam desesperados sem um norte para viver, e que claro com mais mudanças ainda tudo vai tendendo a mudar. Ou seja, é um drama de primeira linha que trabalha bem o ego que muitas pessoas acabam exagerando em mostrar, em ser algo que não é, e o resultado é bem mostrado no filme com as várias quedas, e claro com alguém tomando a rédea para tentar se recuperar após tudo desmoronar. Não diria que seja um filme extremamente imponente, e que o fluxo completo da forma que tudo é mostrado acaba sendo lento demais, mas o diretor foi bem inteligente no estilo, e o resultado consegue passar bem a mensagem que uma vida de aparências não é tão boa como pode ser uma vida bem vivida com a família realmente, e é essa a mensagem que vale a pena, dita não com essas palavras, mas por uma pessoa simples que é um taxista.
Sobre as atuações, sabemos do potencial imenso que é Jude Law quando colocado em qualquer papel, mas se tem alguém que sabe demonstrar um ego fora dos limites certamente é ele, e ainda com as aulas que teve com seus diversos parceiros de atuação nos últimos anos, o que ele acabou entregando para seu Rory é quase ver olhares de Robert Downey Jr. numa versão de sem ter o dinheiro dele, ou seja, o ator mandou muito bem em seus trejeitos, soube dosar cada momento com precisão, e o resultado são cenas contundentes unidas com uma dinâmica correta e sem muitos exageros, ao ponto que sua discussão com a outra protagonista foi algo incrível de ver. O bacana de ver o estilo de Carrie Coon para sua Allison é que ela se jogou para a personagem sem aberturas, ao ponto que vemos uma mulher disposta a tudo, e que sabe que o marido é exagerado, porém não esperava ver ele decair tanto, e vemos seus sentimentos explodirem completamente quando se vê desesperada após uma noite horrível pós-morte de seu grande amigo, e suas cenas são todas bem marcadas, ou seja, a atriz precisou se expressar muito, e conseguiu. Michael Culkin fez de seu Arthur o tradicional espelho inverso do protagonista, que é aquele que é rico e se mostra simples independente das festas que a esposa faz, ao ponto que vemos o ator completamente solto e sabendo aonde espetar, com olhares fortes e sutis que agradam demais. Quanto aos demais personagens, vale o destaque para as crianças Oona Roche com sua Sam na adolescência, já explosiva e querendo ir além, mas sem saber como ir além, e Charlie Shotwell com seu Ben levemente perdido em cena, no meio de uma indefinição se ainda é criança ou adolescente, aonde ninguém lhe dá a devida atenção, além dos bons símbolos passados pelas mães dos protagonistas (Wendy Crewson e Anne Reid), mas sem que as atrizes pudessem se destacar tanto quanto suas personagens.
Visualmente o longa brinca com elementos de uma grandeza sem tamanho, como a mansão rural cheia de detalhes de diversos séculos, pessoas importantes que passaram por ali, todo o desenvolvimento da construção do estábulo, as roupas chiques, e tudo mais que a equipe de arte acabou impondo para mostrar um algo além, e claro sua devida quebra nos últimos atos, entre festas, degradação, pichações, e tudo mais, ou seja, deram todas as nuances necessárias e foram quebrando elas aos poucos com sutilezas e momentos envolventes.
Enfim, é um filme que tenho certeza que muitos acharão extremamente chato e cansativo pela forma que foi desenvolvido, outros enxergarão muitas outras coisas, então diria que até recomendo ele com algumas ressalvas, a principal do ritmo, mas que vale a pena conferir, principalmente se você é desses que tem um ego exagerado e vive de aparências para se mostrar para os outros, pois talvez ainda dê tempo da queda ser menor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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