O diretor Can Ulkay foi bem sucinto no que desejava passar, e soube conduzir a trama com gestos bem gostosos de ver, ao ponto que acabamos criando um carisma por cada cena mesmo ela parecendo desconectada de todo o resto, ficamos nervosos e desesperados com os atos finais completamente explosivos, e isso é algo que só bons diretores sabem trabalhar, pois é necessário uma sintonia bem fina com os protagonistas para que o longa não desande quando tem muito envolvimento, que foi o caso aqui. Ou seja, ele tinha tudo para entregar um longa incrivelmente perfeito, só que na metade ele dá uma leve descuidada e o filme se revela, o que certamente não era algo que ele queria, e sendo assim até torço para que muitos não peguem a ideia completa ali, pois ai o final é de desabar, afinal o momento completo foi muito bem escrito e narrado por um dos protagonistas.
Sobre as atuações, Çagatay Ulusoy entregou um carisma tão grande para o seu Mehmet que chega a ser algo completamente fora de seu estilo, pois o ator tem um porte de imposição, de brucutu que quebraria tudo na porrada, mas entrega cenas tão doces e bem sintonizadas com os demais que acabamos envolvidos com tudo o que faz pelo garotinho, e claro que nos desesperamos com suas cenas finais, ou seja, o ator foi marcante, e embora muitos conhecessem ele de uma série famosa, gostaria de ver mais ele sendo usado para longas, pois o ator é bom. Ersin Arici foi bem colocado com seu Gonzales, fazendo expressões bem simbólicas para cada momento, e sendo um grande parceiro do protagonista em todos os seus momentos ruins, além de ao final vermos que ele não estava fazendo as caras e bocas por nada, mas sim sendo sincero com os atos, e junto de sua narração foi algo melhor ainda. O garotinho Emir Ali Dogrul trabalhou bem e teve algumas cenas bem interessantes, porém não sei o que pediram para ele, mas sempre parecia assustado com tudo com suas expressões, e isso poderia ter sido melhorado, afinal não era tão necessário esse desespero dele. Dentre os demais cada um teve seus rápidos momentos, mas quase nem aparecendo para funcionar dentro da trama, tendo claro um destaque para Turgay Tanülkü com seu Tahsin que foi simbólico como um pai que acolheu cada um ali dos catadores de papelão, mas não exploraram tanto ele como poderiam.
Visualmente o longa foi bem simples e muito bem encaixado, mostrando a vida dos jovens abandonados de Istambul, catando materiais recicláveis para vender e sobreviver com seus pequenos ganhos de cada dia em seus carrinhos, seus momentos de descontração organizados pelo protagonista, a casa e a oficina administrada pelo protagonista com muitos detalhes simbólicos, uma casa de banho, e claro um apartamento bem marcado que inicialmente já diz alguma coisa, mas que ao final será bem usado, ou seja, a equipe de arte brincou bastante com tudo e o resultado agrada bastante com os elementos cênicos usados.
Enfim, é um filme bem bonito, com momentos envolventes bem colocados, e que funciona bastante, ao ponto que quem não ligar para muitos detalhes técnicos acabará se emocionando bastante com a história, afinal é algo triste de ver, e que muito bem interpretado e dirigido agrada do começo ao fim, só que como disse mais ou menos na metade dá para pegar o fio da meada inteiro e não se impactar tanto com o final, o que é algo ruim de acontecer tão antes, mas não é nada que atrapalhe, então vale a recomendação. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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