Netflix - Silenciadas (Akelarre) (Coven)

3/13/2021 10:48:00 PM |

Costumo gostar bastante de longas que envolvam bruxarias, que envolvam as famosas inquisições espanholas que ocorreram há muito tempo e só vimos pouca coisa nas aulas de História, mas que sempre nos filmes colocam força visual de impacto para chamar atenção, e quando é lançado algo geralmente tem uma boa aceitação, afinal o público gosta de ver coisas tabu nas telonas e telinhas, e geralmente são histórias bem contadas e imponentes, porém diria que o lançamento espanhol da Netflix, "Silenciadas", acabou entregando algo que tenha faltado uma história de antes ou depois, sendo o miolo de algo maior, pois tudo acontece e termina com uma rapidez tamanha que ficamos pensando se dormimos ou se perdemos algo, parecendo que o diretor apenas quis mostrar uma imposição num grupo, conhecendo um ritual fictício das garotas, mas que não se encaixa bem. Ou seja, não é um filme ruim, pois mostra como as mulheres eram tratadas na época, sem poder dançar, sem poder fazer nada, e que independente de falarem ou não a verdade em frente dos tribunais religiosos, eram castigadas, torturadas e tudo mais em cima de suas "feitiçarias", mas certamente poderiam ter criado uma história um pouco maior, que com uns 20 minutos a mais funcionaria muito melhor.

O longa nos situa em 1609, no País Basco (ao norte da Espanha). Em uma terra cheia de lendas pagãs e antigas tradições, o juiz Rostegui pertencente à Inquisição Espanhola é escolhido pelo rei Felipe III para ser enviado com um notário e um grupo de soldados para purificar toda a região, viajando de cidade em cidade para queimar qualquer mulher com sinais de ser uma bruxa. Obcecado em revelar os segredos do infame Sabá (uma festa teórica onde as bruxas fazem um ritual não apenas para invocar o Diabo, mas para prometer lealdade e acasalar com ele) e negou acreditar que isso não existe em sua absoluta convicção de que é pra valer, Rostegui chega a um vilarejo costeiro sem nome e sem homens (depois dos marinheiros saírem navegando pelo mar) onde cinco garotas de 20 anos estão presas: Ana, Olaia, María, Maider e a ainda adolescente Katalin. Sem saber o motivo da prisão, as meninas são submetidas a um duro interrogatório incluindo tortura para obter a confissão de que são bruxas e como é o ritual do Sabá. Depois de ver horrorizada como Maider é raspada na cabeça e severamente torturada em seu corpo em busca do selo de Satanás (uma marca supostamente secreta e invisível deixada no corpo de uma bruxa que deixa essa parte de seu corpo insensível a qualquer dor), uma assustadora Ana convence as demais para inventar todo o Sabá para Rostegui, explicando para ele o máximo possível, esperando que seus pais voltem em uma semana durante a maré de lua cheia. Descobrindo o interesse especial de Rostegui por ela, e misturando antigas tradições bascas com canções populares, Ana e os outros usarão toda a imaginação para salvar suas vidas. 

Optei por colocar uma das sinopses maiores que a Netflix disponibilizou para que ninguém fique muito perdido na trama, pois sem todos os anseios visuais que o diretor Pablo Agüero criou, a trama sozinha não fala muita coisa, e o resultado acaba fluindo de uma forma meio que jogada, mas se pararmos para analisar o resultado o filme até tem um estilo funcional, mas que certamente se o diretor tivesse ido além criando uma história maior o resultado seria ainda melhor. Ou seja, para quem gosta de ver filmes históricos, o resultado até agrada como um recorte bem marcado, mas para aqueles que preferirem um algo a mais, o resultado vai soar estranho, mostrando que o estilo do diretor/roteirista é algo clássico, que procurou mostrar bem os rituais, os figurinos, e a essência, mas não indo muito além no caso todo, e assim não demonstrando imponência de criatividade.

Sobre as atuações vale destacar toda a imponência de Amaia Aberasturi com sua Ana cheia de trejeitos, com uma dinâmica precisa e determinada, que consegue chamar muita atenção tanto do júri inquisidor quanto do público, e dessa forma o resultado agrada demais com tudo o que faz em cena, e se o filme focasse só nela o resultado seria ainda melhor. Alex Brendemühl também foi bem direto na personalidade de seu Rostegui, com atos fortes e olhares bem diretos, mostrando e fazendo tudo para entregar sua opinião, e claro interpretação da vida das garotas, e nos convence bem do que estava fazendo ali. Daniel Fanego foi bem colocado como um conselheiro, e junto de Asier Oruesagasti como o padre da comunidade das garotas fizeram expressões bem fortes e assustadas frente a tudo o que acontece na sua frente, e conseguiram se destacar também. Quanto as demais garotas, não diria que foram ruins em seus atos, tendo algumas até uma boa expressividade para chamar atenção, porém suas personagens não foram muito além nas cenas de cada uma, tendo a pequena Garazi Urkola soado exagerada com sua Katalin, mas não falhando ao menos.

Visualmente o longa está incrível e trabalha muito bem todas as prisões da Inquisição, usando celeiros em quase todas as vilas por onde passavam, mostrando as mulheres com seus trabalhos manuais, os pequenos hotéis aonde os viajantes ficavam repousados, todo o processo de julgamento com desenhos e retaliações, as formas que usavam para ouvir o que desejavam ouvir, e assim sendo vemos figurinos imponentes, muitos ambientes marcantes, e principalmente na cena final um ritual incrível feito da mesma forma que a jovem descreveu para o inquisidor, mostrando que a equipe de arte estava disposta a tudo para mostrar força visual e criar um resultado incrível de ver.

Enfim, é um filme que tem um conteúdo bacana, que soube usar bem o visual, mas que faltou um pouco de ousadia no ritmo, tendo alguns momentos exageradamente lentos, e que não determinando um contexto maior na história acabou faltando muito para impressionar, ou seja, o filme não chama muita atenção, mas não é de todo ruim, valendo para quem gosta de algo histórico, mas que não se preocupe com uma história mais montada. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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