Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragoon)

3/05/2021 01:48:00 AM |

Me desculpe os pixarmaníacos, mas pra esse Coelho ainda confio muito mais nas animações da equipe do rato do que nas do abajurzinho saltitante, e sempre que vou conferir os filmes da Disney já chego esperando algo muito além do que o imaginado, e que as vezes me decepciono pelo excesso de expectativas, mas hoje felizmente com "Raya e o Último Dragão" não apenas vi um lindíssimo filme, com uma mensagem ainda mais bonita sobre confiança e união para resolver um problema comum ao invés de brigas e guerras (algo que estamos precisando muito ultimamente), mas vi algo tão perfeito de técnicas, com texturas incríveis, personagens envolventes desde os mais secundários até os perfeitos protagonistas, com lutas precisas, piadas na medida certa e principalmente a qualidade Disney de uma animação, daquelas que se nada de muito surpreendente aparecer esse ano de animação já podem abrir espaço para os prêmios que virá de tonelada (e olha que esse é a primeira animação mesmo do ano, vindo praticamente no começo da temporada!). Ou seja, é um filme incrível daqueles para se ver várias vezes, e principalmente para que todos reflitam sobre a mensagem passada, pois é muito lindo e emocionante.

O longa nos conta que há muito tempo, no mundo de fantasia de Kumandra, humanos e dragões viviam juntos em harmonia. Mas quando uma força maligna ameaçou a terra, os dragões se sacrificaram para salvar a humanidade. Agora, 500 anos depois, o mesmo mal voltou e cabe a uma guerreira solitária, Raya, rastrear o lendário último dragão para restaurar a terra despedaçada e seu povo dividido. No entanto, ao longo de sua jornada, ela aprenderá que será necessário mais do que um dragão para salvar o mundo – também será necessário confiança e trabalho em equipe.

Diria que o quarteto de diretores Don Hall, Carlos López Estrada, Paul Briggs e John Ripa tiveram a sensibilidade de abrir a história o tanto quanto podiam, indo até além do que foi escrito pelos dez roteiristas, pois facilmente a trama daria para ser mais redondinha e segurar toda a barra em um ou outro momento, porém foram desenvolvendo cada particularidade de cada vila de acordo com os ambientes (ou partes de um dragão), colocando elementos de envolvimento e de estruturas tão bem pensadas que vamos nos envolvendo com os personagens e com o clima de cada cidade ali mostrada, e claro com os personagens de cada lugar que passam a integrar o time da protagonista meio como por vontade, e o resultado vai funcionando e agradando demais. E um ponto que temos de frisar é que mesmo eu brincando no começo, a Disney teve uma mudança drástica com esse filme, pois geralmente entregava filmes mais divertidos e bobinhos, mas com a junção com a Pixar, aqui temos algo mais sério e centrado, aonde temos sim elementos cômicos espalhados, mas o envolvimento toma a maior parte do tempo da trama, e o mote encontrado é fortíssimo, afinal desenvolver confiança é algo complexo demais, e como foi tratado aqui foi ainda mais difícil de pensar em acontecer.

Sobre os personagens, chega a ser até engraçado que parece daqueles elencos que você gosta de ver todos em cena, e que junto com uma dublagem cheia de piadas e sacadas nacionais o resultado até funciona muito bem, ou seja, é o conjunto completo que agrada do começo ao fim, sendo bem introduzido cada personagem no seu devido momento e que contando com ótimas texturas em tudo quase vemos personagens reais em cena, principalmente pelos cortes de cabelo bem modernos. Dito isso, a protagonista Raya é envolvente, cheia de manias e claro incisiva no que quer, ao ponto que funcionou muito bem como uma guerreira, como uma líder de grupo, e claro com um estilo de princesa levemente novo para a Disney, se jogando numa força de Elsa sem poderes, com a pegada destemida de Mérida, mas ainda assim sendo algo bem novo de ver o que agrada bastante do começo ao fim, além da dubladora brasileira Lina Mendes ter entregue um tom bem gostoso para a voz da personagem. O caracol Tuk Tuk é uma graça e foi bem usado sem ser apelativo, encaixado bem em todos os momentos. O jovem Boun é daqueles agitados que dão a pegada para a trama fluir, e suas sacadas chamam demais a atenção, e o melhor sem sobrepor a protagonista, o que é algo bem raro de ver funcionar nesse estilo. O bebezinho junto com os macacos foi o agito que faltava de uma maneira sensacional cheia de sacadas diretas e envolvimento preciso tanto para rir como para reparar na destreza (lembrando bem um filme de outra produtora que caiu nos gostos do povo, e será provável competidor nas premiações do ano que vem!). O grandalhão Tong foi emotivo e envolvente para as cenas que foi colocado, parecendo ser algo deslocado, mas que agrada bastante. A dragão Sisu é agitada, cheia de cores e magias, consegue dar bons momentos e divertir sem soar boba, e a cada desenvoltura mais maluca que faz acaba nos divertindo e encaixando nos vários momentos do filme (aliás fiquei curioso para ver legendado pra ver o que Awkwafina fez com seu jeito louco de falar, apesar que a dubladora nacional Priscilla Concepcion bateu um bolão também). E claro a antagonista Namaari foi de uma destreza de olhares, com uma pegada forte, violenta, mas também com um carisma bem marcado junto de seus gatos imensos, e isso funciona demais no estilo, além de um cabelo moderno demais que é bem copiado de sua mãe que tecnicamente seria a vilã do filme até mais que a garota, e agradou também. Enfim, um elenco de peso.

Visualmente a trama também foi incrível, cheio de nuances, cores marcantes, simbolismo oriental, diversas vilas por onde a protagonista passa cada uma com seus devidos detalhes que a protagonista cita no começo da trama (sendo parte dos dragões Cauda, Coração, Presa, Coluna e Garra) com muitos, mais muitos detalhes simbólicos que pra enumerar ficaria dias falando, ou seja, um trabalho impecável da equipe de arte que criou tudo do zero, além claro de muitas texturas, tudo parecendo o mais real possível e envolvendo com minúcias, desde uma chuva cheia de cores, até névoa e tudo mais que cada dragão tinha seu poder. Aliás falando de chuva, quem for conferir nos cinemas tem o curtinha antes do longa começar efetivamente, "Juntos Novamente", que é muito gracioso mostrando a dança como parte da vida de dois velhinhos. Outro ponto que funcionou bem é que mesmo o longa não sendo exibido em 3D, é notável que pensaram em muitos pontos com nuances de tridimensionalidade, muitos elementos voadores, e claro muita perspectiva, o que acaba fazendo a animação ficar mais realista, ou seja, quem conferir nas TVs com tecnologia talvez veja ainda mais do que vi.

Enfim, é um longa perfeito, que certamente vai emocionar a muitos, que conseguiu ter estilo do começo ao fim, com uma dinâmica bem agitada que não cansa (minto, o começo é um pouco demorado para acontecer, mas passa rápido), e que certamente vai agradar tanto os pequenos pelas muitas cores e pela história bem cadenciada cheia de personagens interessantes, quanto os mais velhos que vão cair em lágrimas com o mote apresentado, ou seja, diversão para toda a família seja nos cinemas ou para quem quiser dar o play no Disney+ pagando uma taxa extra, então recomendo com certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos (agora do streaming, afinal no estado de SP ficaremos pelo menos 15 dias sem cinemas!), então abraços e até logo mais.

PS: Diria que tiraria meio ponto pelo começo meio enroscado, mas foi um filme que me emocionei muito em vários momentos, e estando também muito bonzinho hoje, e assim sendo vou manter a nota máxima.


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