VOD - Druk - Mais Uma Rodada (Druk) (Another Round)

3/30/2021 01:06:00 AM |

Se você é daqueles que fala que um golinho de bebida alcóolica é bom para ajudar a memória, ou para desenvolver algo que não consegue sair do papel, ou até mesmo para dar um melhorada nos ânimos, certamente irá gostar da proposta mostrada pelo filme dinamarquês "Druk - Mais Uma Rodada", que usa essa base como uma ideia de quatro professores de uma escola, que ao verem uma ideia de uma base de testes em cima de um experimento que diz que você deve manter um certo percentual de álcool durante todo o dia para que seu corpo trabalhe melhor, ou seja, começam aos poucos e depois vão incrementando até mostrar o quão perigoso e nocivo toda a bebedeira acaba se transformando. Diria que é um longa bem intenso e muito bem formatado, que acaba agradando bastante principalmente nas boas cenas do primeiro e do segundo ato, porém quando entramos no fechamento tudo pareceu desandar completamente e ficar jogado demais, meio que como se necessitassem encerrar tudo de qualquer forma, o que geralmente não é legal de acontecer, e assim sendo temos um pouco de bagunça demais, mas ainda assim é um filme muito bem feito que acabou ganhando além da indicação de Melhor Filme Internacional no Oscar, uma vaga também para o diretor entre os indicados à Melhor Direção, ou seja, faz valer o tempo conferido.

O longa nos conta a história de quatro professores com problemas em suas vidas, testando a teoria de que ao manter um nível constante de álcool em suas correntes sanguíneas, suas vidas irão melhorar. De início, os resultados são animadores, porém, no decorrer da experiência, eles percebem que nem tudo é tão simples assim.

A grande sacada do diretor Thomas Vinterberg foi ser determinante no estilo de mostrar os prós e os contras da bebida, dosando de tudo um pouco, e colocando que o vício pode ser determinante quando uma pessoa não tem o controle do que fazer após ingerir o álcool, e ele conseguiu dar dinâmicas bem coesas para os momentos, criar todo o tema em cima do seu próprio roteiro, e até fazer com que talvez ficássemos curiosos pelo experimento citado, afinal também gostamos de tomar uma bebida, e saber dosar as vezes é algo que funcionaria num momento de depressão/loucura (brincadeiras à parte ok galera!). Só o criticaria mais uma vez por ele não ter dominado a edição de sua trama, pois como já disse, o final da trama acabou jogado demais, não pela última cena que é até bacana de ver, mas por todo o ato final, que pareceu corrido demais, não tendo nenhum desenvolvimento cadenciado como foi todo o filme, além de que as conversas de celular ficaram exatamente iguais ao texto do experimento, e essa formatação merecia ser diferenciada, ou seja, ele teve uma boa proposta, construiu tudo, e depois abandonou para ser fechado, mas conseguiu pela sagacidade completa uma indicação ao Oscar pela direção que fez, e isso já é um grandioso prêmio para ele com toda certeza.

Sobre as atuações, conhecemos bem o lado denso de Mads Mikkelsen por tudo o que já fez em Hollywood, e bem pouco por suas produções dinamarquesas, afinal não chegam tantos longas do país por aqui, e seu lado dramático é interessante de ver, pois ele puxa para algo mais rude e duro, ao ponto que seu Martin acaba dando nuances divertidas para suas aulas de História, falando muito sobre o quanto os diversos grandes nomes da História bebiam, e sendo alguém exageradamente falso de ver com e sem a bebida, o que é bacana de acompanhar, mas estranho, pois poderia ter feito algo no meio termo. Thomas Bo Larsen já foi o mais exagerado e explosivo com a bebedeira, colocando o treinador de futebol Tommy como uma bomba sem controle de loucuras, e soando até engraçado ver as dinâmicas que acaba fazendo, só forçou um pouco demais nas expressões faciais, mas tudo bem. Magnus Millang trouxe para seu professor de literatura Nicolaj o desespero de uma família nova, com muitas crianças e situações tensas por ali, ao ponto que vemos seus problemas acontecerem mais em casa do que na escola realmente (aliás temos apenas uma cena de suas aulas, e nem vai muito além), mas o ator foi bem como o mentor de todo o experimento, e abusou de diversos tipos de misturas para dar loucura para ele e seus amigos. E por fim Lars Ranthe com seu professor de música Peter, que entre todos foi o mais contido inicialmente, mas o que mais se soltava com as bebidas, e teve momentos dinâmicos, muitas loucuras nas aulas, e ainda manteve uma coerência expressiva nas suas cenas para encaixar tudo o que estava acontecendo. Quanto aos demais, tivemos algumas participações das mulheres, mas sem muito o que desenvolver, afinal o filme era praticamente inteiro do quarteto, tendo então um leve destaque para algumas cenas de Maria Bonnevie com sua Anika, ao ponto que até poderia ter sido mais contundente nas cenas com o marido, mas não foi muito além.

Visualmente o longa brincou com alguns momentos na escola aonde os protagonistas trabalham, mas vivenciou muito nas bebedeiras nas casas deles, em bares do país e até beira-mar, além de uma ida completamente embriagada às compras num supermercado, e com isso arrumaram para a equipe de arte muitas garrafas de todos os tipos de bebidas, muitos copos, muita ornamentação alcoólica, e claro bagunças de todos os tipos, aonde tudo soou como símbolos de cada momento, desde cenas com lençóis molhados, cenas com objetos quebrados, e muita louça, além de alguns atos de interação num passeio de canoa com acampamento, e uma cena triste numa igreja com tudo bem paramentado também.

Enfim, é um filme bem bacana, que diverte e agrada com certeza, que entra bem na briga pelo prêmio de Melhor Filme Internacional do Oscar 2021, e que já está levando muitas indicações e prêmios em diversas outras premiações, então é torcer para não ligarem tanto para o final bagunçado e ver no que vai dar. Quem quiser conferir o longa ele está para locação em diversas plataformas como o Now e o Google Play, então fica a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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