quarta-feira, 14 de abril de 2021

Amazon Prime Video - A Espiã (Spionen) (The Spy)

O cinema norueguês é daqueles que não entregam toneladas de filmes por ano (ao menos não chega tanto por aqui!), mas quando aparece vem com tramas interessantes, com pegadas técnicas bem trabalhadas, e que principalmente sabem passar uma história real de uma forma viva e com dinâmicas suficientes para envolver a todos, e com o longa que está na plataforma da Amazon Prime Video, "A Espiã", acabamos conhecendo a história real de uma atriz que acabou se envolvendo numa espionagem dupla entre os nazistas e os aliados, claro para tentar salvar sua família, e acabou dizimando sua carreira com isso. E assim sendo vemos uma trama bem realista, com pegadas fortes de discursos, boas atuações investigativas, mas que certamente poderiam ter ido muito além com a tensão, afinal a moça estava fazendo coisas erradas para os dois lados, e certamente foi muito mais tenso tudo do que bonito e fácil como foi mostrado, mas aí entrou o lado ficcional, e o acerto até que foi bem feito.

A sinopse nos conta que Sonja Wigert viveu como diva e estrela em Estocolmo no início da Segunda Guerra Mundial e rapidamente chamou a atenção do oficial nazista Josef Terboven. Wigert é recrutada pela inteligência sueca como espiã e mantém contato íntimo com Terboven, que a recruta para espionar os suecos. Com seu pai na prisão em Oslo, e uma história de amor nascente para um diplomata húngaro em Estocolmo, Sonja tem que se mover em uma linha estreita para lidar com um jogo - e um papel - que tem consequências fatais para ela. O filme é baseado na biografia de Sonja Wigert, escrita por Iselin Theien.

O diretor Jens Jonsson entregou um trabalho simples e completamente coerente dentro do que era proposto para a trama, não tendo nenhuma cena com grandiosas ousadias, mas também não fazendo cenas sem nexo como acabam ocorrendo muitas vezes em longas que contam histórias reais, ao ponto que ele conseguiu mostrar tanto o lado da protagonista apoiando o lado alemão, quanto o lado dos aliados, claro que por motivos óbvios que sua família estava em risco, mas sem precisar ficar enfeitando as nuances, nem fazendo ela de uma vítima completa, ao ponto que tudo é bem trabalhado, e a essência cênica acaba funcionando bastante com estilo e muita classe, com cada ato bem certinho, bem montado, e principalmente bem produzido, afinal estamos falando de uma trama de época, aonde tudo já foi visto tantas vezes em outras produções que não dá para inventar muito, e assim sendo vemos um filme forte, bem dirigido, e que não falha ao menos em técnica, pois mesmo a história não sendo algo completamente explosiva, ela é bem boa, e mostra que muitos acabaram se queimando por apoiar, ou ao menos aparentar ter apoiado por algum motivo, os alemães na Guerra.

Sobre as atuações, Ingrid Bolsø Berdal entregou uma Sonja bem desenvolvida, com todo estilão clássico das musas do cinema da época, com um estilo marcado e sedutor, e principalmente bem disposta para tudo o que acaba ocorrendo nas suas interações, ao ponto que vemos a atriz sempre com olhares diretos e sem muitos receios, o que acabou faltando um pouco é o que já disse de temor de ser pega, afinal como bem sabemos espiões não se deixavam levar tão facilmente, e aqui a atriz fez muitas cenas que numa guerra teria sido morta rapidamente. Rolf Lassgård trabalhou bem seu Akrell, sendo direto ao ponto e sem enfeitar as nuances foi forte e claro como o agenciador da jovem atriz no meio do serviço secreto sueco, e sem muitos deslizes foi claro e sempre aparecendo bem nas espreitas. Damien Chapelle trouxe para seu Andor um ar bem simples que até ficou parecendo meio que jogado no início, mas com o andamento da trama ele acaba conquistando a protagonista, e também o público, ao ponto que dá até para torcer pelo personagem, porém poderia ter ido um pouco além no envolvimento, e claro, terem trabalhado mais o seu lado "espião" de algum outro lado. Alexander Scheer foi bem imponente com seu Terboven, ao ponto que o vemos como aqueles nazistas que parecem menos ruins, mas que quando olhamos suas facetas insanas ficamos ainda com mais ódio, e o ator foi muito bem no que quis mostrar, e acertou bastante em tudo, cheio de olhares fluindo e uma intensidade na medida certa nem sendo muito explosiva, nem dominadora demais. Quanto aos demais, cada um apareceu pouco e teve as conexões tanto políticas quanto familiares com a protagonista, tendo destaque para Johan Widerberg com seu von Gosslerr intimidador, e que inicialmente parecia meio que inútil para mais ao final ter grandes participações, ou seja, todos acabaram sendo interessantes, com boas interpretações e completamente funcionais para o filme.

Visualmente o longa teve boas cenas mostrando a apropriação de algumas mansões para os comandantes alemães nas cidades, aonde eles decoravam ao seu modo com quadros de Hitler e tudo mais de imponente, claro sempre lotado de guardas ao redor, vemos um bom trabalho de palco para as peças que a protagonista encenava na época, e ainda locações espalhadas para mostrar os ambientes mais remotos aonde o casal vai se esconder e viver um período, e claro mantendo todo um tom escuro para dar uma densidade fizeram com que o filme tivesse um ambiente tenso bem colocado e marcado que acaba agradando bastante.

Enfim, é um filme que se formos olhar a fundo é bem simples, mas que de certa forma traz um bom envolvimento e agrada bastante com uma história real interessante de conferir, e que vale a indicação, principalmente para quem gosta de tramas de época, afinal já vimos tantos longas sobre a Segunda Guerra Mundial e a ocupação alemã, que muitos já estão até cansados disso, mas aqui temos algo ao menos diferente para agradar, mesmo não sendo um filme daqueles memoráveis. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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