A sinopse nos conta que em meio à turbulência política da ditadura de Pinochet no Chile nos anos 80, uma velha e pobre travesti se envolve em uma arriscada operação clandestina após se apaixonar por um guerrilheiro que pede que ela esconda segredos perigosos da resistência em sua casa.
Diria que o diretor Rodrigo Sepúlveda foi coerente na escolha da forma de dimensionar sua trama, pois o filme poderia ao mesmo tempo ser pejorativo demais, ou então puxar para o lado genérico e sair completamente do eixo histórico também, então sabendo bem trabalhar os dois lados ele conseguiu que o filme tivesse conteúdo e ainda envolvesse bem. Claro que ficou uma alquimia estranha, e muitos vão conferir achando estranho toda a vida da protagonista, porém a essência funciona de uma maneira bem colocada e acaba chamando a atenção dentro do proposto e conseguimos ver tanto o lado da protagonista que acaba se apaixonando demais, e claro iludida também pelo jovem (a dica da amiga que ela terá o coração partido em breve é perfeita), e talvez se colocasse um pouco mais de política e da revolução o resultado da trama seria perfeito, mas é fácil notar que desejavam um ar mais romântico do que tenso, e assim sendo vale ver pela amplitude completa, mas é notável que a mistura embora tenha ares bonitos e interessantes, também tem quebras estranhas demais de funcionar por completo.
Sobre as atuações tenho de pontuar que Alfredo Castro dá um show com sua La Loca, dominando todo o ambiente, fazendo trejeitos fortes e bem dinâmicos, e principalmente se soltando completamente dentro de toda a trama ao ponto que tudo flui de forma incrível, além claro de passar um ar simpático e gostoso de ver, pois facilmente no início aparentava que o longa se desconectaria demais, mas o protagonista conseguiu manter tudo no eixo, chamar a atenção, e principalmente a responsabilidade sobre si, agradando demais em tudo. Leonardo Ortizgris também teve atos bem dinâmicos com seu misterioso Carlos, e ao mesmo tempo que vemos um ar de empatia e boa vivência dele com o protagonista, também sentimos ao fundo que ele pode estar apenas usando a travesti, e o resultado disso é que ao mesmo tempo que gostamos de ver seus atos, seus sorrisos, também ficamos bem desconfiados dele, e com isso o personagem fica sempre no meio do caminho, mas o ator se sai bem. Quanto aos demais diria que apenas temos conexões rápidas, desde a dona do mercadinho em frente a casa da protagonista que lhe libera o telefone, passando pelas amigas travesti que fazem shows junto, até chegarmos na revolucionária imponente que faz carões, mas sem grandes destaques para ninguém, e isso é bom para manter o filme focado apenas no casal.
Visualmente a trama tem uma boa pegada mostrando cenas das marchas pedindo a queda do ditador, mostra uma casa completamente em ruínas que a protagonista fala de ter ido morar após um terremoto, mas tudo com muitos detalhes cênicos para dar um certo charme no ambiente com as toalhas que ela borda para ela e para os ricos, temos as nuances da revolução com os revolucionários escondendo armamentos em meio a livros, e claro vemos paisagens bem colocadas aonde os protagonistas vão para ter um encontro romântico, mas também com segundas intenções guerrilheiras de ambientes, ou seja, o filme brinca de jogar sempre para os dois lados, e o visual funciona assim também.
Enfim, é um filme bacana de conferir, que tem um envolvimento funcional interessante, e que talvez pudesse ter ido até um pouco mais além, mas que funciona bem dentro do que se propõe e consegue ser gostoso de acompanhar sem forçar para nenhum dos dois lados, mas que friso que a alquimia completa entre os temas não funcionou muito bem, dando para olhar pelos dois lados, mas não por um único, e sendo assim recomendo o filme com algumas ressalvas demais, que talvez muitos não entrem completamente no clima que desejavam mostrar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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