AppleTV+ - Cherry - Inocência Perdida (Cherry)

4/06/2021 01:52:00 AM |

Já me indicaram muitos filmes que aparentavam ser bons, seja pelo elenco conhecido, pelos diretores imponentes, ou até mesmo pela história em si, e quando fui conferir não empolgou em nada, mas hoje esse que foi um dos investimentos mais caros da AppleTV+ até hoje superou tudo e mais um pouco, pois o novo longa dos Irmãos Russo, que todos conhecem pelos grandiosos últimos filmes dos Vingadores, "Cherry - Inocência Perdida" é daqueles que vemos claramente como gastar um dinheiro imenso erroneamente, com uma trama cansativa, um filme cheio de ambientes e desenvolturas, desde cenas grandiosas de guerra, muitas cenas de assaltos bobos que não dá para acreditar que alguém num banco entregasse o dinheiro assim tão facilmente, diversos momentos com drogas de todos os tipos, e claro muita insanidade por parte dos protagonistas que até entregam uma boa química entre eles, com um romance bem drogado e interessante de ver. Ou seja, é um filme que não chega a ser ruim, por ter uma produção grandiosa e bem chamativa, mas é fraco de atitudes e cansa mais do que empolga, e assim nem quem curtir muito dramas vai acabar se envolvendo com o filme, a não ser que seja exageradamente fã do protagonista.

A sinopse nos conta que Cherry tranca a faculdade e vai servir na guerra do Iraque, com o apoio de sua amada Emily. Mas ao voltar para casa com transtorno de estresse pós-traumático e tentar encontrar seu lugar no mundo, sua vida entra em uma espiral descendente rumo ao mundo das drogas e do crime.

Claro que o filme tem todo o estilo que os diretores Anthony e Joe Russo sempre entregam em suas produções, porém faltou uma determinação maior em cima do tema, uma desenvoltura maior em cima dos papeis, e não apenas mostrar um dependente químico maluco, que se droga junto com a namorada após um estresse traumático de guerra (algo que sabemos que ocorre aos montes), e mostrar assaltos bobos irreais para arrumar dinheiro, pois sim sabemos que muitos viciados roubam aos montes lojas pequenas e alguns bancos menores, mas vir mostrar uma nota escrita estou armado, isso é um assalto é algo que nem o caixa de banco mais idiota do mundo entregaria uma tonelada de dinheiro. Ou seja, acabaram gastando tanto na produção, nas cenas de guerra, nas grandiosas loucuras e tudo mais, que esqueceram de pelo menos colocar o arbitrário real para pensar, e mesmo nas cenas mais melosas do casal poderiam ter feito algo um pouco mais forte com eles, pois a monotonia cansa o público. Outro detalhe que os Russo são bons e não usaram aqui, já fizeram filmes gigantescos com dezenas de personagens e não precisaram capitular, sabendo fazer sequências de conexões perfeitas para que tudo fosse alinhado e funcional, e aqui foram colocar capítulos em tudo, com montagens pífias e estranhas, ou seja, gastaram o dinheiro da Apple e só. Agora se tenho de elogiar algo, faço isso com gosto, pois os nomes que deram para os bancos, para os médicos foi algo genial e muito bem divertido como uma sacada bem irônica e funcional, além da ótima transformação de maquiagem para com o protagonista em diversos momentos, mostrando mais gordo, com bigode, com cortes de cabelo e tudo mais, ou seja, nesse quesito acertaram bem, e se talvez tivessem usado mais isso, e brincado mais com a ironia em tudo ao invés do melodrama, o resultado seria completamente outro filme muito melhor.

Sobre as atuações, diria que facilmente Tom Holland vem crescendo muito na carreira de ator, cada vez pegando projetos maiores, mas não anda caindo em papeis que o valorizem como ator dramático, tanto que no longa da Netflix, "O Diabo de Cada Dia" ele teve críticas bem mistas com muita pressão em cima de seus trejeitos, e aqui novamente temos a mesma situação, ao ponto que ele se entrega bem para os papeis, faz estilos fortes e tudo mais, mas seu Cherry não tem uma consistência, misturando momentos explosivos que não parecem verdadeiros, e emocionando com melodramas demais, ou seja, ele foi muito bom quando adolescente, e se não começar a pegar papeis que mostrem mais sua personalidade realmente corre o risco de daqui a alguns anos não saberem aonde colocar ele, mas isso é uma opinião minha, e posso estar bem errado, como também posso estar muito certo como já acontecer com outras promessas que acabaram sumindo de Hollywood por não acertarem em projetos mais ousados. Ciara Bravo foi meiga demais em alguns momentos com sua Emily, e tentaram quebrar isso com algumas cenas mais doidas de seus atos drogados, e isso não é algo que a mostrasse realmente, de forma que não a vemos como alguém quebrado ou desesperado realmente, parecendo que a artista não estava fazendo algo próprio e sim forçando a desenvoltura a pedido dos diretores, ou seja, talvez algo mais comum chamaria mais atenção do que a quebra do estereótipo mostrado com alguém não comum, ou seja, não convenceu, porém a química do casal ficou bacana de ver, e isso poderia ter sido melhor explorado. Quanto aos demais, tivemos o lado dos amigos drogados engraçados e malucos, com destaque para Jack Reynor e Forrest Goodluck com seus Pills and Coke e James Lightfood respectivamente, e do outro lado os amigos de guerra com destaque para Jeff Wahlber com seu Jimenez, mas nada que surpreendessem em nenhum dos três, sendo apenas bons personagens de conexão para os protagonistas.

Agora sem dúvida alguma os Russos sabem produzir coisas gigantescas, e aqui temos câmeras fazendo tomadas aéreas imensas para mostrar a magnitude dos cenários da guerra, com muitos ambientes repletos de figurantes e muitas salas/quartos dos alojamentos, vemos cenas com diversos tanques, helicópteros e tudo mais aparecendo em diversos ângulos e explosões, e mesmo na cidade tivemos bancos de todos os tipos possíveis, com muitos personagens aleatórios, nas cenas dentro da casa dos protagonistas tivemos todo tipo de droga e de formas de se drogarem e namorarem filosofando e dormindo, com loucuras possíveis e impossíveis de ver quando estavam dopados, e mesmo no epílogo fizeram questão de dar todas as nuances possíveis da cadeia com elementos mil e mais toneladas de figurantes passando diversos anos sem nem gastarem um diálogo só que fosse, enquanto a equipe filmava milhares de cenas, e a equipe de maquiagem suava horrores para fazer as transformações no protagonista. Ou seja, é daqueles filmes que acabam sendo bonitos de ver por todo o trabalho envolvido, mas que mereciam ter usado isso para melhorar a história e não apenas para jogar na tela o dinheiro gasto.

Enfim, é um filme interessante de ser conferido pelo que falei aqui em cima, por uma produção gigantesca muito bem feita, com elementos cênicos incríveis e tudo mais, porém é uma história simples, chata, e que mesmo tendo muita ironia envolvida para dar algumas quebras e tentar divertir o espectador, acaba não funcionando e não agradando como poderia, resultando em algo bem mediano, que volto a afirmar que só os fãs do ator talvez irão gostar, enquanto os demais irão se cansar na metade, terminando a força praticamente para ver se vão gostar do fim. E sendo assim, só recomendo se você estiver com muita vontade realmente de ver o filme, pois são 142 minutos custosos de passar, e que realmente fiquei bravo com as pessoas que me recomendaram ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Acho que poderia dar uma nota até menor para a trama toda, mas a grandiosidade do projeto em si acaba valendo pelo menos 6.


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