Netflix - Upgrade: Atualização (Upgrade)

4/17/2021 08:08:00 PM |

Chega a ser até engraçado ver um filme com tanta violência funcionar bem na tela, e o pior conseguir envolver com um roteiro confuso e cheio de ideologias estranhas em cima de algo futurístico exagerado, mas que passa bem a mensagem, e principalmente mostra que nem sempre devemos confiar nas máquinas, pois elas podem se rebelar, e já vimos isso em inúmeros filmes. Ou seja, a trama do longa "Upgrade: Atualização", que entrou em cartaz na Netflix, é bem interessante e bem trabalhada dentro da proposta de mostrar uma vingança sendo bem arquitetada, uma dinâmica computacional inteligente e bem feita, e principalmente boas lutas, pois geralmente é o que o público fã do estilo gosta de ver, porém mesmo tendo uma história até que boa de base, a trama tem alguns exageros que forçaram demais a barra, como se a cidade completamente controlada por drones, chips e tudo mais não acompanhava o protagonista indo matar as pessoas, além de termos as atuações dos vilões jogadas demais, não fluindo como deveria. Ou seja, é um bom filme, que até agrada bastante pelo conceito em si, mas dava pra ficar um pouco mais realista sem exagerar tanto, e assim o resultado chamaria mais atenção.

A sinopse nos conta que em um futuro não tão distante, onde as máquinas se integraram perfeitamente aos aspectos multifacetados de nossas vidas, o mundo depende quase inteiramente da tecnologia para fazer até as tarefas mais complicadas para nós. Como resultado, cada vez mais, o mecânico de automóveis da velha escola e tímido em termos de tecnologia, Grey Trace, está se sentindo como um peixe fora d'água; um homem teimosamente analógico vivendo em um admirável mundo digital novo. Então, de repente, um terrível incidente noturno rouba Grey de sua felicidade, deixando-o um tetraplégico inútil. Agora, o solitário magnata da tecnologia, Eron Keen, surge com uma oferta, prometendo a Trace preencher a lacuna dolorosa entre seus membros indiferentes e seu cérebro com a ajuda de sua mais recente invenção de última geração: o poderoso microchip Stem. Mas e se a cura for pior do que a doença?

O diretor e roteirista Leigh Whannell é daqueles que amam violência no nível máximo, e que tem sempre ideias brilhantes, vide que escreveu os sucessos "Jogos Mortais" e "Sobrenatural", e suas derivadas sequências, porém diria que ele é muito melhor roteirista do que diretor, e o que acontece aqui é o mesmo que rolou no último filme dele "O Homem Invisível", aonde temos algo bem imponente acontecendo, temos muita violência, mas que tudo acaba acontecendo por acontecer, não fluindo como poderia ser normal, e a entrega acaba soando mais apelativa do que natural. Ou seja, está bem longe de ser um filme ruim, pois impacta bem, tem boas dinâmicas, e as conversas entre o protagonista e o chip são bem interessantes, porém o filme poderia ter ido muito além com algo investigativo de primeira linha, e lutas mais encaixadas, além de um fechamento mais convincente, pois embora seja crível pela ideia toda, ficou parecendo algo simplesmente pensado para fechar sem ter um tino decente, mas funcionou tanto que o diretor já está dirigindo uma série derivada da trama, então quem gosta logo mais terá a dupla Grey/Stem socando mais gente por aí.

Sobre as atuações, Logan Marshall-Green é daqueles atores que fazem sempre tudo muito certinho, com movimentos claros e dinâmicas coesas dentro de uma personalidade, e aqui o papel de Grey necessitava de alguém mais imponente, com mais força bruta e direta, ao ponto que até vemos ele com um ar mais parrudo do que seus personagens anteriores, mas certamente um ator mais brucutu cairia melhor para o papel, e certamente chamaria mais atenção. Harrison Gilbertson trouxe um ar meio vago demais para seu Eron, ao ponto que até concordamos que mentes brilhantes saem do seu corpo as vezes, mas aqui o jovem ator parecia estar em outro lugar na maioria das cenas, não dando um nexo muito fluído para o papel. Betty Gabriel fez uma detetive interessante pela personalidade em si, porém o papel foi meio fraco demais, ao ponto que não vemos seus atos, nem torcemos por ela nas cenas finais, e certamente o filme poderia ter envolvido uma participação maior e mais interessante da atriz. Quanto dos vilões, acabou acontecendo o mesmo que com a detetive, pois todos aparecem apenas nas cenas chaves, brigam com o protagonista e morrem, sem um grande desenvolvimento, tendo apenas a cena com Benedict Hardie com seu Fisk um pouco mais de interação, mostrando que o ator também estava bem disposto para ir além, mas como já falei, as lutas com todos foram bem fortes, cheias de sangue e muito bem coreografadas ao menos, não que isso valha muita coisa para a trama, mas sim para quem gosta de boas lutas. Vale também pontuar o tom imponente na voz do Stem feita por Simon Maiden, que soube trabalhar bem as modulações e chamar atenção no que precisava fazer.

Visualmente a trama entregou bons momentos ao misturar tecnologia com ambientes rústicos, deixando o ar como uma realidade estranha e bagunçada como provavelmente virá a acontecer no futuro, e claro que presando bastante por uma violência de impacto, as lutas tem membros cortados, quebrados, riscados a faca e tudo mais que o diretor sempre gosta de mostrar, gastando muitos litros de sangue artificial, e sujando ainda mais todo o ambiente criado, além claro de carros tecnológicos estranhos parecendo tanques, e muitas loucuras que certamente o diretor de arte olhou para o roteiro e ficou pensando como fazer cada detalhe, desde casas e carros autônomos até armas implantadas no braço dos personagens. Ou seja, algo diferente e bem feito.

Enfim, é um filme interessante pelo conteúdo violento, ou seja, pelas lutas e pela dinâmica de vingança, mas que ao colocar a tecnologia como fonte disso o resultado acaba não indo tão bem como poderia, sendo daqueles longas que quem gosta de um filme quase sem muita história vai curtir pela ação em si, mas se for esperando um algo a mais não irá encontrar. E assim sendo digo que recomendo ele mais como um passatempo bem violento do que como um bom filme mesmo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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