domingo, 30 de maio de 2021

Disney+ - Cruella

E se os mocinhos não andam fazendo tanto sucesso em Hollywood, vamos conhecer um pouco mais dos famosos vilões dos clássicos, e se alguém tinha qualquer dúvida se a Disney que costumeiramente entrega longas bonitinhos, sem grandes vilões, sem surpresas fortes, entregaria algo realmente imponente, pode apagar qualquer ideia disse e ir conferir o maravilhoso filme "Cruella" nos cinemas nas cidades que não estiverem fechados os cinemas, ou na Disney+ para aqueles que não se aguentarem de curiosidade para conhecer como a icônica vilã do filme "101 Dálmatas" se tornou tão malvada, de onde veio seu ódio pelos cãezinhos pintados. E digo mais, conseguiram não apenas fazer um grandioso filme, mas sim uma obra daquelas que é quase uma pintura moderna cheia de personalidade, contando com um visual incrível, uma história muito bem desenvolvida, e principalmente ótimas atuações dentro de um roteiro pautado de bons diálogos e atitudes, ou seja, o resultado é tão grandioso que já podemos esperar facilmente uma continuação, ou melhor uma refilmagem do clássico, pois não apenas tivemos bons momentos, como conhecemos na cena pós-crédito os famosos donos dos cãezinhos mais famosos da animação. 

O longa nos mostra que ambientado na Londres dos anos 70 em meio à revolução do punk rock, o filme da Disney mostra a história de uma jovem vigarista chamada Estella. Inteligente, criativa e determinada a fazer um nome para si através de seus designs, ela acaba chamando a atenção da Baronesa Von Hellman, uma lenda fashion que é devastadoramente chique e assustadora. Entretanto, o relacionamento delas desencadeia um curso de eventos e revelações que farão com que Estella abrace seu lado rebelde e se torne a Cruella, uma pessoa má, elegante e voltada para a vingança.

O diretor Craig Gillespie é daqueles que sabem surpreender bem o espectador, e isso já vimos em várias outras obras dele, e aqui não foi diferente, mesmo tendo claro as várias cláusulas que a Disney barrou, como a tradicional cigarrete da personagem, e até mesmo um leve corte na mão da protagonista não gerou uma grande quantidade de sangue, mas ele pode criar alguns momentos intensos bem feitos que chamaram atenção, e principalmente sabendo usar de boas sacadas cômicas ele foi incrementando cada momento com atitudes e bons envolvimentos dos personagens para criar cada vez mais momentos incrivelmente bem feitos, e que vão sendo desenvolvidos até chegarmos no grande ápice da loucura da protagonista, e claro do bom fechamento escolhido para conectar a tudo que vimos desde o começo da história mostrada, ou seja, não é preciso lembrar de nada do desenho, pois tudo é bem encaixado para ficar somente aqui, tendo um bom começo, meio e fim, além de um bom incremento com uma cena pós crédito que aí sim nos remete ao que já vimos no desenho e no live-action de 96. Ou seja, o diretor pegou um ótimo roteiro escrito a várias mãos, e criou um ambiente bem propício para tudo ser bem conectado, e contou com a ajuda de brilhantes atuações para fazer com que nos conectássemos bem a cada um dos personagens, fazendo valer cada momento de uma maneira incrivelmente gostosa de ver.

Sobre as atuações, confesso que não tinha dado muita atenção para Emma Stone no papel, pois pelos trailers parecia que a jovem estava forçando um pouco as expressões, porém ao conferir a trama por completo o resultado da atriz como Estella/Cruella foi tão bom, que vamos vendo sua composição ir numa crescente tão boa que acredito que nem iremos lembrar de outras atrizes no papel, e olha que Glenn Close em 96 deu um tremendo show, mas aqui vamos vendo a intensidade da loucura/psicopatia ou até mesmo o ar de vingança vir envolvendo a atriz com olhares e determinação tamanhos que entramos no clima que ela passa e acreditamos demais nela ao ponto de até querer que ela siga caso haja continuação. Da mesma forma a escolha de Emma Thompson para o papel da Baronesa Von Hellman foi de uma precisão quase que cirúrgica, pois a atriz se entregou de tal forma para a personalidade que a personagem necessitava, que vemos seus atos de crueldade e arrogância num nível tão imponente que tudo mesmo com ares de vilania num nível até maior que a protagonista que é a vilã mais conhecida, acabamos ficando nervosos com seus atos, ou seja, a atriz deu show também. É até engraçado ver John McCrea com seu Artie cheio de estilo e interação como costureiro/estilista de Cruella, pois seu visual claramente nos remete a David Bowie de forma que com certeza se o cantor/ator não tivesse morrido teriam usado ele no personagem, pois é claramente sua expressividade impressa no personagem, e o ator não decepcionou. Joel Fry e Paul Walter Hause tiveram uma grande conectividade com seus personagens Jasper/Gaspar e Horácio, trabalhando bem a comicidade, desenvolvendo seus atos como uma boa dupla envolvente, dando bons atos tanto soltos quanto junto da protagonista, criando uma boa movimentação em cada momento ao ponto de nos agradar demais, mesmo em alguns atos mais bobinhos. Quanto aos demais, tivemos ainda bons momentos com Mark Strong fazendo um John inicialmente estranho, mas que depois acaba sendo bem importante para os desenvolvimentos finais, tivemos Kirby Howell-Baptiste muito bem encaixada como a jornalista de fofocas da moda Anita (que certamente será usada numa continuação) e Kayvan Novak dando o tom como o advogado da antagonista, Roger (que também será usado na continuação). Além de todos esses temos de dar uma boa olhada em Tipper Seifert-Cleveland, que deu show fazendo a protagonista aos 12 anos quando chega em Londres e passa a viver com os amigos.

No quesito visual a trama foi muito bem sacada ao se passar nos anos 70, para poder trabalhar bem o conceito de moda da época bem envolta no punk rock, incorporar uma toda a nuance clássica da Londres cheia de ambientações com seus casarões/galpões, e claro usando e abusando de figurinos, de estilos, de locações icônicas como o atelier da antagonista, sua grandiosa mansão na beira de um penhasco aonde ocorrem dois momentos icônicos, todas as diversas expressividades de estilo que a protagonista nos entrega nas suas aparições, e tudo mais junto claro dos diversos e graciosos cachorros do filme, desde Buddy e Wink até chegar nos três dálmatas da antagonista bem bravos (e o melhor nenhum dos 5 usou computação gráfica, sendo representados por diversos cachorros bem parecidos para serem dublês uns dos outros!). Ou seja, um trabalho cênico tão bem preciso, cheio de bons elementos cênicos e claro com uma fotografia puxada para o clima noir, que dá tanto o tom de época como também encontra um certo ar tenso para envolver a todos.

Outro ponto muito bom da produção ficou a cargo da ótima trilha sonora escolhida, que deu tanto as boas nuances para cada um dos momentos do filme, como também deu o ritmo certeiro de aventura dramática que o longa pedia (algo que é bem difícil de funcionar), e assim sendo vale conferir tudo durante o longa e depois botar na playlist para ficar escutando, então deixo aqui o link para todos ouvirem.

Enfim, é daqueles longas que agradam não apenas pelo conteúdo muito bem desenvolvido, que consegue funcionar encaixando algo que é novo para conhecermos, mas que já conhecíamos parte da personalidade da personagem, e que certamente vale a conferida para todos, mas lembrando que se a animação e o clássico de 96 eram mais infantis e tinham nuances que as crianças se envolviam mais, aqui a dramaticidade e o teor é um pouco mais pesado, então fica a dica de como mostrar ele para os menorzinhos, mas ainda assim vão entender e se divertir com todas as confusões, e assim sendo recomendo ele demais, mesmo que em alguns pontos no miolo o filme de uma leve quebrada de ritmo. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Daria para dar uns 9,5 para a trama apenas pelo miolo mais enrolado, mas como não tenho notas pela metade, e o filme tem essa leve quebra, vou dar 9.


sexta-feira, 28 de maio de 2021

Netflix - Milagre Azul (Blue Miracle)

Sempre que falamos em filmes motivacionais, ou que contam histórias de superação, sempre somos puxados para o tradicional envolvimento de trabalhar as situações para que o filme emocione o público, e isso vai acontecer sempre, pois os diretores usam fórmulas costumeiras sejam de músicas envolventes, ou de frases marcantes, ou até mesmo um olhar levemente forçado por uma criança para representar o que desejam. Dito isso, com toda certeza o longa da Netflix, "Milagre Azul", que é baseado em um ato de 2014, vai emocionar e envolver a todos, pois usa de todos os artifícios tradicionais do gênero, brinca com uma competição de pesca (da qual só ficamos vendo um time, e vários outros barcos apenas indo para bem longe), e que de uma maneira sagaz consegue desenvolver até que bem a vida do protagonista que depois de ter uma infância complicada acaba criando um orfanato para jovens de rua, e que precisando de dinheiro para cobrir as contas entra numa competição de marlins. Ou seja, é um filme que até poderia ter ido mais além, poderia ter desenvolvido um pouco mais da vida do protagonista, mas que apenas joga a informação e usando de alguns flashbacks vai compondo tudo e agrada de certa forma, não sendo nenhum daqueles longas que vai entrar pro nosso hall de lavar a sala, mas que é bonito e bem feitinho.

A sinopse nos conta que um grupo de crianças órfãs corre o risco de ficar sem um lugar para morar quando sua instituição é ameaçada de fechar por falta de verba. Então, elas e o diretor se juntam a um rabugento marinheiro para entrar em uma competição de pesca. Se ganharem, podem usar o prêmio para salvar o orfanato.

Esse é apenas o segundo filme do diretor e roteirista Julio Quintana, porém como já trabalhou outras funções em longas desse estilo de histórias reais e envolvimentos pessoais, o resultado que conseguiu exprimir aqui foi bem bacana e inteligente, pois tudo passa um certo ar sentimental bem colocado e o resultado agrada nesse sentido, mas temos de ser sinceros e críticos em relação ao desenvolvimento da trama, pois ele não quis ousar nem trabalhar muito a desenvoltura para chegar ali, pois tanto a história pessoal do protagonista, quanto como montou o orfanato foi bem deixada de lado ao ponto que somos praticamente jogados no meio da situação e vamos nos envolver apenas com os três principais momentos (a fuga do garotinho menor para encontrar a mãe, a grandiosa tempestade que inunda tudo, e a competição em si focando claro no envolvimento do garoto ladrão e no capitão bêbado). Ou seja, é daqueles filmes que até são bem rápidos, mas que mereciam ter ido além em tudo para emocionar ainda mais, e claro contar uma história maior e mais complexa, ao ponto que não temos algo ruim, mas que qualquer deslize ali estragaria a trama por completo.

Sobre as atuações, basicamente o foco é em Jimmy Gonzales com seu Omar bem responsável, com atitudes morais bem colocadas, e que ousou em trabalhar seus momentos com um carisma bem acima do comum, segurando a responsabilidade para si em todos os atos, e só faltando mesmo um desenvolvimento melhor de seu passado para entendermos a criação do orfanato e um pouco mais de sua vida na rua, pois ai todas suas cenas seriam bem imponentes e envolventes num ponto máximo, mas ainda assim o ator agradou bastante e o resultado ao menos de seu personagem funcionou. Dennis Quaid sabe conduzir bem seus papeis, e geralmente encara muitos personagens de bêbados, e aqui seu Wade é quase uma representação clara de muito do que já fez no cinema, o que não é ruim de ver, mas poderia ter sido mais sutil na composição. Quanto dos garotos, todos foram muito bem nas atitudes, interpretações e trejeitos, desde o pequeno Steve Gutierrez com seu Tweety, passando pelo sabichão Wiki vivido por Isaac Arellanes, no gordinho Hollywood de Nathan Arenas, até chegarmos nos briguentos Anthony Gonzalez com seu Geco e no ladrão redimido Moco que Miguel Angel Garcia se joga muito bem, mas todos foram apenas conexões para os atos dos protagonistas e isso é algo que poderia ter ido mais além. Agora quanto aos demais adultos apenas apareceram, e não dá nem para falar que foram além no que fizeram, pois não foram bem.

Visualmente o longa foi bem simples, com um orfanato bem simples, sem nenhuma grandiosa regalia, com elementos cênicos sutis na medida certa para representar sempre a mesma comida barata, a aglomeração para dar conforto num momento mais tenso como o de uma tempestade, e claro a união de tudo para a representação familiar, e já na competição o que vemos é um barco bem velho e quase destruído, uma pescaria com uma única vara (aliás não sei nem o motivo de ser uma prova em equipe se é apenas 1 que puxa, e o resto está a passeio!), e claro vários barcos chiques que somem assim que a competição começa, meio que como só filmaram na marina e nada mais depois. Ou seja, poderiam ter trabalhado um pouco mais todo o visual para que tivéssemos algo a mais.

Enfim, é um filme bonito que traz uma certa comoção, mas que faltou digamos um começo de preparação, sendo algo meio que jogado demais que até funciona, mas que não vai muito além. Diria que dá para recomendar como um tradicional passatempo de sessão da tarde de um fim de semana, mas que não nos lembraremos dele daqui há algum tempo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


quinta-feira, 27 de maio de 2021

Netflix - Ghost Lab (ห้องปฏิบัติการผี)

Costumo dizer que quando um filme é classificado em determinado gênero ele precisa nos convencer daquilo até o final, incluindo a canção ou trilha dos créditos, pois já vi muito filme tenso começar os créditos tocando músicas tão felizes que acaba decepcionando (aliás já vi um terror certa vez que começou um funk ao acabar o longa - confesso que foi mais assustador que o filme, mas não lembro o nome!). E aqui com o lançamento de hoje da Netflix, o longa tailandês "Ghost Lab", temos exatamente esse erro, com uma entrega bem intensa de cenas bem arrepiantes, toda uma ideologia por trás das ideias dos protagonistas em buscar conhecer o outro lado da vida, toda uma loucura em cima de como conseguir isso, para no final tudo ficar maravilhosamente lindo e emocionante, com toda uma serenidade bonita e tudo mais, ou seja, eles estavam prontos para ganhar o campeonato quando resolveram que não poderiam entregar algo tão macabro e tomaram a goleada nos últimos minutos. Ou seja, não é um filme ruim de forma alguma, tanto que algumas cenas com os fantasmas/espíritos são bem macabras e assustadoras, e principalmente trabalharam muito com elementos físicos realistas (sem computação gráfica), mas certamente deveria acabar como um longa de terror realmente com o público quase enfartando, e não com uma felicidade linda e maravilhosa, mas talvez seja o estilo do país, afinal não lembro de nenhum outro terror tailandês que eu tenha assistido.

O longa nos mostra que dois médicos ficam obcecados em encontrar provas concretas do mundo sobrenatural depois de presenciarem uma assombração no hospital onde trabalham. A obsessão dos dois vai tão longe que eles acabam se colocando em perigo na tentativa de desvendar essas aparições.

A sacada que o diretor Paween Purijitpanya teve para seu longa foi bem boa e determinada, misturando conhecimentos científicos, apelações de personagens com ideias mirabolantes bem explicadas, e principalmente o uso de efeitos práticos sem precisar de muita computação nas cenas de sustos, o que acaba dando uma ênfase mais intensa e arrepia bem mais enquanto estamos vendo. Além disso soube não inventar muita coisa no roteiro e deixar o filme com um estilo comercial bem feito, pois certamente poderia ter ido para algo mais reflexivo ou então abstrato sobre o tema, afinal tem quem acredite em espíritos e tem quem ache que morreu acabou, então aqui o diretor mostrou que acredita e como funciona tudo, apelando até para o estilo de vingança e conversa entre pessoas com certas conexões emocionais, ou seja, pôs na mesa sua ideia, e deixou que os protagonistas viajassem completamente nela, brincando bastante e fazendo suas insinuações, ao ponto que tudo acaba tendo uma boa base reflexiva pelas formas que acabam pontuando tudo. Porém faltou para ele escolher um lado na finalização, algo que talvez causasse um pouco mais de dor, e assustasse realmente com muita intensidade, pois não dá para acreditar na romantização do final, e se o filme não fosse realmente bom no miolo acabaria azedando completamente o resultado, mas apenas fechou mal, e assim ainda vale a conferida.

Sobre as atuações, um grande feito da trama é a boa química entre os protagonistas Thanapob Leeratanakachorn com seu Wee mais sério e completamente centrado em sua loucura, ficando bem representado como um cientista louco nos momentos finais, e Paris Intarakomalyasut com seu Gla, que inicialmente tinha um ar mais sedutor, cheio de nuances, porém nos atos finais também se jogou para algo mais revoltoso e imponente, ou seja, ambos os atores tiveram grandes oscilações expressivas, e souberam conduzir bem seus trejeitos para os momentos exatos que o filme pedia isso, e o acerto coube bem na dinâmica, porém poderiam ter ido além talvez em alguns atos, mas se seguraram talvez por opção da direção. Dentre os demais não tivemos nenhum grande chamariz, pois todos apenas deram algumas conexões para a trama e saíram de cena, tendo um leve destaque para Nuttanicha Dungwattanawanich com sua Mai, mas talvez um ar mais explosivo e desesperador como ocorre no seu apartamento nas demais cenas faria dela alguém bem mais chamativo para a trama.

Visualmente o longa teve bons momentos mesmo parecendo meio que bagunçado, pois os protagonistas trabalham num hospital que praticamente não tem atendimentos, e vão depois para um prédio ainda mais abandonado que não parece ter ninguém, mas do nada em determinada cena surge uma enfermeira para assinar um documento nesse lugar abandonado que não parece fazer parte do hospital, ou seja, uma falha forte do roteiro, mas ao menos tiveram muitas cadeiras de roda para andarem sozinhas, caixas, arquivos, papeis e tudo mais, bons momentos num elevador (aliás o prédio tinha uns 50 andares pelo tanto que cai!), e claro algumas nuances boas no lado espiritual, porém forçaram um pouco a barra com os mortos, todos parecendo zumbis estranhos que poderiam ser melhor trabalhados na maquiagem, mas é algo a se pensar para melhorar num próximo filme.

Enfim, é um longa que tem bons méritos, funciona como um daqueles que dá bons sustos e arrepios (volto a frisar o uso de método prático sem muita ou nenhuma computação gráfica!), e que tem muitas falhas como todo filme do gênero, apenas errando demais com um fechamento bonito e emotivo demais para um filme de terror, mas não chega a estragar o resultado completo da trama, sendo um filme que dá para recomendar para quem gosta do estilo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


terça-feira, 25 de maio de 2021

Amazon Prime Video - Miss Bala (Miss Bala - Sin Piedad)

O mais engraçado da plataforma Amazon Prime Video é que sem ter um controle real do que é novo ou não, alguns filmes surgem do nada como uma indicação, e você acaba dando play ou não pelo que interessa, e só depois descobre que o filme foi lançado já tem uma tonelada de tempo, mas como não vimos na época, não temos problema com isso, e assim venho aqui para indicar. Dito isso o longa "Miss Bala" lembra e muito o famoso "Miss Simpatia", só que ao invés de termos uma infiltrada do FBI no concurso de Miss, temos aqui uma jovem maquiadora de concursos que acaba no meio de um tiroteio entre dois carteis e a polícia em Tijuana, e acaba tendo de participar de um concurso para salvar sua amiga, ou seja, uma bagunça muito bem organizada, com uma produção intensa de situações, momentos bem divertidos, e principalmente boas sacadas dentro de um panorama completamente desesperador, pois vemos a jovem em situações que pensar por um lado já é difícil e ver que nenhum dos lados pode lhe ajudar realmente é de surtar com muita facilidade. Ou seja, se você não viu no lançamento é uma boa dica para se divertir e entrar no clima com toda a ideia entregue, e claro torcer para quem sabe uma continuação, pois deixaram brecha para isso.

A sinopse nos conta que Gloria dirige até Tijuana, no México, para visitar sua melhor amiga, que está competindo no “Miss Baja”, concurso de beleza local. Certa noite, sua amiga é raptada e Gloria se vê como uma peça de um jogo perigoso sendo jogado pela CIA, a DEA, e um carismático, mas implacável, chefão de cartel. Encontrando um poder que ela nunca soube que tinha, Gloria joga uma organização contra a outra enquanto procura resgatar sua amiga. Sobreviver vai exigir toda a sua astúcia, criatividade e força.

Se olharmos a filmografia de Catherine Hardwicke já é possível ver o quanto ela melhorou, pois um dos seus primeiros filmes foi "Crepúsculo", ou seja, quem conferir esse verá o incremento em número infinito, afinal aqui a diretora soube valorizar muito bem o personagem principal, trabalhou todas as nuances possíveis para que o filme ficasse empolgante, e principalmente soube conduzir a história com uma boa intensidade, pois vemos momentos em que tudo parece fluir para um rumo ainda mais insano, e que certamente veríamos um problema maior, e souberam levar para os melhores caminhos, ou seja, o filme está longe de ser um daqueles roteiros perfeitos de longas de ação, mas está tão bem trabalhado, com uma comicidade na medida certa e uma tensão de ritmo bem envolvente que acabamos entrando no clima que quiseram colocar, e com uma abrangência boa de momentos de ação, e claro de expressão, o resultado acaba funcionando bastante para agradar quem gosta do estilo.

Sobre as atuações, Gina Rodriguez tem um bom estilo, e consegue trabalhar os momentos de sua Gloria com uma dinâmica bem coerente, ao ponto que até torcemos para ela em alguns atos, e em outros vemos uma certa "ingenuidade" do roteiro, pois poderiam ter ousado mais com a jovem, porém ela conseguiu passar o ar desesperador de estar no meio de tudo, e seus dois atos de explosão foram muito bem feitos e inteligentes. Ismael Cruz Cordova trouxe para seu Lino uma personalidade de vilão daqueles que a mulherada até acaba caindo no gosto, pois tem o ar sedutor e também não entrega situações em que ficamos com tanto ódio dele, ou seja, o jovem ator foi bem no estilo e conseguiu chamar atenção, algo que é raro em filmes simples desse estilo. Da mesma forma o agente da narcóticos Brian vivido por Matt Lauria teve uma boa imponência cênica e desenhou bem seus momentos para com a protagonista, ao ponto que a jovem até se deixa levar muito fácil por todos (talvez o desespero!), e o resultado é que todos os atores que ela se envolve conseguem passar um ar de sedução e de imposição sobre ela, o que faz valer os atos. Ricardo Abarca já foi daqueles que fazem o ar de malvado do grupo, e seu Poyo tem estilo e consegue encaixar bons momentos, mas é secundário na trama, então só assusta e desaparece quase em todos os atos. E claro o mais conhecido de todos inicialmente com um visual completamente diferente que quase nem o reconhecemos é Anthony Mackie com seu Jimmy, que deu um tom bacana no miolo fazendo algo forte e assustador para com a protagonista, mas ao final seu personagem volta ainda melhor, e agrada para uma possível continuação. Quanto aos demais, tivemos algumas participações boas de Damián Alcázar comseu Saucedo, Cristina Rodlo como Suzu, Aislinn Derbez como Isabel e o jovem Sebastián Cano com seu Chava, mas nenhum chamando muito nos atos, e apenas o primeiro tendo mais momentos imponentes como o chefão da polícia e de uma gangue rival.

Visualmente o longa foi bem trabalhado em locações intensas de Tijuana, como a praça das touradas, uma reserva vinícola bem fotografada com nuances de pôr do sol e claro com mansões bem chamativas, uma mansão a beira mar com uma festa bem imponente, e claro as casas/desmanches no começo aonde as drogas rolaram a troco de armas, além de um rápido concurso de beleza que se gastaram muito pro tanto que entrou no ar tem de bater no diretor, ou seja, tudo simples, mas bem feito para realçar cada momento, e assim funcionar bem a proposta da trama.

Enfim, é daqueles filmes que conseguem ser até um pouco mais do que um mero passatempo, pois entrega tensão e diversão numa boa quantidade, criando momentos interessantes e bem desenvolvidos, que claro passa longe de ser algo memorável, mas que certamente dá para torcer para uma continuação, talvez dando uma melhorada no estilo da protagonista para não ficar tão assustada de expressões em alguns momentos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


domingo, 23 de maio de 2021

Amazon Prime Video - Passado Suspeito (The Black Widow Killer)

Sempre investigações de assassinatos entregam tramas interessantes, e quando envolvem acidentes no passado geralmente fica aquela treta na cabeça que ficamos pensando aonde a protagonista está envolvida, quem tá causando tudo, quem é o homem que saiu gritando, e mais uma tonelada de dúvidas na nossa mente, porém alguns filmes abrem possibilidades maiores para que as dúvidas baguncem tudo, e outros entregam situações de uma maneira tão rápida que não precisamos nem ativar nosso modo detetive para desvendar tudo. E o longa "Passado Suspeito", que pode ser conferido na Amazon Prime Video, trabalha bem no meio do caminho das duas linhas, pois de cara dá pra desconfiar nos protagonistas, que boa coisa não fizeram no passado, mas também ficamos bem intrigados com todas as dúvidas jogadas, ao ponto que vão morrendo as pessoas, e vamos mudando o foco, só que infelizmente logo de cara um personagem dá uma bola fora, então tivemos uma leve quebra que não decola tanto o filme. Ou seja, é uma boa trama para quem gosta do estilo suspense com drama, e talvez pudesse ser até melhor com poucos ajustes, mas como não temos como mudar, o resultado final acaba valendo e sendo interessante de ver.

A sinopse é bem básica e nos conta a história de uma mulher que carrega traumas de um acidente que sofreu no passado e continua intrigada com o ocorrido quando uma série de assassinatos começa a ocorrer no aniversário de 25 anos do acidente.

Aparentemente pelo currículo do diretor Adrian Langley ele é uma máquina de produção de filmes, fazendo uma média de 2 a 3 filmes por ano, mas esse foi o primeiro que confiro dele, e posso dizer que ele tem uma boa mão para o estilo de suspense, pois conseguiu manter intrigado durante quase todo o longa, e principalmente foi seguro nas escolhas para que seu filme não ficasse tão solto. Claro que como disse no começo a trama tem algumas falhas que entregam facilmente algumas dúvidas, e o resultado nem chega a ser tão surpreendente por esse motivo, mas quem não notar tão rapidamente certamente irá se envolver bastante e curtir toda a teia de situações. Outro detalhe talvez fosse melhorar um pouco mais os detalhes para que o filme ficasse um pouco mais tenso, mas isso é uma opinião de estilo, e aqui por ser um filme que foi feito para a TV, não quiseram ir muito além, mas poderiam, pois seria daqueles filmes que várias surpresas pegariam a todos em cada novo momento de virada.

Sobre as atuações vale pontuar bem o trabalho de Erin Karpluk com sua Judy, pois a atriz foi bem expressiva, trabalhou bem todo o mistério, e principalmente fez trejeitos abertos de dúvidas, que geralmente pedem bem nesse estilo de filme, e o acerto foi bem marcante. Ryan Robbins exagerou um pouco no estilo de seu Steve, sendo daqueles xerifes que ficamos com dúvidas se ele também não está envolvido, além claro de ser ex-marido da protagonista, ou seja, o ator foi direto nos traquejos e chamou a atenção até mais do que seria comum de ver. Karen Cliche teve bons momentos com sua Alice, mas precisaria de mais tempo de tela para chamar atenção, pois ficou muito subjetiva em seus momentos e não entrou de cara como poderia, mas teve um bom fechamento e isso é o que importa. Quanto aos demais, a maioria foi apenas elemento de conexão, mas os jovens Morgan Kohan e Bradley Hamilton fizeram bem sua Abbey e Daniel, trabalhando bem o casalzinho romântico, e claro o desespero com todas as mortes, mas sem muito destaque.

Visualmente a trama tem uma boa pegada, e chega a ser até bonita demais a locação escolhida numa grande época de neve junto com paisagens mais fechadas, trabalhando bem a delegacia e a casa da protagonista em várias idas e vindas, além de a todo momento ir mostrando mais partes do acidente no passado, sendo que a cada reviravolta e claro com as mortes aparecendo cada vez mais perto da protagonista, todo o ambiente completo vai se revelando, ou seja, a equipe de arte fez bem o estilo e foi liberando tudo aos poucos numa boa interação.

Enfim, está longe de ser um longa perfeito do estilo, mas tem bons momentos, nos deixa intrigados por um bom tempo, e principalmente tem um envolvimento misterioso, ou seja, tudo o que gostamos de ver no gênero, e assim sendo vale a recomendação para conferirem. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


Em Guerra Com o Vovô (The War With Grandpa)

Comédias familiares só funcionam bem quando todos os personagens entram no clima e ao invés de termos um filme preso em situações, tudo acaba virando uma grandiosa brincadeira, e já pelo trailer de "Em Guerra com o Vovô" era possível ver que os personagens ali estão realmente batalhando não pelo filme em si, mas sim pela essência que desejavam passar. Claro que temos algumas boas pegadinhas, algumas situações bem contundentes e que até podem servir para dar algumas risadas, mas tirando a destrutiva cena final, todas as demais já haviam aparecido no trailer, e não empolgaram bem dentro do conceito completo, ou seja, é um filme bobinho demais, que talvez numa sessão dominical após o almoço talvez até mantenha algumas pessoas acordadas no sofá, mas está bem longe de ser um filme que vamos lembrar daqui alguns dias, e começo a achar que o De Niro está precisando de grana para aceitar uma produção bobinha dessa no seu currículo.

O longa nos mostra que Peter e seu avô Ed costumavam ter uma boa relação, mas quando o avô se muda para a casa da família, Peter é forçado a deixar seu quarto e a dormir no sótão. Determinado em conseguir seu espaço de volta, o garoto planeja uma série de armadilhas para expulsar o avô, mas Ed não quer se render e em pouco tempo eles declaram uma guerra!

O diretor Tim Hill tem um estilo familiar e já acertou bem com "Hop" e "Alvin e os Esquilos", porém aqui foi sua primeira tacada sem animaizinhos fofos fazendo confusões, e com isso confiou sua tacada para um garotinho e seus amigos em embates com um senhor e seus amigos também, criando todo tipo de confusão, entregando sacadas bobas que talvez funcionasse se fosse em outro momento, e até usando um pouco de escatologia clássica para que o filme tivesse algo a mais para divertir o domingão da galera, mas não, tudo soa pesado e ao mesmo tempo bobo de ver, não desencadeando nem risadas nem surpresas, ou seja, acabamos vendo um filme sem grandes desenvolturas, aonde os protagonistas nem parecem estar afim do que estavam fazendo (e não digo isso apenas pelo que foi passado durante o filme, mesmo sendo notável, mas sim pelos erros de gravação durante os créditos que vemos a falta de química para chamar atenção nos trabalhos, tanto que optaram mais por mostrar o pessoal dançando do que algo mais interativo realmente). Ou seja, faltou algo mais carismático e divertido para que fosse realmente nos entregue uma comédia familiar, pois o resultado ficou bem longe disso.

Sobre as atuações diria que o jovem Oakes Fegley vai ter muito sucesso pela frente, pois aqui seu Peter embora faça algumas tramoias bobinhas para guerrear com seu avô, ele tem bons olhares e trejeitos marcados de forma interessante, ao ponto que envolve bem, e agrada da mesma forma que já vimos em outros filmes seus desde muito pequeno, ou seja, fez bem seu papel aqui, mas o filme não o ajudou muito em se destacar mais. Robert De Niro já estamos falando há algum tempo que tem caído demais seu estilo, fazendo filmes jogados e sem muita expressividade, e aqui seu Ed não vai muito longe, entrega os trejeitos mais tradicionais que já fez em toda carreira, e nem chama atenção, o que é muito ruim de ver, pois sabemos o quanto o ator tem de potencial, ou seja, é daqueles personagens dele que nem lembraremos dele ter feito, e isso é bom pra ele. Se os dois protagonistas foram ruins em cena, melhor nem falar dos demais, e olha que temos Uma Thurman como a mãe do garotinho, temos Christopher Walken como um grande amigo do protagonista, e vários outros bons garotinhos tentando aparecer, mas não tem como.

Visualmente o longa até tem bons momentos afinal vemos uma casa de vários andares, com um sótão tradicionalmente bagunçado que acaba virando o quarto do jovem, vemos várias traquinagens como colas na barba, pasta em biscoitos, pimentas em cafés, remoção de parafusos de móveis, colagem de vidros, cobras, ratos e tudo mais que possa se pensar fazendo os momentos na casa serem bem movimentados, até chegarmos numa disputa de bola queimada em um parque de pula-pulas, vemos também a escola do garoto com algumas cenas bem bobas de marmanjos praticando bullyings e trotes nos menores, além de um supermercado se modernizando e acabando com as facilidades dos idosos, ou seja, uma produção até que bem grande para algo que não foi muito além, tirando claro a grandiosa festa de aniversário da garotinha viciada em Natal, com todos os apetrechos possíveis em setembro.

Enfim, é um filme que já dava para imaginar ser bem bobinho pelo trailer, porém esperava um pouco mais de coisas do que o mostrado por lá, pois não acreditava que iriam colocar um ator de peso para meia dúzia de cenas apenas. Ou seja, até dá para um leve passatempo em casa, mas está bem longe de ser daqueles filmes que a família inteira curtiria numa boa sessão, e sendo assim não consigo recomendar ele não. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


Netflix - Monstro (Monster)

Sempre digo que um bom filme de julgamento tem que surpreender o espectador ou pelo menos conter uma história envolvente, senão a chance do público não se conectar é tão alta que acabamos não ligando nem para o personagem nem para o julgamento em si. E desde o dia do lançamento do longa "Monstro" coloquei ele na minha lista da Netflix, porém não vinha a vontade máxima de dar o play nele por parecer exatamente isso, um filme de julgamento sem expressividade, pois nem a sinopse nos impacta, e hoje ao conferir vi exatamente isso, um longa intrigante e interessante pela estética em si, e pela "brincadeira" que o diretor ousou ao colocar um estudante de cinema transportando seu olhar cinematográfico para seu momento mais tenso ao ser preso por envolvimento em um crime, e a sacada em si é boa pelo estilo que o garoto conta o seu julgamento, porém talvez um lado inverso que pegasse realmente a fundo esse seu sentimento daria nuances muito melhores, e certamente chamaria muito mais atenção. Ou seja, está bem longe de ser um filme ruim, pois funciona bem dentro do que foi proposto, vemos um olhar diferente sobre o sistema em si, sobre um julgamento, sobre você escolher melhor com quem anda, e tudo mais, mas o formato narrado sob o olhar do rapaz não é o mais empolgante no julgamento em si, e isso faz com que a trama não explodisse como poderia.

O longa conta a história de Steve Harmon, um aluno de 17 anos que é acusado de homicídio doloso. O filme mostra a dramática trajetória desse inteligente e simpático estudante do Harlem, que frequenta uma escola de elite, em uma batalha judicial complexa que pode deixá-lo para o resto da vida na prisão.

Em seu primeiro longa metragem, o diretor Anthony Mandler soube trabalhar e mostrar para o público a essência do olhar cinematográfico que um diretor ou fotógrafo necessita, de enxergar a luz do ambiente, a motivação de determinada cena, e principalmente o que está vendo em determinado momento, e é exatamente a mesma coisa que um júri necessita fazer para analisar o momento exato ali que estão julgando, se a acusação é pertinente ao caso, se realmente tudo aquilo ocorreu, e claro em ambos os casos, se é verdade o que está sendo passado ou não, e com isso diria que ele ficou rodando muito em metalinguagens e esqueceu um pouco o julgamento, que certamente teria uma pegada maior e mais envolvente para o público, mas como costumo dizer, alguns diretores preferem agradar a crítica do que o público, e aqui é bem isso o que aconteceu. Ou seja, não é algo ruim que o diretor fez, mas faltou atitude para ele saber dividir o tempo de conversa da mente do protagonista com a conversa real do julgamento, que ficou bem em segundo plano, e isso fez com que seu filme ficasse um pouco lento e sem grandes atitudes explosivas, o que de certa forma cansa o público, e assim sendo o resultado não é ruim, mas também não é bom o suficiente.

Sobre as atuações diria que Kelvin Harrison Jr. tem personalidade e sabe dominar bem o ambiente, fazendo trejeitos bem marcados e agradando bastante no que faz, ao ponto que aqui seu Steve foi bem persuasivo de estilo, se manteve íntegro em todos os momentos, e principalmente mostrou o ato infantil do desespero, que é algo que poucas vezes vemos na tela, e assim demostrou atitude e agradou tanto nos atos quanto nos pensamentos. Jennifer Ehle trabalhou muito com sua advogada Maureen O'Brien, mostrando persuasão na medida certa, estilo para os atos próprios, e marcando muito suas cenas, que certamente poderia ter ido até além caso o diretor quisesse, pois a atriz mostrou potencial. Os pais do garoto vividos por Jennifer Hudson e Jeffrey Wright foram bem expressivos em alguns atos, mas como o filme não exigiu muito deles, acabaram ficando meio que enfeites caros de uma trama que precisaria deles, o que é uma pena, pois sabemos bem do que são capazes, e aqui não foram usados. O promotor vivido por Paul Ben-Victor foi bem presente nos atos, marcando os interrogatórios numa medida forte e precisa como a trama pedia, e conseguiu trazer as nuances tradicionais que gostamos de ver num julgamento, e assim sendo fez bem seu papel. O rapper ASAP Rocky, que aqui usou seu nome real para atuar Rakim Mayers trabalhou bem seu James King, no melhor estilo de rei da rua, dominando o ambiente e fazendo boas cenas nas ruas e praças, porém nos atos do julgamento só ficou com frases feitas para com o outro acusado, e mesmo nos atos junto de Jonh David Washington que tem tanto se destacado em tantos filmes não deu muita liga, o que é uma pena.

Visualmente o longa tem uma estética interessante por brincar com a fotografia, mostrar o jovem ousando nas técnicas de capturas dos ambientes, e claro mostrar as nuances de bairros periféricos, mas sem dúvida a trama se passou mais dentro de uma cadeia aonde vemos algumas conversas do garoto com a advogada e com alguns presos, na sala de visitas que mais parecia um ambiente de call-center, e claro no tribunal bem tradicional sem nenhuma grande diferenciação, mostrando que a equipe estava mais preocupada com a ótica cinematográfica do garoto do que com todo o restante.

Enfim, é um bom filme que poderia ter ido muito além em tudo, que não entrega nem um imponente julgamento, nem uma ambientação de estudo cinematográfico como tentou passar em vários atos, mas sim algo de reflexão de atitudes, de ser julgado por apenas um ato seu (o que realmente ocorre na vida!) e que acabou transformando o pensamento do jovem em ser um monstro ou não, e assim a trama poderia ter ido muito mais além nessa indagação poética do que em tudo o que rodou na tela. Sendo assim até recomendo o filme, mas mais como algo flutuante de ideias do que como um bom longa de julgamento que era o que estava esperando. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


sábado, 22 de maio de 2021

Netflix - Army of the Dead: Invasão em Las Vegas (Army of the Dead)

Pois bem, eis que um dos longas mais esperados do ano da Netflix foi lançado, e claro que quem conhece bem o estilo Zack Snyder de entregar maluquices sabia bem "Army of the Dead: Invasão em Los Angeles" seria daqueles longas que teria de tudo, desde muitas explosões, tiros, personagens bizarros, trapaças, tentativas de relações conturbadas, e claro muita câmera lenta para dar as nuances de personagens e de ambientes, ao ponto que o filme acabou sendo uma grande diversão para quem gosta do estilo de filmes de zumbis, tem uma dramaticidade secundária que não envolve tanto, mas principalmente tem cenas bem corridas e interessantes, com bons personagens, e que quem gosta de uma aventura bizarra e bem maluca certamente irá curtir, e que claro quem odeia tudo isso vai reclamar do começo ao fim, vai achar defeitos em tudo quanto é canto, e principalmente vai tentar queimar o filme, pois é isso que esse pessoal faz. Dito isso a trama tem uma pegada bem gostosa, serve de passatempo perfeitamente, e que no meio de tanta bizarrice cheia de grandes defeitos de roteiro, a diversão acontece e agrada bastante.

A sinopse nos conta que ambientado em um mundo pós-apocalíptico, o longa acompanha a história de Scott Ward, um desabrigado e ex-herói de guerra que agora vende hambúrgueres nos arredores de Las Vegas. Tudo muda na vida de Scott quando Bly Tanaka, um magnata dos cassinos, oferece uma proposta tentadora: invadir Vegas, que está cheia de zumbis, para roubar 200 milhões de dólares de um cofre antes que a cidade seja bombardeada em 32 horas pelo governo. Motivado pela esperança de que a recompensa possa ajudar na reconciliação com sua filha, Kate, ele assume o desafio e monta uma equipe de especialistas para o grande roubo.

Sabemos que o diretor e roteirista Zack Snyder é daqueles que não conseguem pensar pequeno, e assim sendo a produção de sua trama é gigantesca, claro que com muitos efeitos em câmera lenta, muita computação gráfica de duplicação para ter hordas imensas de zumbis, mas principalmente temos de pontuar que seu forte não é colocar a dramaticidade em pauta nos seus longas, ao ponto que aqui vemos as diversas tentativas de interação entre pai e filha, casais que já se envolveram, amizades entre desconhecidos, e tudo mais que não funciona, de forma que até mesmo a relação entre os líderes zumbis (realmente achei que mortos-vivos não tinham afetividade!) é melhor do que a vista com os humanos da trama. Ou seja, se você desejar ver um filme que tenha algum grandioso carisma dramático dentro da história, certamente não será com um filme de Snyder, mas se você não liga para isso, e deseja ver algo gigantesco explodindo, tiros para todos os lados, absurdos imensos como tigres e cavalos zumbis, muita maquiagem digital, e ambientes extremamente preparados para uma grandiosa desenvoltura, certamente vai se empolgar com o que verá na tela, pois o diretor pensou em tudo, desde ambientes bem fechados para brigas mais próximas, todo o ar de destruição e abandono dos prédios e cassinos da cidade, muita interação cênica nos figurinos, e claro muita coisa falsa, afinal o estilo pede, e claro que com isso vem muitos erros, então é se entreter com o que é mostrado, brincar com o que verá de falhas, e pronto, pois isso é o que o filme vai entregar.

Sobre as atuações tenho de falar que com toda certeza a expressividade de Athena Perample como a rainha zumbi foi maior que qualquer outro ator principal da trama, e olha que ela nem precisou falar nada nas suas cenas, ou seja, os protagonistas realmente precisavam ter melhorado e muito com todas as suas dinâmicas para aparecerem melhor. Dito isso, Dave Bautista é daqueles atores que possuem um estilo brucutu, mas que ainda não tem toda aquela desenvoltura clássica que estamos acostumados a ver com outros grandões carismáticos, e aqui seu Scott até tem uma boa pegada, trabalhou bem nas dinâmicas principais, porém não chamou o filme para si, ao ponto que temos momentos abertos demais ao seu redor. Ana de la Reguera trabalhou sua Maria de uma forma subjetiva demais, ao ponto que vemos seus bons atos no começo, vemos algumas interações com o protagonista, mas não ousa em momento nenhum para chamar atenção realmente, e isso é algo ruim de ver em alguém que certamente tinha uma conexão maior no roteiro. Matthias Schweighöfer trouxe para o medroso personagem Dieter um ar meio bobo que poderia ser retirado, mas seus atos foram tão engraçados de ver que valem a interatividade dele com Omari Hardwick, que aliás fez de seu Vanderohe um personagem marcante com sua serra no começo, e que usando boas lutas e estilos acaba funcionando até mais do que o protagonista nas cenas para chamar atenção, e assim agrada bem tanto a química entre os dois quanto o que pode rolar após as cenas finais. Ella Purnell é estilosa e chama a atenção com sua Kate, porém já desde o começo das cenas dentro do ambiente zumbi já sabíamos o que iria rolar com sua personagem, ou seja, poderiam ter melhorado a forma que a garota trabalhou sua impulsividade no começo, mas não é nada que a desabone, apenas poderiam ter sido menos diretos na ideia. Raúl Castillo também trouxe uma personalidade interessante para seu Guzman, ao ponto que lembrou bem aqueles jogadores de videogames meio pirados que quando são jogados no meio de algo real saem atirando inconsequentemente, mas o ator teve estilo e foi bem ao menos. Quem já viu algum filme que colocaram Tig Notaro sabe que a atriz tem seus trejeitos e falas clássicas demais, e aqui sua Peters é exatamente ela, sem tirar nem pôr, e isso não é ruim, mas como a personagem também não vai muito além, usaram o que podiam. Quanto aos demais vale destacar Nora Arnezeder com sua Lilly/Coiote pelos bons momentos colocados com boa personalidade e Theo Rossi pelo exagero policial com seu Burt, mas sem muito para ir além.

Visualmente o longa é riquíssimo, com muitas cenas grandiosas, vários elementos cenográficos para representar bem a destruição da cidade dominada por zumbis, muito sangue e pedaços de corpos sendo cortados, ambientes repletos de figurantes (tirando claro as hordas que sabemos que foram computadorizadas) quase imóveis prontos para atacar, e claro um cassino gigantesco, muitas paisagens bem colocadas que mesmo devastadas deram um tom interessante, ou seja, a equipe de arte pesquisou muito para representar cada elemento sonhado pelo diretor, e o resultado é daqueles que você olha e pensa como isso veio parar na mente de alguém.

Enfim, é um filmaço digno daqueles blockbusters que lotaria salas dos cinemas, e que claro na plataforma de streaming vai fazer um grandioso sucesso, só sendo uma pena não ter uma história mais grandiosa e menos erros absurdos clássicos do estilo, mas não é nada que atrapalhe a diversão e o entretenimento, valendo como um bom passatempo para todos que gostam do estilo, e com a deixa no final iremos esperar talvez uma boa continuação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


Amor, Casamentos e Outros Desastres (Love, Weddings & Other Disasters)

Costumo dizer que um gênero que dá a maior quantidade de aberturas possíveis para acertar ou errar em tudo na trama é a comédia romântica, pois dependendo de como um diretor ousar o resultado acaba surpreendendo e mudando tudo o que aparentemente ficaria jogado se não bem desenvolvido, e claro que um dos maiores erros que acaba acontecendo no estilo é o de trabalhar tantos vértices que o resultado acaba sendo novelesco demais com tantos núcleos que acabamos nem sabendo qual era a real história central de tudo. Dito isso, posso afirmar que esse sem dúvida é o maior defeito do longa "Amor, Casamentos e Outros Desastres", pois no meio de tantas bizarrices temos vértices que acabam se perdendo como o encontro "literalmente" às cegas entre os atores idosos que é completamente desnecessário, o reality de casais completamente bizarro com o diretor bêbado entregando situações completamente desnecessárias e bizarras, sobrando como bons olhares a montagem do casamento, a montagem da banda do casamento e até a ideia secundária do guia turístico inusitado buscando sua Cinderella caberia na trama, mas tudo junto acabou que nem um foi desenvolvido, nem outro. Porém, por incrível que pareça, esses que são digamos os pontos principais do filme funcionaram e dão um tom envolvente para o filme, e quem conseguir peneirar até pode se divertir com os atos, mas certamente uma limpeza por parte do diretor (ao invés de ficar brincando de apresentador de reality) melhoraria e muito o resultado final.

O longa nos mostra vários estilos sobre as pessoas que trabalham em casamentos para criar o dia perfeito para um casal amoroso - enquanto as suas próprias relações são bizarras, estranhas, loucas e longe de serem perfeitas.

Como bem sabemos o estilo do diretor Dennis Dugan é cheio de bizarrices, afinal a maioria do seu currículo são os filmes do Adam Sandler, e aqui ao tentar criar algo mais romantizado, e envolvendo casamentos ele até poderia ter se saído bem melhor, pois a síntese da organizadora de casamentos, o ar da banda de barzinhos versus os cantores de praças, e até mesmo a ideia de amores a primeira vista funcionam em longas desse estilo, porém ele quis ir muito além, quis aparecer como ator, e acabou colocando elementos abstratos demais para funcionar, ao ponto que alguns momentos nem vamos lembrar do que acontece, e destoaram bem, principalmente os idosos e o reality envolvendo uma striper e para piorar inserindo a máfia no meio, e até estava me esquecendo que tem o lance de uma eleição para prefeito da cidade, ou seja, o foco é completamente perdido dentro do roteiro e da direção, ficando algo realmente sem direção. Ou seja, o envolvimento com os protagonistas acaba se perdendo (aliás estou definindo que a organizadora do evento seja a protagonista, pois se for outro fica ainda pior!), e assim sendo o resultado não explode, mas como também falei, não fica de todo ruim.

Sobre as atuações, vou dar o destaque claro para Maggie Grace com sua Jessie, pois a jovem foi bem carismática com sua personagem, teve atos conectando diversos elementos da produção, e principalmente soube dosar os estilos sem precisar apelar para gracejos gratuitos, tirando claro o começo do filme, e assim seus atos fluem bem e ela consegue agradar bastante. Diego Boneta também foi bem colocado com seu Mack, tendo uma boa desenvoltura de cantor, e também o charme tradicional para com a protagonista, tendo cenas bem gostosas de acompanhar, e o melhor, sem ir a fundo como ocorreria em outros filmes do gênero, ou seja, caiu bem e fez bem o papel. Andrew Bachelor trabalhou seu Capitão Ritchie de uma maneira ousada e divertida em seu ônibus/barco, e suas cenas além de divertidas soaram gostosas de acompanhar, fazendo com que o personagem tivesse algo a mais na trama, mostrando um certo potencial para o ator. Jeremy Irons e Diane Keaton até tentaram chamar um pouco de atenção com seu Lawrence e Sara, mas ambos ficaram com algo meio que jogado de um encontro a cegas, com ela sendo realmente cega, e mesmo seus atos "bonitos" de envolvimento pela cidade não foram muito além, ficando algo fora de conteúdo, e queimando dois bons atores. Quanto aos demais, alguns tiveram alguns momentos maiores, mas bobos demais como é o caso de Andy Goldenberg com Melinda Hill com seus Jimmy e Svetlana, ou sem muito envolvimento com a trama toda como é o caso dos noivos principais vividos por Dennis Staroselsky e Veronica Ferres, e assim sendo vale dar um destaque realmente para a cantora Elle King que canta durante todo o filme como uma cantora de rua muito bem encaixada para o final da trama, mas que brincou com olhares e boas nuances ao menos.

Visualmente o longa é meio que bagunçado entre a organização do casório, muito bem decorado afinal a empresa de Irons é disso na trama, e cheia de detalhes bem críticos nesse sentido, temos bons momentos de rua brincando com carros poluentes e bicicletas/carruagens ecológicas, temos todo o ambiente de uma fotógrafa cega com uma ideia interessante de capturar o momento e o sentimento passado ali, e temos todo o envolvimento do barco/ônibus turístico passeando pela cidade com uma boa interação e claro a imprensa em cima de um caso romântico, além da bagunça inicial do salto de paraquedas, mas o destaque mais negativo ficou para o reality show por ser bizarro no palco com elementos ridículos, e claro as cenas bobas e estranhas numa boate de strip-tease, na casa da jovem e claro todo o elo desse núcleo que até pareceu mal filmado com granulações cênicas, ou seja, seria melhor ter eliminado tudo dessa parte.

A trilha sonora do longa é bem bacana, e claro dá o ritmo para o filme, afinal sempre temos alguns elos para isso, e funciona bem, contando claro com diversas canções de Elle King, Keaton Simons e até mesmo do ator Diego Boneta, mas infelizmente não localizei nenhuma playlist completa para deixar o link, mas quem quiser o nome das canções pode conferir aqui.

Enfim, como disse é um filme que até tem bons atos e consegue agradar se fizermos uma boa limpa de momentos, mas que no conjunto completo é bagunçado demais e certamente muitos se sentirão até incomodados com a proposta geral, mas que até dá para passar um tempo conferindo, e assim sendo deixo a dica com muitas ressalvas, ou seja, só para quem realmente gosta do estilo e não se incomoda com bizarrices, mas que ainda assim ficou levemente acima de mediano. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


sexta-feira, 21 de maio de 2021

Mortal Kombat em Imax

Antes de mais nada vou falar como alguém que jogou os jogos de "Mortal Kombat" bem antes desse estilo novo cheio de histórias, mitologias e tudo mais, pois na minha época de SuperNintendo era algo que apenas tinha as lutas e as barrinhas subindo aonde você apertava duzentas e cinquenta mil combinações possíveis do controle para dar um poder sequer no seu adversário, e depois só vi algumas vezes alguns jogos mais imponentes nas casas de meus primos mas sem parar no modo história, vendo apenas alguns fatalities melhores e algumas conversinhas de começo de jogo, ou seja, não sei absolutamente nada sobre as origens dos personagens dos jogos, então não venham me crucificar pelo que vou falar agora: eu adorei o filme, e pronto. Dito isso, logo que foi falado que o produtor do longa era James Wan já tinha quase certeza de que viria algo com muita qualidade técnica, e claro muita violência, afinal ele não põe seu dinheiro para jogo se não for algo que acredite, então costumo falar que em Wan eu acredito, e ele não decepciona. Porém uma coisa que não sabia até semanas atrás era que seria entregue uma trilogia, e quando vi a declaração do roteirista fiquei levemente desapontado esperando que veria apenas um longa de introdução chato e sem muita desenvoltura, e com isso baixei bastante minhas expectativas para o que iria ver nessa semana, e isso foi muito bom, pois cheguei na sala e conferi algo bem intenso, com uma boa dose de violência, e principalmente que funciona bem tanto como uma apresentação de personagens, de mundos, de tudo, mas também entrega boas lutas bem coreografadas, fatalities interessantíssimos que vimos nos jogos, e principalmente uma boa dose cômica/irônica por parte de alguns personagens, que funcionam bastante. Ou seja, é daqueles filmes que tem o público muito bem determinado que é quem jogou e não liga para as novas origens ou estilos colocados, mas que torce por uma boa pancadaria, e que a história flua sozinha, o que acaba acontecendo aqui, e assim sendo é um tremendo filme bem divertido e interessante de conferir.

A sinopse nos conta que o lutador de MMA Cole Young, acostumado a apanhar por dinheiro, não faz ideia da herança que carrega – ou por que o Imperador da Exoterra, Shang Tsung, enviou seu melhor guerreiro, Sub-Zero, um criomancer de outro mundo, para exterminar Cole. Temendo pela segurança de sua família, Cole sai em busca de Sonya Blade por recomendação de Jax, um major das Forças Especiais que tem a mesma estranha marca de nascença na forma de dragão que Cole. Logo, ele se encontra no templo do Lorde Raiden, um Deus Ancião e protetor do reino da Terra, que acolhe aqueles que ostentam a marca. Lá, Cole treina com os experientes guerreiros Liu Kang, Kung Lao e o mercenário vigarista Kano, à medida que se prepara para enfrentar, ao lado dos maiores campeões da Terra, inimigos oriundos da Exoterra em uma arriscada batalha pelo universo. Contudo, será que ele treinará o bastante para desbloquear sua arcana — o imenso poder que existe dentro de sua alma – a tempo não só de salvar sua família, mas também de vencer a Exoterra de uma vez por todas?

O mais interessante é vermos um diretor estreante encarar logo de cara uma franquia de sucesso dos videogames, pois já vimos uma tentativa no passado de adaptar o jogo e não foi algo satisfatório, muito pelo contrário, e o que posso dizer de cara de Simon McQuoid é que ele não se sentiu acuado com o projeto, e certamente os produtores lhe investiram a responsabilidade por acreditar nele, e felizmente não decepcionou com o que fez, pois entregou o principal do estilo que são boas lutas, muita violência, e soube pegar o roteiro que lhe foi preparado e criar em cima dele, fazendo com que mesmo sendo algo pensado para uma trilogia, tivesse um bom começo/meio/fim, que até certamente poderia ter ido mais além, mas com uma intensidade bem colocada resultou em algo com estilo, e que quem não estiver esperando muito irá curtir. Claro que talvez nas mãos de um diretor mais experiente, ou quem sabe num sonho grandioso nas mãos do próprio produtor James Wan, veríamos algo mais intenso de conteúdo histórico, uma dramaticidade mais presente nos personagens, mas aí talvez não cairia tanto para o lado "jogável" da trama, pois volto a frisar que quem nunca jogou nem tente ver o filme, mas que certamente quem for fã dos jogos irá curtir bons momentos se não tiver esperando ver todas as origens já mostradas no game.

Sobre as atuações, diria que está bem longe de ser algo que possamos nos impressionar dramaticamente, pois mesmo nos atos mais dialogados todos os atores foram simples de estilos e acabaram não indo muito além. O jovem Lewis Tan foi quem mais necessitariam ter trabalhado, afinal sendo um personagem fora dos jogos, o seu Cole tinha todo o lance familiar para defender, e principalmente fica de cara que ele teria algo a ver com o personagem inicial Hanzo, que pelo estilo de luta no começo já víamos que seria o Scorpion tradicional mais para frente, ou seja, faltou para ele algo mais expressivo e dinâmico que fizesse seu personagem chamar atenção e ir além, mas nada que não possa melhorar numa continuação, pois o ator teve bons atos pelo menos, não atrapalhando tanto. Quem teve um ótimo ar expressivo foi Josh Lawson com seu Kano completamente irreverente, cheio de ótimas piadas e trejeitos, e até imagino as bobagens que colocaram na versão dublada, pois em inglês ficou extremamente divertindo, e o personagem embora tenha alguns defeitos exagerados chamou muita atenção e agrada até pelas quebras de momentos, o que é algo muito bom para a trama, e funcionou até para o desenrolar/fechamento de seu eixo. Jessica McNamee e Mehcad Brooks entregaram bem seus militares Sonya e Jax, com boas personalidades e exageros comuns, e o resultado geral até agrada, não sendo nada explosivo, mas nas lutas corporais fizeram bons momentos. Joe Taslin acabou forçando um pouco os trejeitos de seu Sub-Zero, ao ponto que não entendemos bem a rivalidade dos clãs no começo do filme (algo que poderia ter sido melhor desenvolvido), e o ator não foi muito além também, mas funciona nas lutas, tem bons momentos, e certamente vai aparecer mais, afinal é o protagonista do jogo sempre, e seu contraponto vivido por Hiroyuki Sanada, acabou colocando um Hanzo/Sorpion muito imponente e cheio de estilo, que chama a responsabilidade em seus atos, mas tem o mesmo problema do outro personagem, tendo um início rápido demais que não vai muito além. Ludi Lin e Max Huang deram bons tons para seus Liu Kang e Kung Lao, aliás seus personagens foram bem interessantes e mereciam um pouco mais de história de origem para que os atores chamassem ainda mais atenção, pois envolvem bem, e agradariam certamente com algo bem imponente para a trama. E fechando tudo ainda tivemos Chin Han com um Shang Tsung marcante, mas exagerado de trejeitos, e Tadanobu Asano sem ir muito além com seu Raiden, ao ponto que até vemos algo neles que podem ir além nas continuações, mas só serviram para mostrar sua sugação de almas e raios respectivamente. Agora quanto aos demais vilões, apenas apareceram e lutaram com Mileena, Nitaro, Reiko, Goru e Kabal, todos muito bem semelhantes aos jogos, então agradaram bastante nesse quesito, mas sem histórias ou personalidades para desenvolver.

Visualmente o longa teve uma ótima técnica, com ambientes perfeitos para as lutas, lembrando muito o que vimos nos jogos, com bons poderes, sangue pra todo lado, partes de corpos destroçados nos fatalities, e mostrando que a equipe de computação gráfica pesquisou bastante e não decepcionou em nada, aliás aqui voltamos para James Wan gastando muito dinheiro para que todas as representações agradassem e envolvessem em cada um dos ambientes, e o resultado tanto em cores, como em figurinos e caracterizações foram marcantes e bem simbólicos para tudo do começo ao fim.

Enfim, é um filme que agrada pelo bom conteúdo visual, pelas lutas interessantes, e principalmente por entregar os personagens conhecidos que os fãs do jogo tanto gostariam de ver bem representados, porém como falei muito nas atuações, faltou ter muito mais história de origem de cada um, meio que sendo jogados na trama e seja feliz do jeito que foi, e nem foi questão de correria, pois daria para inserir rápidos flashbacks ou dinâmicas para que tudo ficasse bem encaixado, e com mais 20 minutos resultaria em algo ainda melhor, pois volto a frisar que gostei muito do que vi, me fazendo voltar para meus 10-15 anos que jogava mais o jogo, e assim sendo quem curtir a ideia sem esperar muito irá gostar do resultado final, e recomendo ele dessa forma. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Achava que iria dar até uma nota maior pelo tanto que gostei do filme, mas ao ir escrevendo o texto vi que realmente precisaria de um pouco mais de história e de tudo mais para funcionar como cinema, e assim abaixei a nota dele, mas ainda assim vale a conferida.


quarta-feira, 19 de maio de 2021

VOD - O Mauritano (The Mauritanian)

Muitos me perguntam meu gênero favorito e sempre respondo que é o suspense, mas se tem um estilo que amo de paixão é ver um bom filme de julgamento, ou os prelúdios para um julgamento, daqueles que ficamos tensos com tudo o que os advogados de defesa e de acusação preparam, toda a história por trás do réu, como vai andando todo o processo, e quando há injustiças em um dos lados então, o desespero desse Coelho que vos digita vai para as alturas, e é exatamente isso o que ocorre no longa "O Mauritano", que entrou para locação nessa última semana nas plataformas de VOD e já friso com todas as letras para que todos assistam, pois é daqueles filmes que impressionam em tantas coisas que sinceramente estou com raiva dele não ter ganho todas as premiações possíveis, e o pior, nem ter sido indicado em muitos casos, ou seja, é daquelas tramas tão envolventes, tão bem feitas e com uma história real tão forte que só consigo acreditar que o filme não tenha aparecido mais nas premiações como um boicote americano em cima dos eventos do 11/9, pois não tem outra explicação plausível para isso. E dito isso, vejam e tirem suas conclusões, pois vale cada minuto da exibição.

O longa nos conta a história real da luta de Slahi pela liberdade depois de ser detido e preso sem provas concretas pelo governo dos EUA durante anos. Sozinho e com medo, Slahi encontra aliados na advogada de defesa Nancy Hollander e sua associada Teri Duncan que lutam contra o governo dos EUA em uma batalha por justiça que testa seu compromisso com a lei e seu cliente a cada passo. Sua polêmica defesa, junto com as evidências descobertas por um formidável promotor militar, o tenente-coronel Stuart Couch, revela verdades chocantes e, em última instância, prova que o espírito humano não pode ser preso.

Mesmo fazendo alguns longas de ficção imponentes, a maioria dos prêmios do diretor Kevin Macdonald são de documentários, e sendo assim ele é bem mais conhecido como documentarista do que como um diretor ficcional, e por esse mesmo motivo que um bom longa histórico caiu tão bem em suas mãos, pois usando de muito material de arquivo, pelo livro do próprio Slahi que foi feito usando suas cartas para as advogadas, e claro com ótimos roteiristas ficcionais para dar o tom de emoção característico de um bom drama para o longa, ao ponto que o resultado não ficou bom, mas sim ótimo, sendo daqueles que nos 129 minutos de duração sequer conseguimos pensar em outra forma de não se envolver com o que nos é mostrado, vemos toda a intensidade de cada momento, vemos toda a sensibilidade da mão do diretor pesando aonde era necessário e aliviando aonde era carismático, fazendo com que tudo fosse amplificado e muito bem envolvido. Ou seja, o diretor trabalhou com seu instinto de documentarista para pegar detalhes aonde poucos diretores se atreveriam atacar, embasando em impactos na mente de um prisioneiro, nas intenções emotivas das advogadas, e principalmente no semblante do promotor de acusação ao conhecer um pouco mais a fundo todo o caso, pois confesso que não mostraram, mas acredito que ambos vomitaram ao lerem ao mesmo tempo o que leram na cena de clímax/virada do filme, e assim sendo o resultado da direção e do roteiro foram tão precisos que volto a falar na decepção de não ver mais prêmios na estante do longa, pois é algo incrível, chocante e muito bem feito em todos os sentidos.

Sobre as atuações, felizmente o Globo de Ouro (apesar de todas as polêmicas que andam acontecendo nas últimas semanas sobre o prêmio) premiou o filme com a estatueta de melhor atriz coadjuvante para Jodie Foster, pois ela está realmente incrível com sua Nancy, trabalhando trejeitos precisos em cada um dos seus atos, chamando a responsabilidade para si, e principalmente dominando as nuances ao seu redor, tendo suas cenas sozinhas ainda mais precisas que tudo, mas acertando muito bem também nos diálogos imponentes que teve com cada personagem do filme. Mas o filme sem dúvida alguma é de Tahar Rahim, que falando em 4 idiomas (árabe, francês, inglês e alemão) e se doando completamente para todo tipo de tortura, para cenas expressivamente fortes e principalmente para cada nuance que seu Slahi precisou fazer num filme duríssimo, cheio de movimentações, de textos fortes, de conexões explosivas e tudo mais que fosse necessário, e o jovem foi lá e fez mais ainda, ou seja, perfeição foi pouco para seus atos, e certamente vamos ver seu nome aparecendo cada vez mais, pois é um tremendo ator. Benedict Cumberbatch também foi muito preciso com seu Stuart, e trabalhando sem exagerar de trejeitos como alguns personagens seus já pediram fez com que o ator tivesse um estilo mais interessante de ver na tela, e como é um tremendo ator se entregou e agradou muito em todas as cenas. Shailene Woodley como sempre é muito graciosa com seus personagens, e aqui sua Teri foi talvez aquele sol que o personagem enxergava inicialmente nas advogadas, com um olhar mais simpático do que a dura Nancy, mas seu ato lendo a confissão do protagonista acredito que eu pensaria da mesma forma e jogaria tudo para o ar como ela fez, e isso mostrou uma personalidade que a atriz não tinha passado ainda em nenhum papel seu, o que chamou a atenção e foi muito bem. Quanto aos demais cada um apareceu bem pouco, trabalhando uma dinâmica aqui, outra ali, mas nada extremamente explosivo, ao ponto que só daria um leve destaque para Zachary Levi com seu Neil pela cena numa festa familiar o amigo vir falar de serviço depois do cara passar por neve para chegar na festa, e sua atitude ali foi a que qualquer um faria, e o ator foi bem em todas suas atitudes como sempre faz.

Visualmente o longa teve uma tremenda intensidade, pois mostrou desde os momentos do passado do protagonista na Alemanha e na Mauritânia, trabalhou bem uma festa familiar típica do país, mas principalmente o foco ficou nos ambientes do governo e no escritório de advocacia aonde as protagonistas analisaram os diversos documentos censurados (afinal trechos importantes que o governo julgava omitir eram riscados dos documentos, em alguns trechos páginas inteiras pintadas de preto!!), e do outro lado da promotoria podendo ler tudo, tivemos muitos atos nas celas tradicionais do presídio  de Guantánamo, as saídas para o sol sem poder ver mais ninguém nos reservados, e principalmente as cenas fortíssimas de tortura para conseguir algum depoimento do réu, que são extremamente chocantes e intensas, ou seja, a equipe de arte foi de uma pesquisa tão incrível para retratar tudo que merecem muito serem lembradas, pois mostraram uma efetividade de muito impacto.

Enfim, é um tremendo filmaço que vale demais a conferida, que certamente vai impactar muita gente, e que consegue passar muito a mensagem que as advogadas tanto defenderam, de dar voz para a pessoa ter ao menos um julgamento, e não ser presa jogada numa cela sem saber o que está rolando, ou seja, incrível realmente, e que recomendo muito para todos. Ele faz parte da Amazon Prime do Reino Unido, então acredito que em breve deva cair na plataforma nacional, mas por enquanto o lançamento está em VOD para ser comprado/alugado nas diversas plataformas de locação como Youtube, Google e AppleTV, então fica a dica para quem gosta de um bom filme, pois vale o investimento. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


domingo, 16 de maio de 2021

Netflix - Eu Sou Todas As Meninas (I Am All Girls)

Confesso que depois de dois filmes bem ruins de Nollywood parei de conferir os filmes do país, e sim, coloquei um tremendo preconceito como barreira generalizando um a título de todos, mas após tantos elogios e algum convencimento de amigos que confio, resolvi dar o play no filme sul-africano da Netflix, "Eu Sou Todas As Meninas", e olha com uma pegada bem intensa, mortes bem violentas de forma vingativa, e uma investigação muito bem incorporada na trama, o longa que conta com uma produção grandiosa acabou chamando muita atenção e se faz valer nas quase duas horas de exibição, mantendo a tensão no nível máximo e uma interação bem precisa que faz com que o público torça pela protagonista e claro para que a assassina se vingue ao máximo de todos os que passaram pelo seu caminho. Só colocaria um adendo para que o filme ficasse perfeito, que nós descobríssemos a assassina junto com a policial, não muito antes como acaba ocorrendo, pois aí o filme ficaria ainda mais intenso, e certamente surpreenderia muito nos momentos finais, mas isso não é nada que atrapalhe, e o resultado geral acaba sendo bem interessante para todos que gostam do gênero, mostrando que posso talvez voltar a dar play em alguns longas do país que aparecem na plataforma de streaming.

A sinopse é bem simples e nos mostra que baseada em fatos reais, uma investigadora de crimes especiais forma um vínculo improvável com uma assassina em série para derrubar um sindicato global de tráfico sexual infantil.

É até engraçado ver o estilo do diretor Donovan Marsh, pois ele não quis segurar a tensão e ocultar tudo até o fim, de modo que tudo acaba ocorrendo bem antes do que o previsto, mas aparentemente essa era a intenção do diretor, e o resultado como ele acaba propondo é bem funcional, tem estilo, e entretém de certa forma, causando muita instigação por parte da equipe, mas com o público já sabendo todas as peças vai apenas olhando ao redor torcendo para não se descobrirem, ou melhor, tudo ocorrer dentro do planejado. Ou seja, o diretor brincou com o gênero, entregando uma pegada firme de filmes de assassinatos e vinganças clássicos americanos, e o resultado é um bom longa do gênero, com força visual e de história, que sendo baseado em fatos que aconteceram mostram que ainda temos muito o que ficar de olho no famoso tráfico de crianças e jovens, pois o mundo certamente ainda é muito ruim.

Sobre as atuações, Erica Wessels caiu bem no papel de Jodie, trabalhando uma policial imponente, de atitude, e que não leva desaforo para casa, conseguindo ser dinâmica e com bons trejeitos para cada um dos momentos, fazendo com que a desenvoltura de sua personagem fosse marcante, e isso é muito válido em um filme desse estilo. Da mesma forma Hlubi Mboya trouxe para sua Ntombi uma precisão única de estilo, sendo marcante em sua luta e imponente no estilo encontrado para suas vinganças, e o melhor é que seu nome completo é o que dá o título, afinal em zulu Ntombizonke significa "todas as garotas", ou seja se realmente a garota original que vivenciou tudo isso teve esse nome mesmo foi algo muito importante, e o acerto caiu como uma luva. Quanto dos homens policiais, assim como ocorre em diversos filmes do estilo, sempre desdenham das moças e tentam afastar elas dos processos, mas temos de sempre pontuar que toda mulher tem um sentido a mais, e assim sendo Mothusi Magano com seu Capitão George e Brendon Daniels com seu Investigador Arendse fizeram vários trejeitos de superioridade, envolveram-se em todos os rolos, mas sempre atrás das garotas falharam com suas ideias, e claro exagerando em olhares fortes que não vão muito além. Quanto dos "vilões" da trama, tivemos momentos bem intensos com Deon Lotz fazendo o ministro FJ Nolte que fazia as negociações de garotas com os sheiks em troca de petróleo, e claro também usava e abusava de algumas, e o ator embora não tenha muitas falas, fez bons trejeitos marcantes, e J.P. du Plessis trabalhou bem o militar Gert de Jager que levava as garotas para o ministro, e ficou marcado pelo seu depoimento na época do Apartheid. 

Visualmente o longa é bem intenso de situações, com a protagonista sempre chegando nos locais dos crimes meio que depois de tudo, e vendo claro todas as mortes bem marcantes, com as iniciais das garotas desaparecidas marcadas no peito, tendo ambientes sujos e impactantes, e claro as diversas gravações dos pedófilos escondidas sendo descobertas, ou seja, a equipe de arte soube conduzir bem os ambientes, encontrar lugares marcantes e fortes como o tráfico por containers, uma mansão/rancho com pista de pouso para os sheiks e claro um puteiro bem característico do país, ou seja, tudo bem funcional e com tons fortes para representar bem cada momento.

Enfim, é um tremendo filmaço do gênero que agrada com estilo, e que tendo boas conexões consegue prender o público do começo ao fim, mas que volto a falar que poderia ter demorado um pouco mais para descobrirmos quem era a assassina, que aí sim seria perfeito e mais incrível ainda. Vale muito por ser uma história real muito bem trabalhada e desenvolvida, então quem gosta do estilo pode dar o play tranquilamente que mesmo com leves defeitos do estilo acaba agradando a todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


Netflix - O Mistério da Casa Assombrada (Das Schaurige Haus) (The Scary House)

Lembro que teve uma época que tínhamos vários longas de terror para crianças/adolescentes lançados diretamente na TV, e que alguns davam leves sustos, outros apenas criavam uma certa tensão, e outros eram apenas histórias macabras, mas era bacana de ver, e hoje já nem tem mais tanto disso, mas eis que a Netflix nessa semana lançou o longa austríaco, "O Mistério da Casa Assombrada", que usando de artifícios bem casuais e clichês típicos do gênero consegue passar uma mensagem bacana de descoberta de um caso do passado através da incorporação de espíritos das crianças mortas, ou seja, até vai causar um certo desconforto em quem não curte o estilo, mas a trama é bem bobinha, contando com romance, amizade, aventura e claro um pouquinho de terror, não sendo nenhum filme memorável, mas que dá para curtir o que é mostrado na tela.

A sinopse nos conta que Hendrik tem dezesseis anos, é um garoto de uma cidade grande que fica irritado ao saber que sua mãe está se mudando com ele e seu irmão mais novo Eddi para um vilarejo no sul da Áustria. Para piorar as coisas, os moradores evitam a casa rústica da família, dizendo que tem a casa é assombrada desde que uma mãe envenenou seus dois filhos ali, muitas décadas atrás. Quando um Eddi sonâmbulo começa a entalhar símbolos estranhos nas paredes, Hendrik e seus amigos partem em uma missão para desvendar o segredo da casa assustadora.

Diria que o diretor Daniel Prochaska foi coerente no que desejava passar para seu filme, pois não vemos nada que fosse grandiosamente surpreendente, nem cenas daquelas que as crianças que conferirem o longa não conseguirão dormir, pois é sim um filme de terror misterioso, porém feito para os mais jovens, sem violência abusiva, nem transes gigantescos, mas que tendo um conteúdo levemente tenso e de mistério acaba instigando os mais jovens ao meio espírita, à busca de respostas de casos assombrados, ao ponto que talvez até poderia ir mais além, mas que funciona dentro da proposta simples, e que sendo baseado em um livro certamente se encaixa nos tempos bem quadradinhos, e acaba agradando com o entusiasmo dos jovens em estarem conectados ao passado pelos espíritos, tentando descobrir o que realmente aconteceu ali, e assim vamos no clima da turminha que consegue divertir e funcionar bem.

Sobre as atuações, posso dizer que os jovens atores até se entregaram bem para os papeis, não fazendo nada surpreendente, mas foram engajados nos seus devidos momentos para chamarem atenção, e Leon Orlandianyi até trouxe uma certa maturidade para seu Hendrik, mostrando aquele ar de adolescente já revoltado com família, mas disposto a tudo para se envolver nas confusões, e que de certa forma consegue transparecer bem tanto o lado infantil quanto o adulto em todos os atos, agradando no que faz. Marii Weichsler trabalhou sua Ida com nuances boas, mostrando a paixonite num segundo plano, e fazendo as cenas como tradutora de esloveno de uma maneira bem coerente para conversar com os espíritos, agradando sem ir muito além. O jovem Lars Bitterlich foi levemente exagerado com seu Fritz, parecendo querer chamar atenção em tudo, mas acredito que tenha sido do personagem, e com isso o garoto fez o que lhe foi pedido, chamando atenção até demais. Quanto aos demais, só forçaram a barra para Michael Pink com seu Röckl, que soou bobo demais no começo para no final ser alguém com uma imponência até exagerada, de modo que poderiam ter encontrado um meio termo para ele no papel, mas sobressaiu ao menos.

Visualmente o longa foi bem moldado com uma casa praticamente em ruínas por fora, mas até que razoável por dentro, tirando claro tudo em madeira e papeis de parede de cores fortes, que deram um tom meio pesado para o ambiente, mas funcionando dentro do que o filme precisava, e a família usou muitos abajures vermelhos desses de lava no quarto do mais jovem, dando uma iluminação meio que estranha demais, mas são gostos de alguns diretores, além disso tivemos uma casa da vizinha meio que sombria também, um cemitério lateral abandonado esquisito, várias casas bem simples, uma caverna, uma festa estranha, ou seja, tudo bem bizarro no melhor estilo desses filmes, o que mostra que o diretor estudou bem como remeter, e conseguiu passar a mensagem funcional para a trama, só não foi muito bem explicado o exagero de lesmas no filme, mas nada que atrapalhasse toda a bizarrice escolhida.

Enfim, é um filme que não vai de encontro com muitas explicações coerentes, mas pela simplicidade e pelo tom infantil acaba funcionando dentro do que foi proposto, agradando de certa forma, e sendo um pouco mais do que mediano, dando como um bom passatempo para os pequeninos que gostam de uma aventura um pouco mais tensa, e sendo assim fica o estilo de recomendação, pois para os demais pode ser que soe bobo e não agrade tanto. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.