Netflix - Ferry

Filmes de máfia/gangsters sempre tem uma pegada interessante e inteligente por trás de tudo, e alguns acabam até entregando bem antes toda a ideologia do que vai rolar, que é o caso aqui que dá para entender bem antes do protagonista ir para cima dos assaltantes de quem seria o mandante pelo que rola no início, porém o desenrolar da trama acaba sendo interessante, tem bons momentos, e principalmente vemos como os protagonistas se conheceram, afinal a trama aqui contada é um prelúdio da série "Operação Ecstasy", mas como não vi a série, e nem conhecia nada sobre Ferry Bouman, o resultado como filme funciona e entrega boas dinâmicas, um envolvimento gostoso entre o protagonista e a moça que conhece no camping, e até o estilo de vida de muitas pessoas na Holanda, que vivem em comunidades de camping, com chalés, trailers e tudo mais bem paramentado no interior, enquanto vemos algo completamente diferente na capital Amsterdã aonde as brigas de máfias de drogas dominam. Ou seja, é um filme biográfico, que tem uma pegada boa e bem trabalhada, que consegue ser funcional de estilo e de interações, mas que certamente poderia ter ido um pouco mais além, mas como já fui conferir sabendo que tinha uma série sobre o personagem, não iriam ir além, apenas parando no momento aonde a série começa.

A história começa em 2006 na cidade de Amsterdam. Ferry Bouman trabalha para o traficante Ralph Brink, um poderoso criminoso e mentor de Ferry. Um dia, a gangue é brutalmente assaltada e o filho de Ralph fica gravemente ferido. Quando todas as pistas apontam para um grupo de campistas em Brabant, Ferry é enviado para encontrar os perpetradores. Após anos de ausência, Ferry retorna ao seu amado Brabant, de onde ele havia fugido muitos anos antes. O difícil reencontro com sua família distante, o retorno à vida de campista que ele havia abandonado e o encontro com sua encantadora vizinha Danielle, tudo gradualmente rasteja sob a pele de Ferry. Sua jornada levará a resultados inesperados e colocará a lealdade de Ferry à prova.

Diria que a diretora Cecilia Verheyden foi precisa nos seus atos, sabendo segurar bem toda a dinâmica e violência que a trama pedia, e não entregou facilmente tudo o que iria acontecer para quem não conhecia a série, e isso é algo bem bom de ver, pois o ator foi se moldando com um estilo forte sem muita expressividade, foi crescendo até chegarmos nos pontos chaves bem colocados. Claro que o filme poderia ter uma desenvoltura melhor nos atos finais, parecendo ser meio que acelerado, assim como ocorreu com o começo que apenas mostrou a rápida cena do jovem em sua infância, mas contando com um miolo bem trabalhado vemos o potencial da diretora, e principalmente seu estilo e técnicas, não sendo daqueles filmes diretos, nem ficando maleável demais, contando com uma boa trama e assim agradando pelo que é mostrado.

Sobre as atuações, diria que Frank Lammers foi muito bem com o protagonismo entregue em seu Ferry, afinal já fez o papel por dois anos na série, e aqui ele trabalhou um lado ainda básico de apenas peão da máfia, não caindo para o lado chefão ainda, e seus ares foram daqueles que estão ainda canalizando as forças, ou seja, o ator soube dosar a intensidade e chamar atenção para o papel, não sendo nada grandioso, mas efetivo nas ações e trejeitos. Elise Schaap trabalhou bem sua Daniëlle, com ares bem sensuais, mas um estilo firme e interessante de se apaixonar, claro que com gostos meio estranhos, afinal o protagonista nem charme tinha para passar, mas a jovem encontrou bons trejeitos, passou um ar romantizado e agradou bem no que fez. Quanto aos demais, tivemos alguns momentos interessantes com Monic Hendrickz com sua Claudia, algumas imposições fortes de Huub Stapel com seu Brink, mas nada que fosse muito chamativo, focando realmente nos protagonistas e como chegaram no final para iniciar a série.

Visualmente o longa foi bem trabalhado, mostrando as moradias em campings bem recheada de detalhes, as casas dos assaltantes bem bagunçadas e bem preparadas, vários momentos na mansão do chefão mas sem detalhar muito, e alguns atos em boates e clubes, além claro do assalto numa pequena lanchonete maquiada aonde por trás funcionava o escritório do crime, ou seja, tudo bem simples porém moldado para funcionar bem, além de uma feira de atrações bem característica de cidades pequenas, mas com um bom envolvimento para os jovens se conhecerem melhor com toda a loucura da droga na cabeça.

Enfim, é um filme bacana que tem um bom envolvimento, mas que por ser algo travado não foi muito além, afinal daria pra ter trabalhado a juventude do protagonista de uma forma melhor, com algum outro ator, mostrando uma desenvoltura de época e tudo mais, pois ficou parecendo algo sem amplitude que não tentaram ir muito além, mas ainda assim vale a conferida tanto para quem viu quanto quem nem sabia da existência de uma série do tipo. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.