quinta-feira, 27 de maio de 2021

Netflix - Ghost Lab (ห้องปฏิบัติการผี)

Costumo dizer que quando um filme é classificado em determinado gênero ele precisa nos convencer daquilo até o final, incluindo a canção ou trilha dos créditos, pois já vi muito filme tenso começar os créditos tocando músicas tão felizes que acaba decepcionando (aliás já vi um terror certa vez que começou um funk ao acabar o longa - confesso que foi mais assustador que o filme, mas não lembro o nome!). E aqui com o lançamento de hoje da Netflix, o longa tailandês "Ghost Lab", temos exatamente esse erro, com uma entrega bem intensa de cenas bem arrepiantes, toda uma ideologia por trás das ideias dos protagonistas em buscar conhecer o outro lado da vida, toda uma loucura em cima de como conseguir isso, para no final tudo ficar maravilhosamente lindo e emocionante, com toda uma serenidade bonita e tudo mais, ou seja, eles estavam prontos para ganhar o campeonato quando resolveram que não poderiam entregar algo tão macabro e tomaram a goleada nos últimos minutos. Ou seja, não é um filme ruim de forma alguma, tanto que algumas cenas com os fantasmas/espíritos são bem macabras e assustadoras, e principalmente trabalharam muito com elementos físicos realistas (sem computação gráfica), mas certamente deveria acabar como um longa de terror realmente com o público quase enfartando, e não com uma felicidade linda e maravilhosa, mas talvez seja o estilo do país, afinal não lembro de nenhum outro terror tailandês que eu tenha assistido.

O longa nos mostra que dois médicos ficam obcecados em encontrar provas concretas do mundo sobrenatural depois de presenciarem uma assombração no hospital onde trabalham. A obsessão dos dois vai tão longe que eles acabam se colocando em perigo na tentativa de desvendar essas aparições.

A sacada que o diretor Paween Purijitpanya teve para seu longa foi bem boa e determinada, misturando conhecimentos científicos, apelações de personagens com ideias mirabolantes bem explicadas, e principalmente o uso de efeitos práticos sem precisar de muita computação nas cenas de sustos, o que acaba dando uma ênfase mais intensa e arrepia bem mais enquanto estamos vendo. Além disso soube não inventar muita coisa no roteiro e deixar o filme com um estilo comercial bem feito, pois certamente poderia ter ido para algo mais reflexivo ou então abstrato sobre o tema, afinal tem quem acredite em espíritos e tem quem ache que morreu acabou, então aqui o diretor mostrou que acredita e como funciona tudo, apelando até para o estilo de vingança e conversa entre pessoas com certas conexões emocionais, ou seja, pôs na mesa sua ideia, e deixou que os protagonistas viajassem completamente nela, brincando bastante e fazendo suas insinuações, ao ponto que tudo acaba tendo uma boa base reflexiva pelas formas que acabam pontuando tudo. Porém faltou para ele escolher um lado na finalização, algo que talvez causasse um pouco mais de dor, e assustasse realmente com muita intensidade, pois não dá para acreditar na romantização do final, e se o filme não fosse realmente bom no miolo acabaria azedando completamente o resultado, mas apenas fechou mal, e assim ainda vale a conferida.

Sobre as atuações, um grande feito da trama é a boa química entre os protagonistas Thanapob Leeratanakachorn com seu Wee mais sério e completamente centrado em sua loucura, ficando bem representado como um cientista louco nos momentos finais, e Paris Intarakomalyasut com seu Gla, que inicialmente tinha um ar mais sedutor, cheio de nuances, porém nos atos finais também se jogou para algo mais revoltoso e imponente, ou seja, ambos os atores tiveram grandes oscilações expressivas, e souberam conduzir bem seus trejeitos para os momentos exatos que o filme pedia isso, e o acerto coube bem na dinâmica, porém poderiam ter ido além talvez em alguns atos, mas se seguraram talvez por opção da direção. Dentre os demais não tivemos nenhum grande chamariz, pois todos apenas deram algumas conexões para a trama e saíram de cena, tendo um leve destaque para Nuttanicha Dungwattanawanich com sua Mai, mas talvez um ar mais explosivo e desesperador como ocorre no seu apartamento nas demais cenas faria dela alguém bem mais chamativo para a trama.

Visualmente o longa teve bons momentos mesmo parecendo meio que bagunçado, pois os protagonistas trabalham num hospital que praticamente não tem atendimentos, e vão depois para um prédio ainda mais abandonado que não parece ter ninguém, mas do nada em determinada cena surge uma enfermeira para assinar um documento nesse lugar abandonado que não parece fazer parte do hospital, ou seja, uma falha forte do roteiro, mas ao menos tiveram muitas cadeiras de roda para andarem sozinhas, caixas, arquivos, papeis e tudo mais, bons momentos num elevador (aliás o prédio tinha uns 50 andares pelo tanto que cai!), e claro algumas nuances boas no lado espiritual, porém forçaram um pouco a barra com os mortos, todos parecendo zumbis estranhos que poderiam ser melhor trabalhados na maquiagem, mas é algo a se pensar para melhorar num próximo filme.

Enfim, é um longa que tem bons méritos, funciona como um daqueles que dá bons sustos e arrepios (volto a frisar o uso de método prático sem muita ou nenhuma computação gráfica!), e que tem muitas falhas como todo filme do gênero, apenas errando demais com um fechamento bonito e emotivo demais para um filme de terror, mas não chega a estragar o resultado completo da trama, sendo um filme que dá para recomendar para quem gosta do estilo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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