Em seu primeiro longa-metragem, o diretor Chung-Hyun Lee adaptou brilhantemente o roteiro do mexicano Sergio Casci transformando uma ideologia simples em algo a mais dentro de uma proposta de conversas por um telefone que liga dois anos 1999 e 2019 na mesma casa, e que uma jovem contando para a outra os feitios e situações, vão mudando o passado e o futuro uma da outra até pontos que não tem mais volta, com conflitos envolvendo loucura, psicopatia, e claro violência e desespero, ao ponto que vemos um trabalho coerente por parte do diretor/roteirista, vemos uma dinâmica praticamente sem furos (algo que costuma acontecer muito nesse estilo de filme), e principalmente vemos bons efeitos de mudança na história criando ambientes, marcas de pele, manchas, padrões da casa e tudo mais conforme as reviravoltas das duas jovens vão acontecendo, num suspense angustiante e incrivelmente bem feito, mostrando que o diretor tem muito futuro pela frente.
Sobre as atuações, temos de pontuar toda a expressividade e determinação de Park Shin-Hye com sua Seo-Yeon, pois entregou dinâmicas fortes, fez trejeitos de espanto, de desespero, mas também de surpresa e emoção em alguns atos, fazendo com que sua personagem se encaixasse perfeitamente em cada momento, e que junto de mudanças de cabelo e até de formas de se portar resultasse em algo tão bem feito que não tem como reclamar de nada que fez, ou seja, perfeita. E da mesma forma Jong-seo Jun trabalhou sua Young-Sook com trejeitos imponentes, olhares psicóticos e nuances claras de uma serial killer mesmo, tendo dinâmicas fortes e interessantes de acompanhar ao ponto que em diversos momentos até ficamos com medo do que a jovem poderia fazer, e ela expressa isso com uma atuação precisa e muito certeira em todos os atos. Quanto aos demais, praticamente todos foram personagens de conexão, como o pai de Seo, o vendedor de morangos, a própria madrasta de Young, e claro que o destaque ficou para Sung-ryung Kim como a mãe de Seo, que nos atos finais mostrou muita imponência e desespero no melhor estilo de super-mãe, agradando bastante nos trejeitos e na desenvoltura. Agora tenho de pontuar um erro bem forte da trama, os policiais não mudaram absolutamente nada em 20 anos, sendo os mesmos atores ou alguém extremamente parecido, ou seja, poderiam ter melhorado nesse quesito, pois ficou falho demais, enquanto os demais ao menos mudanças no cabelo tiveram.
Visualmente o longa também foi muito bom, pois mostrou uma técnica da equipe de arte tão bem preparada para criar diversas mudanças na casa e nas personagens e em todos elementos cênicos (tirando claro o telefone) conforme iam tendo as reviravoltas que acabamos nos envolvendo tanto com cada símbolo da trama, com cada momento forte, vamos vendo a casa ficando mais moderna, mais destruída, cheia de geladeiras, com vários extintores, toda rabiscada, com marcas aparecendo e sumindo, com envelhecimentos e tudo mais, ou seja, a equipe de arte trabalhou muito para que tudo fosse o mais impactante possível, e funcionasse sem ficar esquisito, e o resultado foi preciso demais.
Enfim, é daqueles filmes que entramos completamente no clima, que tudo funciona bem demais, e que até dá para procurar falhas de datas e furos no roteiro (sim, confesso que voltei numa das cenas finais, mas depois entendi o que aconteceu!), pois tudo é tão mistura, tão virador de cabeça e da mente, que o resultado é um filme que com certeza irei recomendar, e mesmo tendo a certeza que muitos já até viram quando foi lançado, fica a dica para ver novamente, e torcer para que mais longas assim sejam lançados. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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