O diretor Alexandre Aja tem em seu currículo diversas produções de terror bem bizarras e intensas que sempre chamam atenção pelo desespero dos protagonistas, e aqui com o roteiro da estreante Christie LeBlanc vemos algo de certa forma bem simples pela dinâmica proposta, mas que acerta principalmente na coerência de cada um dos atos, desde o iniciar sem nada ser apresentado, ao ponto que vamos conhecendo tudo e até mesmo a personagem junto com ela mesmo, passando pelo miolo desesperador com as pesquisas e ligações aonde vamos descobrindo bem mais do projeto e de como tudo pode estar acontecendo, até chegarmos num final intenso com programações intensas e várias possibilidades que no desespero máximo acabamos fazendo e optando, ao ponto que o longa talvez não funcionasse sem as cenas de flashes, vídeos e histórias que a protagonista descobre através do M.I.L.O. (voz do computador que faz tudo o que a protagonista pede dentro da cápsula), mas que facilmente mostrou uma interação fortíssima por parte da protagonista em ficar o longa inteiro deitada e apenas se mexendo para tentar soltar alguns acessos de sangue e tudo que está preso nela (aliás foi tão realista as cenas finais com esses elementos que confesso que quase passei mal com o que é mostrado!). Ou seja, o diretor que já errou muito em seus longas de terror, talvez tenha encontrado uma boa maneira de aterrorizar com bons suspenses, pois aqui a tensão foi muito maior que seus últimos jacarés.
Sobre as atuações temos de falar só de Mélanie Laurent, pois a jovem atriz precisou se expressar e muito com um filme aonde somente ela aparece na tela, conversando com um computador e algumas pessoas por telefonema, ou seja, sua Liz é imponente, desesperada, cheia de trejeitos, e consegue fazer o principal que é nos conectar com ela e se desesperar junto com tudo o que a jovem acaba passando ali, ao ponto que conhecendo muitos não teriam a mesma paciência, sairiam jogando fios pra tudo quanto é lado (e tomando choque consequentemente!), ou já falaria pro computador matar logo de uma vez, e a personagem vai tentando se lembrar, se emocionando e trabalhando para nos convencer realmente de tudo ali, dando um show particularmente, mostrando interação e determinação de uma maneira bem trabalhada de agradar. Quanto aos demais vale bem a entonação e determinada das respostas dadas por M.I.L.O. aonde Mathieu Amalric dá boas nuances sendo direto, mas coerente, e Malik Zidi trabalhou bem nas cenas dos flashes com seu Leo, mas apenas sem falas e trabalhando apenas os atos soltos para que a protagonista fosse se lembrando de mais detalhes de tudo.
Visualmente o longa é daqueles que ficamos pensando o quão fácil foi produzir tudo, pois temos basicamente só um cenário que é a câmara com um computador na tela superior que traz imagens em hologramas e certamente foi 100% feito em CGI, e muitos fios e alguns movimentos de uma seringa bem maluca, e assim sendo somente algumas cenas dos flashbacks foram necessárias gravar em ambientes mais desenvolvidos, ou seja, coisa bem rápida que certamente nem onerou tanto o trabalho da equipe de arte, mas tudo é tão bem feito, o ambiente é bem fechado, as câmeras são dinâmicas porém bem reclusas, e assim toda a fobia só vai aumentando e o resultado final visual acaba funcionando demais para o conceito da trama.
Enfim, é um tremendo filmaço, com uma pegada bem sinistra quando a jovem descobre tudo no final, ou seja, com uma reviravolta insana de se pensar, e que certamente quem gosta do estilo irá curtir bastante cada momento, e aqueles que tem medo de serem enterrados vivos vão passar mal com suas fobias, ou seja, vale a conferida pois a dinâmica é boa, e a ideia é melhor ainda, só não sendo perfeito por pequenos detalhes que acabam amarrando demais em alguns atos, mas certamente mostrou que a França começou a sair bem dos dramas cômicos e vem com tudo para a ficção científica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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