Mesmo fazendo alguns longas de ficção imponentes, a maioria dos prêmios do diretor Kevin Macdonald são de documentários, e sendo assim ele é bem mais conhecido como documentarista do que como um diretor ficcional, e por esse mesmo motivo que um bom longa histórico caiu tão bem em suas mãos, pois usando de muito material de arquivo, pelo livro do próprio Slahi que foi feito usando suas cartas para as advogadas, e claro com ótimos roteiristas ficcionais para dar o tom de emoção característico de um bom drama para o longa, ao ponto que o resultado não ficou bom, mas sim ótimo, sendo daqueles que nos 129 minutos de duração sequer conseguimos pensar em outra forma de não se envolver com o que nos é mostrado, vemos toda a intensidade de cada momento, vemos toda a sensibilidade da mão do diretor pesando aonde era necessário e aliviando aonde era carismático, fazendo com que tudo fosse amplificado e muito bem envolvido. Ou seja, o diretor trabalhou com seu instinto de documentarista para pegar detalhes aonde poucos diretores se atreveriam atacar, embasando em impactos na mente de um prisioneiro, nas intenções emotivas das advogadas, e principalmente no semblante do promotor de acusação ao conhecer um pouco mais a fundo todo o caso, pois confesso que não mostraram, mas acredito que ambos vomitaram ao lerem ao mesmo tempo o que leram na cena de clímax/virada do filme, e assim sendo o resultado da direção e do roteiro foram tão precisos que volto a falar na decepção de não ver mais prêmios na estante do longa, pois é algo incrível, chocante e muito bem feito em todos os sentidos.
Sobre as atuações, felizmente o Globo de Ouro (apesar de todas as polêmicas que andam acontecendo nas últimas semanas sobre o prêmio) premiou o filme com a estatueta de melhor atriz coadjuvante para Jodie Foster, pois ela está realmente incrível com sua Nancy, trabalhando trejeitos precisos em cada um dos seus atos, chamando a responsabilidade para si, e principalmente dominando as nuances ao seu redor, tendo suas cenas sozinhas ainda mais precisas que tudo, mas acertando muito bem também nos diálogos imponentes que teve com cada personagem do filme. Mas o filme sem dúvida alguma é de Tahar Rahim, que falando em 4 idiomas (árabe, francês, inglês e alemão) e se doando completamente para todo tipo de tortura, para cenas expressivamente fortes e principalmente para cada nuance que seu Slahi precisou fazer num filme duríssimo, cheio de movimentações, de textos fortes, de conexões explosivas e tudo mais que fosse necessário, e o jovem foi lá e fez mais ainda, ou seja, perfeição foi pouco para seus atos, e certamente vamos ver seu nome aparecendo cada vez mais, pois é um tremendo ator. Benedict Cumberbatch também foi muito preciso com seu Stuart, e trabalhando sem exagerar de trejeitos como alguns personagens seus já pediram fez com que o ator tivesse um estilo mais interessante de ver na tela, e como é um tremendo ator se entregou e agradou muito em todas as cenas. Shailene Woodley como sempre é muito graciosa com seus personagens, e aqui sua Teri foi talvez aquele sol que o personagem enxergava inicialmente nas advogadas, com um olhar mais simpático do que a dura Nancy, mas seu ato lendo a confissão do protagonista acredito que eu pensaria da mesma forma e jogaria tudo para o ar como ela fez, e isso mostrou uma personalidade que a atriz não tinha passado ainda em nenhum papel seu, o que chamou a atenção e foi muito bem. Quanto aos demais cada um apareceu bem pouco, trabalhando uma dinâmica aqui, outra ali, mas nada extremamente explosivo, ao ponto que só daria um leve destaque para Zachary Levi com seu Neil pela cena numa festa familiar o amigo vir falar de serviço depois do cara passar por neve para chegar na festa, e sua atitude ali foi a que qualquer um faria, e o ator foi bem em todas suas atitudes como sempre faz.
Visualmente o longa teve uma tremenda intensidade, pois mostrou desde os momentos do passado do protagonista na Alemanha e na Mauritânia, trabalhou bem uma festa familiar típica do país, mas principalmente o foco ficou nos ambientes do governo e no escritório de advocacia aonde as protagonistas analisaram os diversos documentos censurados (afinal trechos importantes que o governo julgava omitir eram riscados dos documentos, em alguns trechos páginas inteiras pintadas de preto!!), e do outro lado da promotoria podendo ler tudo, tivemos muitos atos nas celas tradicionais do presídio de Guantánamo, as saídas para o sol sem poder ver mais ninguém nos reservados, e principalmente as cenas fortíssimas de tortura para conseguir algum depoimento do réu, que são extremamente chocantes e intensas, ou seja, a equipe de arte foi de uma pesquisa tão incrível para retratar tudo que merecem muito serem lembradas, pois mostraram uma efetividade de muito impacto.
Enfim, é um tremendo filmaço que vale demais a conferida, que certamente vai impactar muita gente, e que consegue passar muito a mensagem que as advogadas tanto defenderam, de dar voz para a pessoa ter ao menos um julgamento, e não ser presa jogada numa cela sem saber o que está rolando, ou seja, incrível realmente, e que recomendo muito para todos. Ele faz parte da Amazon Prime do Reino Unido, então acredito que em breve deva cair na plataforma nacional, mas por enquanto o lançamento está em VOD para ser comprado/alugado nas diversas plataformas de locação como Youtube, Google e AppleTV, então fica a dica para quem gosta de um bom filme, pois vale o investimento. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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