4x100 - Correndo Por Um Sonho

6/26/2021 06:35:00 PM |

Se não tivesse rolado toda essa confusão da pandemia, 2020 teria sido mais um daqueles anos olímpicos recheados de intensidade, aonde veríamos várias campanhas com atletas, assistiríamos as disputas mais imponentes possíveis, e claro saberíamos dos vários encontros entre atletas de diversas equipes como sempre rola, mas com o adiamento dos jogos para 2021 e com tudo o que rolou e ainda está rolando sabemos que esse ano será bem diferente com tudo lá em Tóquio. Dito isso, a ideia do filme "4x100 - Correndo Por Um Sonho" é maior do que apenas algo envolvendo o esporte, mas sim a batalha que muitos tem para conseguir algo, para manter seu sonho de ganhar uma medalha, de ser atleta por profissão e conseguir viver disso, além claro de sobreviver com os diversos percalços do caminho, os erros dentro de uma equipe, a falta de um apoio mesmo que seja apenas emocional no momento mais tenso da carreira, e por aí vai, que conseguiram mostrar de uma maneira gostosa e interessante, mesmo que para isso precisassem usar de muitos efeitos computacionais para representar as competições, e abstrair os elos estranhos com isso, e o resultado funciona, emociona e mostra o que já havia dito em outros longas nacionais envolvendo esportes, que esse é um gênero que agrada muito, pois todo mundo sonha e gosta de torcer por um personagem.

A sinopse nos conta que uma derrota na final Olímpica do revezamento 4×100 marca para sempre as vidas das atletas. Três anos depois, Maria Lúcia, a responsável pela eliminação, segue brilhando no atletismo e na mídia, enquanto Adriana que trabalhou duro na competição, vive frustrada de pequenas lutas de MMA. Em 2020 elas tem uma nova chance de reescrever essa história nas Olimpíadas de Tóquio. Será que essa dupla conseguirá deixar suas desavenças de lado pelo grupo, e provar que o atletismo feminino segue mais forte do que nunca?

O estilo do diretor Tomas Portella é bem interessante de ver, pois ele gosta de trabalhar as cenas com muita proximidade entre ator e público, ao ponto que acabamos vendo muito mais trejeitos, muito mais envolvimento, e além disso sempre vemos nos longas que escolhe uma imponência feminina bem alocada sem parecer forçada, pois dá para suas personagens um estilo centrado, a procura pelo bom desenvolvimento, e claro que com isso conseguimos ver o crescimento de cada personagem dentro do próprio filme. E aqui ele trabalhou com algo que certamente ainda não tinha utilizado tanto, que foi a computação gráfica, afinal nem tem como gravar com aquela quantidade imensa de público que aparece nas torcidas nem em qualquer evento comum quanto mais para uma gravação, além de todas as atrizes não serem corredoras, então foi preciso trabalho de dublês, e várias montagens finais para que o resultado ficasse mais homogêneo e não estranho, mas fez isso de letra, e o resultado funcionou com uma boa pegada de emoção, e parecendo até que as atrizes foram corredoras exímias de alto rendimento, além de conseguir delas boas emoções em cena, o que agrada bastante.

E já que comecei a falar das atrizes, eu diria que a maior surpresa desde quando vi o trailer numa propaganda sobre o filme foi o de ver Thalita Carauta como uma atriz dramática, pois sempre a vimos em comédias bem escrachadas, e aqui teve de se impor tanto como atleta de atletismo de performance quanto uma lutadora de MMA que apanha bastante com sua Adriana, ou seja, mudou completamente de ares, e acertou bem no papel, dando uma boa personalidade, encontrando trejeitos de força, de dor e até de tristeza nos atos mais fortes, o que mostra que a comediante vai talvez ficar de lado e alçar novos voos como atriz, pois é boa no que faz. Fernanda de Freitas também se entregou para sua Maria Lucia, trabalhou sentimentos de tristeza, deu boas dinâmicas com envolvimentos de brigas, daquelas que até sabemos o que cada um está sentindo mas não conversam, e mesmo não se impondo tanto chamou muita atenção para os seus atos finais, o que acabou agradando bem também. Priscila Steinman também teve momentos marcantes dentro da produção com sua Sofia, e acaba sendo o contraponto do apoio emocional que Malu não teve em sua primeira disputa, de forma que vemos um bom envolvimento e um certo gracejo de alguém novo começando no esporte profissional. Agora um que mudou muito o estilo de atuação e até nem tinha reconhecido quem era o treinador Victor foi Augusto Madeira, pois geralmente seus personagens são mais irreverentes, cheios de trejeitos e marcações, e aqui ele deu uma personalidade bem séria para seus momentos, foi dinâmico nas entrevistas, e emocionou com a determinação colocada, mostrando atitude, que é algo não muito comum de ver em seus personagens. Ainda completaram o time de corredoras Cintia Rosa com sua Jaciara que não deseja ter filhos e o marido fica impondo o sonho da medalha para isso acontecer, e Roberta Alonso com sua Rita mostrando toda a dureza de atletas que acabam caindo nos dopings para conseguir aumentar seus rendimentos, ou seja, ambas tiveram histórias secundárias na trama, mas foram muito bem no que fizeram, e para finalizar tivemos a sempre bem presente Zezé Mota como a médica da delegação, entregando carisma para as jovens.

Visualmente a trama tem cenas bem empolgantes de corridas, e claro muita preparação em ambientes locais de treinos, mostrando pistas esburacadas, treinos em campos de barro, vemos lutas em ringues bem marginalizados e jogados de canto, e claro todo o ambiente luxuoso dos estádios japoneses, além claro de muita computação para montar as torcidas nos estádios, mas foram coesos na maior parte não exagerando tanto, deixando que tudo rolasse mais nos bastidores e funcionando bem com isso, mas claro que muitos enxergarão apenas defeitos nesse quesito, mas o resultado final é bem entregue, mostrando que a equipe de arte ao menos pesquisou boas imagens para compor todo o fundo, dando nuances bacanas para tudo.

Enfim, é um bom filme, que traz boas dinâmicas e consegue envolver bastante dentro da proposta que escolheram para passar, mas que é uma ideia bem longe de ocorrer ver o Brasil na frente dessa categoria marcada por grandiosas atletas, porém fica aqui a valorização da mulher, do esporte feminino e claro de um filme nacional que vale a pena ser visto, então deixo aqui a minha recomendação para que todos confiram nos cinemas, pois é um bom exemplar de longa de superação. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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