Alice e Peter - Onde Nascem os Sonhos (Come Away)

6/12/2021 06:40:00 PM |

O que acontece quando misturam as ideias de dois clássicos malucos em um único filme? Se você sempre se perguntou isso, veio a roteirista de "Alice e Peter - Onde Nascem os Sonhos" e respondeu sua pergunta, pois temos uma mistura tão bem encaixada das ideias de "Alice no País das Maravilhas" com "Peter Pan" trabalhando as nuances que tanto conhecemos de ambos os clássicos como sendo sonhos, imaginações e devaneios de duas crianças, mas ao mesmo tempo também ficamos pensando na forma fantasiosa que pensaram de ser uma realidade deles, ou seja, é daqueles filmes que jogam com tantas ideias e abstrações que o resultado até agrada pelo estilo comovente passado, mas talvez um pouco mais realismo em alguns atos chamaria mais atenção, além claro de não precisar ir tanto com o politicamente correto para usar reflexões que não são tão convenientes. Ou seja, é um bom filme, que talvez nem seja muito lembrado daqui algum tempo, mas o resultado é envolvente e conseguimos conectar tudo dentro dos diversos floreios, o que acaba agradando de certa forma.

O longa nos conta que antes do País das Maravilhas e da viagem à Terra do Nunca, os irmãos Peter e Alice deixaram a imaginação correr solta durante um verão repleto de brincadeiras com espadas, chás da tarde e navios piratas. Quando uma tragédia toma conta da família e muda completamente a vida de seus pais, Jack e Rose, Peter e Alice embarcam numa aventura fantástica e entendem que crescer pode não ser o maior dos seus problemas.

Após muitos anos trabalhando para a Disney, escrevendo e dirigindo grandes clássicos de nossas infâncias, a diretora Brenda Chapman resolveu mudar completamente de ares e incorporar agora todo seu conhecimento fantasioso em uma obra com pessoas, mas usando ainda como base muitos sonhos, e ao pegar o roteiro maluco da estreante Marissa Kate Goodhill, conseguiu trabalhar toda a situação, posicionar o filme numa época clássica da tumultuada Londres, e que sabendo misturar bem sonhos, fantasias e delírios incorporou o luto junto das responsabilidades intensas e agradando bem em cada um dos momentos mais idílicos acabamos entrando completamente no clima da trama e fantasiando junto com as ideias das crianças e claro tudo o que acabaram passando. Ou seja, a diretora brincou bastante com sua trama, soube segurar bem nos momentos mais tensos, e claro viajou bastante em toda a ideia, ao ponto que ficamos pensando até onde chegariam com tudo, mas é bem bacana toda a ideia de vermos os personagens clássicos como pessoas ruins da sociedade e ir remetendo eles com o que conhecemos da história original, fazendo algo complexo e fantasioso.

Sobre as atuações tenho de pontuar a boa química entre os jovens Jordan Nash e Keira Chansa em suas aventuras, ao ponto que ambos trabalharam bem olhares, dinâmicas e criaram boas desenvolturas com seus Peter e Alice, tanto que ele já com sua experiência em vários filmes fluiu rapidamente, se jogando em todas as cenas puxou a jovem em seu primeiro longa para algo criativo e bem expressivo que acabam agradando bastante e claro refletindo bastante nas situações. David Oyelowo trabalhou seu Jack de uma forma mais fechada, ao ponto que descobrimos o seu passado através de momentos mais jogados, com pontuações fortes e duras que claro refletidas para a imaginação das crianças sai ainda mais forte, ou seja, poderia ter amenizado um pouco as expressões, mas foi bem. Angelina Jolie sempre entrega boas cenas, mas aqui sua Rose ficou tão abatida após a morte do filho que alguns ângulos acabaram ainda desvalorizando ainda mais a atriz, parecendo estar cadavérica de magra e com roupas grandes apenas para dar algum enchimento, ou seja, ficou estranhamente apagada demais sua personagem, o que não é usual de ver dela. Quanto aos demais, todos apareceram bem pouco, criando nuances cênicas para alguns personagens mais conhecidos, e outros que acabaram ficando diferentes, como é o caso de Clarke Peters com seu Chapeleiro (que vamos conhecer como sendo o avô das crianças), David Gyasi com seu CJ ou Capitão Gancho na fantasia, Anna Chancellor com sua Eleanor ou Dama de Copas, e por aí vai, sem grandes destaques, mas bem encaixados pelo menos.

Visualmente o longa teve um ar bem lúdico com momentos bem trabalhados e com ambientes marcantes, como a casa dos jovens bem rústica com a oficina de barcos em miniaturas do pai, o barco abandonado que se torna um barco pirata, toda a Londres suja, rústica e lotada de pessoas de muitas classes misturadas em luxuosos jogos e nuances tensas nos ambientes, vemos também ainda todo o mundo fantasioso na mente dos jovens com coisas voando, moedas sumindo, o famoso chá com os animais em contraponto com uma grandiosa e luxuosa casa de chá real, ao ponto que é mostrado que a equipe de arte teve de viajar também na ideia completa do roteiro para que tudo ficasse bem agraciado e gostoso de ver.

Enfim, é um filme bacana, com uma boa proposta, e que mesmo sendo completamente maluco trabalha bem o ar fantasioso versus o realista, e cria ambientes visuais e na nossa mente, o que agrada bastante, só acredito que talvez pudessem ter trabalhado melhor os personagens dos adultos, pois tudo acaba acontecendo em lances tão rápidos que muitos é capaz de nem pegarem todas as nuances, e assim sendo temos algumas quebras. Ou seja, até vale a conferida e agrada quem entrar de cabeça na viagem toda, mas muitos vão se cansar um pouco, então fica a dica maior para quem ama o lúdico. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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