Disney+ - Luca

6/19/2021 01:39:00 AM |

Sabe aqueles filmes que você embarca numa aventura tão icônica com os personagens que você até esquece todo o restante? Que daqui há alguns anos vai lembrar com certeza de algum detalhe só de citarem qualquer parte? E o filme que vai lhe proporcionar ambas as coisas hoje se chama "Luca", que estreou na plataforma da Disney Plus e mostra que a Pixar mais uma vez acerta em cheio na criatividade, nas texturas, e principalmente em uma história completamente nova, que numa loucura mais abstrata até podemos falar que é um prelúdio animado do filme ganhador do Oscar de 2018, "A Forma da Água", pelo formato dos monstros marinhos, por toda a simbiose de amizade que vemos com os personagens, mas que independente dessa ideia maluca que me surgiu na mente, é um filme que exalta o estilo italiano de vida, das pequenas vilas aonde as crianças brincam e convivem em competições malucas, do conhecer algo além do seu pequeno mundo, e tudo mais que funciona de bonito, além claro de trabalhar o mote do pré-conceito, de julgar alguém ou algo antes de conhecer a fundo, e que claro de uma maneira muito bem encaixada sem precisar pesar a mão, conseguem nos passar, emocionar, envolver e divertir. Ou seja, é o tradicional estilo Pixar de fazer animações que parecem infantis, mas que no fundo tem toda uma vasta camada de impacto, e que claramente agrada até mais os adultos do que as crianças, mas que certamente aqui vai divertir também os pequeninos, e sendo assim vale muito a conferida.

Situado em uma bela cidade litorânea na Riviera italiana, o longa conta uma história de amadurecimento de um jovem que vive um verão inesquecível repleto de sorvetes, massas e passeios intermináveis de scooter. Luca compartilha essas aventuras com seu novo melhor amigo, mas toda a diversão é ameaçada por um segredo profundamente bem guardado: eles são monstros marinhos de outro mundo, logo abaixo da superfície da água.

Uma coisa que sempre surpreende nas animações do estúdio é que eles sempre dão chance para novos diretores acertarem a mão e explodir depois com suas histórias, e aqui em sua estreia no posto mais alto depois de passar por diversas funções menores em outros grandes filmes do estúdio, o italiano Enrico Casarosa trouxe algo que certamente mostra não como um monstro marinho, mas que provavelmente tenha sido sua infância, conhecendo novos amigos nas férias de verão, arrumando conflitos com adolescentes mais velhos, e claro competindo para ganhar algo, e com toda essa memória afetiva o jovem soube transportar toda uma essência impecável para algo mais fantasioso e com isso envolver também o público com tudo, sendo sábio em encontrar momentos chaves, em colocar bons tons de cores, em cativar as descobertas da infância em mundos novos, objetos novos e com isso incorporar muitas técnicas boas que acabaram emocionando na medida certa, pois não ficou nem um filme que faz você lavar a sala de casa, nem uma animação exagerada desconexa de tudo, sendo daquelas que funcionam dentro da proposta, e que acabará sendo lembrada sempre que pensarmos em algo da trama, seja de uma animação italiana, dos monstros marinhos amigáveis, de competições de triátlon ou qualquer outra coisa, mas será lembrado, e só diria que não é mais perfeito por parecer levemente alongado, parecendo ter bem mais do que apenas 95 minutos, mas isso não é algo ruim, pois felizmente a trama não cansa.

Sobre os personagens o que tenho de falar é que é um mais carismático que o outro, e todos foram docemente apresentados e colocados para jogo em algo que faz com que o público se conecte demais com eles, ao ponto que Luca é ao mesmo tempo simples e multifacetado, cheio de situações novas para conhecer, para almejar vivenciar e com isso é transparecido pelos olhares que nem piscam, mas que está olhando para todos os lados possíveis, e o mais bacana de ver o filme legendado é que sabemos que Jacob Tremblay agora já um adolescente de 15 anos tem a mesma personalidade instigante do protagonista, e mesmo não sendo mais aquela voz infantil que tanto conhecíamos sentimos sua presença do começo ao fim. Alberto já é aquele garoto mais ousado, que sabe incorporar tudo ao seu favor e que claro ao ganhar um novo amigo passa a ter ciúmes dele também, e que vemos momentos de brilhantismo em sua garra cênica, que Jack Dylan Grazer soube dominar bem e trazer para si vários atos. A garotinha Giulia é uma bomba de ações, se jogando demais em tudo, pegando para fazer o que precisar para ajudar os jovens garotos, e claro se envolvendo bem com o protagonista num olhar de amizade que transparece todas as barreiras, dando nuances e clarezas com cada momento que agrada demais, e a voz de Emma Bernan foi bem marcante para o papel, não sendo daquelas conhecidas, mas tendo personalidade para fazer o papel ser seu. Ainda tivemos outros bons personagens como a mãe do garotinho bem vivida por Maya Rudolph, que traz todo o ar maternal de brigar e se impor, mas também torcer pelo sucesso do filho, tivemos o garotinho mimado que se acha e tem sua própria turma que Saverio Raimondo acabou dando nuances bem interessantes para seu Ercole, e muitos outros que apenas os personagens já chamam atenção como o pai gigante da garotinha que não tem um braço, o gatinho cheio de expressividade, e todos os diversos figurantes marcantes da vila.

Visualmente o longa é um luxo só, trabalhando bem a Riviera italiana, com um ar bem envolvente de época com suas vespas/scooters, todo um trabalho minucioso de figurinos para os jovens brincarem em pleno verão, e claro todas as nuances da vida marinha dos monstros com suas devidas interações de comunidade também como o pastoreio de peixes, as competições agrícolas das famílias, os parentes esquisitos e tudo mais, além de muitos objetos que o jovem Alberto coleciona de achados nos mares, cada um com sua finalidade envolvente e marcante. Além disso temos muitas cores vibrantes para dar o ar do verão realmente, muitas texturas e formatos gostosos de serem vistos pela boa modelagem dos personagens, com cada um tendo as devidas características físicas bem marcantes, e claro tudo muito bem pensado para não ser jogado na tela, ao ponto que muitos até verão diversas nuances tradicionais do estúdio, mas com uma cara praticamente toda repaginada que ainda não tínhamos visto eles trabalharem, ou seja, um acerto maravilhosamente visual e sensorial.

Enfim, é uma animação muito gostosa de ver, que agrada demais em tudo que é mostrado, que não ficou sendo apenas algo jogado pela Pixar para cumprir tabela no contrato de algo a mais para a Disney Plus, e que só não darei nota máxima por dois motivos, o primeiro já disse de parecer levemente alongado tendo apenas 95 minutos mas parecendo ter bem mais, e o segundo é praticamente um derivado desse primeiro, pois mesmo contando com muitas trilhas orquestradas para dar o ritmo de canções italianas com todo um clima de época, faltou algumas canções para que a animação tivesse um que a mais dos clássicos filmes, mas não é nada que atrapalhe, sendo apenas uma opinião pessoal, e assim sendo mais do que recomendo o longa para todos, pois é daqueles para reunir toda a família na sala e curtir demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...