Em Um Bairro De Nova York (In The Heights)

6/18/2021 01:23:00 AM |

Antes de qualquer coisa "Em Um Bairro De Nova York" é um filme 100% musical, então se você não gosta de ver as pessoas falando cantando nem passe pela porta do cinema, pois você irá reclamar demais, agora dito isso, eu sou muito suspeito para falar pois sou fã demais de longas musicais, mas o que foi entregue na tela é um dos mais perfeitos, envolventes e maravilhosos longas do estilo, daqueles que mesmo você não gostando de dançar, no meio do filme já está no ritmo das canções, já está balançando o pé e se emocionando com tudo o que ocorre. Ou seja, é realmente perfeito dentro do que o estilo pede, que não dá nem para imaginar como é a peça da Broadway, pois são tantos figurantes dançando e cantando que o volume cênico parece ainda maior, sendo tão bem interpretado, com tantas nuances que o resultado final é daqueles que você sai do cinema com o ritmo latino incorporado na mente, e claro cantando a música do pós-crédito que é a que fica gravada por último. Sendo assim recomendo demais o filme para quem gosta do estilo, pois é muita dança, muitas coreografias, tudo muito bem musicalizado com tudo sendo dito cantado em uma perfeita e surpreendente montagem com o final escolhido.

O longa centra-se em uma variedade de personagens que vivem no bairro de Washington Heights, na ponta norte de Manhattan. No centro do show está Usnavi, dono de uma bodega que cuida da velhinha cubana vizinha, anseia pela linda garota que trabalha no salão de beleza vizinho e sonha em ganhar na loteria e fugir para a costa de sua terra natal, a República Dominicana. Enquanto isso, Nina, uma amiga de infância de Usnavi, voltou ao bairro depois de seu primeiro ano na faculdade com notícias surpreendentes para seus pais, que gastaram suas economias para construir uma vida melhor para sua filha. No final das contas, Usnavi e os residentes do bairro irão aprender o que significa estar em casa.

O longa é baseado na peça da Broadway escrita por Quiara Alegria Hudes com as canções de Lin-Manuel Miranda, e aqui o diretor Jon M. Chu basicamente pegou a ideia completa e amplificou de maneira a tudo ficar ainda mais grandioso, com tantas nuances, tantos momentos bem encaixados de dança que não ficamos mais que um minuto sem entrar uma canção atrás da outra, tudo com muito ritmo latino, hip hop e bolero, ou seja, vemos em cena algo que o diretor não quis colocar uma nova história e trabalhar a música como segundo plano, mas sim colocar a música como alma dos personagens, aonde tudo é cantado com envolvimento, com emoção na pele, e que a cada ato ficamos ainda mais conectados com os personagens principais ao ponto de torcermos por eles e quase que vivermos suas vidas ali naquela periferia. Ou seja, é algo tão encantador, tão com sangue latino incorporado, que vemos um diretor que não é desse meio musical fazendo um filme tão preciso e encantador que não sai de nossa mente, ao ponto que quem amar o estilo musical certamente irá colocar o filme no topo da lista, pois diferente dos longas que temos músicas incorporadas em uma trama, aqui as falas são musicadas, então é algo que nem todos gostam, já que não é usual o falar cantando, mas vemos um ritmo tão bem colocado que não tem como não se envolver.

Sobre as atuações é até difícil falar da expressividade de cada um, pois todos os atores/cantores tiveram a dificuldade num nível máximo já que tinham de dançar muito e cantar mais ainda (claro que sabemos que a maioria grava as canções e depois apenas dubla durante as danças!), e assim o acerto foi muito preciso ao ponto de desejar aplaudir todos no final do longa. E claro que o protagonista Anthony Ramos deu um show de trejeitos com seu Usnavi (aliás a explicação do nome dele quase me matou de tanto rir) e com uma desenvoltura sem tamanho foi um mestre de cerimônias para incorporar todos, mas sem perder a magia no seu protagonismo, o que é algo dificílimo de acontecer, e o acerto foi preciso demais, agradando em tudo. A jovem Leslie Grace teve sua estreia no longa com sua Nina, e o carisma dela foi tão preciso, com uma voz deliciosa e uma leveza tão contagiante que não tem como não se emocionar com seu ato inicial, trabalhando tudo num eixo único além de ter uma ótima química com todos, ou seja, começou bem no cinema. Corey Hawkins foi uma grata surpresa com seu Benny, pois se formos olhar as carreiras é o que mais já fez filmes sem cantorias em papeis de soldados, e aqui se soltou completamente tanto com bons movimentos de dança, quanto na entonação de seus números musicais, agradando bastante e acertando em cheio com a protagonista. Melissa Barrera também trouxe bons momentos de dança com sua Vanessa, e encaixou alguns ares bem românticos no seu fechamento, envolvendo com bom traquejo e sintonia. Outra que foi muito bem em seu papel foi Olga Merediz com sua Abuela Claudia, que além de fazer o ambiente ser mais doce com todo o ar das vozinhas tradicionais, seus últimos momentos foram daqueles que quem não lavar o cinema não tem coração, sendo algo incrível de ver. Ainda tivemos muitos outros que foram muito bem fora do elenco principal, desde o pai de Nina vivido por Jimmy Smits, o jovem Gregory Diaz IV com o ágil Sonny, Daphne Rubin-Vega como a dona do salão Dani, e claro o criador das canções Lin-Manuel Miranda como um Piragüero (ou para nós brasileiros o vendedor de raspadinhas de gelo com caldas de vários sabores), que além de ter seu momento de cantoria no miolo ainda tem uma cena pós-crédito toda sua muito genial.

Como já disse não consigo ver o longa como algo que era encenado dentro de um teatro comum (apesar de que na Broadway nada é comum), pois toda a cenografia é imensa, as ruas estão lotadas de figurantes dançando, a piscina tem uma tonelada de figurantes coreografando com boias e jogando água para cima, o salão está abarrotado de jovens fazendo penteados e cantando, e até mesmo as cenas dentro dos apartamentos estão cheios com todos os protagonistas juntos, além de uma grande dança numa boate, e todos passando pela mercearia/bodega do protagonista no início, ou seja, tudo é muito amplo para caber dentro de um palco, e com muitas desenvolturas cheias de movimentos e cores ficamos até desorientados com a forma que o diretor nos entrega tudo, mostrando uma sintonia precisa de movimentos de câmeras que a fotografia junto da equipe de arte produziu ao máximo para envolver a todos, ou seja, é tudo riquíssimo, muito detalhado e imponente num nível máximo que até cada iluminação passa a ter uma precisão detalhada e perfeita.

Como é um longa 99% cantado não dá nem para colocar a trilha sonora aqui, afinal estaria o filme inteiro colocado, mas vemos tantos ritmos bem colocados, tantas dinâmicas envolventes, que tudo acaba sendo imenso e muito gostoso de curtir sonoramente, e até fiquei pensando como está a versão dublada da trama, pois tiveram de contratar cantores já que não dá para um filme musical ficar mal cantado (ou seja, tentarei conferir depois pra ver como ficou!).

Enfim, já falei tantas vezes a palavra perfeito aqui no texto que não tem como dar outra nota para o longa, pois me emocionei, dancei com meus pezinhos balançando, e me envolvi demais com tudo o que foi entregue na telona, valendo demais a recomendação para todos (frisando que gostem de musicais aonde os personagens falam cantando, pois tem aqueles que gostam apenas de musicais com músicas realmente!). E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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