Netflix - London Fields

6/02/2021 01:32:00 AM |

Filmes que envolvam sedução e livros de romances policiais sempre entregaram grandiosas nuances no cinema, e até gerou um nicho que foi muito usado no passado: o noir, aonde vários diretores se deleitaram, fizeram sucesso e criaram grandes obras que são clássicos até hoje estampados nas prateleiras dos colecionadores de filmes. E aqui em "London Fields", que entrou em cartaz na Netflix após diversos processos entre produtores e a atriz protagonista, temos bem a essência do estilo, temos toda a desenvoltura dos personagens ao ponto de vermos muita sedução, vários emaranhados de ideias dos personagens, e claro a clássica narração de um escritor que está montando o que vê em seu texto, e assim quem gosta do estilo até acaba se envolvendo e se deixando seduzir também pela protagonista, vai tentando moldar tudo para entender os fatos bem confusos e bagunçados da trama, porém o resultado funciona, e até tem uma nuance intrigante bem feita, mas que muitos irão se perder no miolo com toda certeza ficando sem entrar no clima que é necessário para toda a densidade passada pelo longa.

O longa nos situa na conflitiva Londres de 1999. Abençoada, ou amaldiçoada, com o raro dom sombrio da clarividência, a enigmática e diabolicamente bela tentadora Nicola Six é atormentada por premonições de morte. Convencida de que vai encontrar seu destino em seu 30º aniversário e que o assassino é um dos frequentadores do barulhento Black Cross Pub, Nicola começa a namorar três homens totalmente diferentes: o autor americano bloqueado e em estado terminal, Samson Young; o rude taxista e aspirante a campeão de dardos, Keith Talent, e, por último, o rico e refinado empresário Guy Clinch. Mas, à medida que Nicola se torna sem esforço o objeto de desejo dos três homens, cada vez mais seu destino chama. Um dos pretendentes de Nicola é um assassino. A questão é qual deles?

Diria que o maior problema do longa tenha sido os produtores escolherem um diretor de clipes estreante em longas para comandar um livro best-seller, pois o filme tinha um elenco bem sincronizado com seus personagens, uma trama bem envolvente e interessantíssima para envolver, mas Mathew Cullen praticamente quis brincar com o filme e não criou uma condução decente para nenhum momento, usando apenas da sensualidade da protagonista e de trejeitos fortes de alguns personagens, mas que ao abrir demais sua história acaba não indo para lugar algum. Ou seja, o livro de Martin Amis acabou sendo usado apenas como uma base para um filme levemente abstrato, aonde ninguém conseguiu segurar a essência por completo, porém felizmente conseguiram dar o tom noir clássico para o filme, de modo que até dá para entrar no clima, mas que certamente não chegamos a nenhuma grandiosa conclusão de quem é o que na história toda, além de alguns personagens nem chegarem a ser usados realmente com algum propósito, como é o caso de Cara Delevingne que é apenas a esposa de um dos protagonistas, mas aparece jogada de canto e nada mais.

Sobre as atuações é fato que Amber Heard se entregou completamente para o papel, aparecendo nua diversas vezes, em outras com roupas bem sensuais, e além disso mantendo sempre um tom de voz e trejeitos preparados para sua Nicola enfeitiçar e atiçar qualquer homem, ou seja, foi usada ao máximo na produção, e funciona para esse bem maior, mas certamente o diretor poderia ter trabalhado melhor todos esses momentos para não ser apenas algo de chamariz, e sim algo intenso dentro da história realmente. Jim Sturgess foi realmente alguém que fez muita diferença no longa com seu Keith, pois o jovem ator está totalmente insano no papel, fez trejeitos fortíssimos muito bem aproveitados em cena, e que aliando uma desenvoltura fora do comum conseguiu trabalhar seu personagem para ter as melhores dinâmicas, ao ponto que se o foco do filme ficasse mais nele o resultado seria impressionante. Theo James fez um Guy muito certinho, todo minucioso, e sabemos que o ator não é dessa forma, ao ponto que seus atos finais já revoltado com tudo o que aconteceu acabaram sendo muito melhores que tudo o que fez no filme inteiro, ou seja, faltou trabalhar um pouco mais, e sua mulher na trama vivida por Jaimie Alexander foi mero enfeite cênico. Billy Bob Thornton aparentemente é o protagonista da trama com seu Samson, e o ator até trabalhou bem seus trejeitos, suas virtudes dentro da escrita, e sendo até um bom narrador para a trama toda, mas faltou aquela explosão característica para chamar atenção realmente, e assim sendo não foi além como poderia. Quanto aos demais, Johnny Depp com um papel maluco conseguiu aparecer bem mais que muitos personagens, mas é quase um daqueles que nem sabemos o que está fazendo ali como agiota e jogador de dardos, ou seja, poderiam ter trabalhado o papel dele para um flerte maior já que na época das gravações ainda era casado realmente com a protagonista, e assim seus atos mesmo rápidos foram bem tórridos, mas ainda assim chamou mais atenção que Cara Delevingne e Jason Isaacs, que ainda devem estar se perguntando se precisam devolver o cachê ou não pelo nada que fizeram no filme.

Visualmente como todo filme que se remete ao estilo noir o resultado é bem intenso, com figurinos fortes, locações bagunçadas cheias de mistério, e claro muitas insinuações através de elementos cênicos bem incorporados, e aqui temos desde os dois apartamentos completamente opostos, mas bem incorporados na trama, no da jovem cheio de objetos sem uso aparente, mas que acabam sendo usados em momentos fortes, ja no andar debaixo metade do apartamento luxuoso ao máximo e a outra metade destruída, um bar bem bagunçado servindo apenas de encontros e jogos de dardos, e até um campeonato de dardos completamente falso de público mostrando a magia da TV e do cinema para o desgosto de um dos protagonistas, ou seja, um filme cheio de referências visuais fortes muito bem ousadas para cada momento, mas que no conjunto completo da obra não vai muito além.

Outro bom ponto do longa ficou a cargo da trilha musical escolhida para dar ritmo e envolver as cenas, o que fez com que o filme não ficasse ruim, pois certamente com outras composições mais lentas o longa seria insuportável, então fica a dica para conferir aqui no link as canções usadas.

Enfim, é daqueles longas de tremendo potencial, que envolve por diversos fatores, mas que é tão bagunçado na edição e na direção que se você não fizer um grandioso estudo em cima de cada momento você acaba o filme se perguntando o que realmente assistiu. Diria que vale pela nuance em si, e claro pela belíssima protagonista em suas cenas sensuais, mas que quem for conferir por qualquer outro motivo dificilmente irá se envolver como um filme do estilo faria realmente. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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