Sabe quando você vê aqueles casos que a pessoa mente tanto que não dá para acreditar em mais nada do que ela está falando? Que vê que tudo não passa de um belo embrulho com uma pedra dentro? Pois bem essa é uma das mensagens do novo longa da Netflix, "À Segunda Vista", que felizmente não é o caso do filme e sim do protagonista e sua mensagem, pois o longa é honesto no que se propõe, não sendo daqueles geniais sobre o tema, nem exagerando nas situações para funcionar, apenas contando uma história casual que alguém contaria num show de stand-up sobre sua vida, ou até mesmo algo real de algum romance aonde alguém interessante chega com uma leve mentirinha, e você cai tão bem nela que quando vê está apaixonado pela pessoa sem nem saber uma única verdade sobre ela. Ou seja, é um filme com uma mensagem contundente, que envolve de certa forma, só que costumo dizer que só os americanos dão risada dos shows de stand-up deles, pois a maioria chega a ser sofrível de piadas, daquelas que você fala aonde está a graça nisso, e com o longa acontece a mesma coisa, pois tem muitas situações tão bizarras que não dá para rir, mas que no final você acabou se divertindo com o que foi passado, e o resultado fica sendo um passatempo interessante pelo conjunto mensagem e boas dinâmicas.
A sinopse nos conta que depois de anos colocando sua carreira em primeiro lugar, a comediante de stand-up Andrea encontra um cara que parece perfeito: inteligente, legal, bem-sucedido e possivelmente bom demais para ser verdade.
Com o texto de estreia da própria protagonista Iliza Shlesinger, a diretora Kimmy Gatewood também fez sua estreia em um longa metragem de uma forma digamos correta de ser entregue, e é notável que é um trabalho digamos novo na vida de ambas, pois Iliza já fez muitas esquetes para os seus shows e Kimmy já dirigiu várias séries e curtas, mas um longa completo é algo que costumo dizer ser completamente diferente de tudo o que uma pessoa já fez, pois é necessário estruturar todo o tempo para não cansar o público, é necessário manter o interesse nos devidos atos, e principalmente tudo precisa fazer sentido por completo, senão acabamos vendo um filme cheio de esquetes e não é isso o que acaba convencendo, e aqui ao menos o trabalho de stand-up da protagonista ficou interessante, e funcionou com ela contando como foi esse desastre que foi um período de sua vida, apresentando bem todas as mentiras e jeitinhos que o protagonista se usou para vender algo, ou melhor alguém no caso dele, para ela, usando de diversas mentiras que só vão aumentando sendo mantidas de formas e jeitos diferentes. E dessa forma o longa felizmente não cansa, e até entretém bem, pois como é um texto digamos pessoal, vemos algo que comumente já vimos com conhecidos que caíram em golpes de pessoas mentirosas, vemos como uma pessoa "apaixonada" passa a não enxergar os defeitos do amado, e principalmente vemos que pessoas assim acabam brigando e até afastando os amigos que vão falar algo a respeito do(a) "golpista", ou seja, é uma trama que tem uma boa coerência de texto, e que embora falta aquele elo mais impactante para fazer rir realmente, o resultado não desaponta e mostra que ambas tem potencial para algo maior e melhor trabalhado que faça rir realmente (tirando claro a cena da casa da mãe e a do sequestro, que foram muito engraçadas).
Sobre as atuações diria que Iliza Shlesinger deu boas nuances para sua Andrea, fazendo trejeitos bem marcados, e principalmente dominando o estilo do stand-up, e claro fazendo uma ingenuidade de nível máximo para o papel, pois até a pessoa mais sonolenta veria que não tinha como o cara ser tudo o que falava que era, e a atriz conseguiu convencer o público com todos os atos seus sem forçar a barra, o que foi muito bom. Já Ryan Hansen acabou forçando um pouco com seu Dennis, trabalhando situações diretas e indiretas que não chamavam a atenção para si, o que é estranho de ver em um protagonista, mas ao menos manteve bem o ar de mentiroso clássico e conseguiu dominar suas cenas com estilo, o que é bom para o papel. Agora sem dúvida alguma a diversão do longa recaiu bem para Margaret Cho com sua Margot, que trabalhou o estilo do filme até forçando um pouco, mas agradando dentro do que o papel pedia, e isso fez valer também pelas ideias malucas da personagem em si. Quanto aos demais, todos apareceram bem pouco, não tendo grandes momentos para quase ninguém, mas ainda assim o destaque dos secundários ficou claro para Rebecca Rittenhouse com sua Serrena que entra como um personagem conflitivo para a protagonista, a de atriz que ela almeja ser, mas nada que fosse surpreendente de ver.
Visualmente a trama não teve nada muito explosivo para chamar atenção, sendo o palco de um pequeno bar aonde a protagonista se apresenta, algumas cenas em festas e bares, algumas audições e leituras de textos de filmes e séries num ambiente de poucas cadeiras, o apartamento da protagonista sem muitos detalhes, e a casa do protagonista, além de um jogo de golfe em um hotel, ou seja, tudo muito simples e sem grandes gastos, tendo a cena do sequestro com um pouco mais de trabalho cênico num depósito do bar, que nem podemos dizer que a equipe de arte teve um grande trabalho realmente para chamar atenção.
Enfim, é um filme bem feito, que serve de um bom passatempo, que dá para dar algumas risadas nas cenas que falei, e que talvez alguns se conectem mais, outros menos com tudo o que nos é mostrado na tela, mas que certamente poderia ser mais divertido e menos forçado com a questão exagerada do protagonista, pois ficou parecendo realmente que a jovem estava cega não vendo os abusos, e assim sendo recomendo a trama com essas ressalvas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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