A sinopse nos conta que Ada e Otto passaram a vida toda em uma bucólica cidade no interior, onde todos se conhecem. A rotina pacata do casal e de seus vizinhos ganha contornos de mistério com o sumiço repentino do carteiro. Apesar de estar melhorando da insônia graças ao chá de alface preparado por Ada, Otto ainda passa noites em claro lendo um intrigante livro de suspense. O velho ranzinza vê realidade e ficção se embaralharem ao revisitar lembranças e conversas para tentar descobrir o que aconteceu de fato.
Talvez tenha faltado ao diretor Zeca Ferreira um pouco de atitude nos cortes para que o seu primeiro filme tivesse uma fluidez melhor, pois ele desejou trabalhar tanto a solidão do protagonista que seus atos ficam sem nenhuma explosão real, e quando incorpora o ato do desaparecimento do carteiro, o mistério até entra para algo que dá um certo envolvimento, mas não atinge grandes ápices. Claro que talvez no livro de Vanessa Barbara em que o roteiro foi inspirado, essa desenvoltura misteriosa fique bem colocada estando em segundo plano, e com isso o público acabe criando as devidas expectativas para cada momento, mas aqui isso acaba ficando tão preso em algo que nem ficamos sabendo, que quando rola o longa já está no fim, e não dá mais tempo de criar o real envolvimento. Ou seja, é daqueles filmes que se olharmos a fundo dá para remover pelo menos uns 30 minutos facilmente, mas que se aproveitado de outra forma, dando mais nuances para o mistério e para os questionamentos do protagonista o filme poderia ter ido até além. Portanto é um longa que facilmente como média ou curta metragem seria genial e explosivo, mas como longa ficou cansativo.
Sobre as atuações, o filme basicamente é de Everaldo Pontes, que consegue segurar bem a tensão em cima de seu Otto, faz todas as nuances do ambiente e de suas dúvidas e indagações, trabalha o sentimento de solidão e claro ainda se põe a refletir nos devidos tempos para que cada momento seu representasse toda a situação, ou seja, o ator foi muito bem no que fez, e certamente poderia ter ido além. Marieta Severo é sempre perfeita no que faz, e aqui sua Ada tem vários atos subjetivos, mas com uma precisão tão bem envolvente que acabamos nos conectando à sua personagem, porém não diz muito aonde vai, e até suas atitudes acabam não sendo chamativas como poderia. Quanto aos demais é triste ver que quase nenhum ator foi usado para algo expressivo realmente, ao ponto que vemos João Pedro Zappa aparecendo um pouco mais com seu Nico prestando serviços para o protagonista, vemos Inês Peixoto tendo alguns atos suspeitos demais com sua Teresa que no final acabamos sabendo um pouco mais de seus mistérios, e claro a família japonesa que causou todo o problema da trama, e mereciam um pouco mais de destaque, mas nem mesmo os dois carteiros interpretados por Romeu Evaristo e Pedro Monteiro conseguiram ir muito além, e olha que tiveram oportunidade para isso.
Visualmente o longa também não tem muito envolvimento, sendo uma vila quase sem muitas movimentações, que mostra claro as diferenças da casa com e sem a protagonista, principalmente com vários elementos cênicos como a troca de uma lâmpada, o passar de uma roupa, e até mesmo os atos do mistério usaram elementos simples, como a lona da quermesse, todo o ato dos cachorros e por aí vai com momentos claros, mas sem grandes marcações que fizessem sentido para algo a mais no filme.
Enfim, é um filme bem mediano que talvez alguns enxerguem algo a mais, outros se conectem com algum envolvimento extra, e claro que aqueles que já leram ou o livro, ou até mesmo algo a mais da trama irão captar mais momentos, mas aqueles que forem como eu direto sem saber nada da trama é bem capaz que desanimem bem antes da metade. Sendo assim não posso recomendar ele, pois tem mais falhas do que coisas boas para agradar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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